Nomes que, dos 100 aos 50 anos, não devem ser esquecidos em 2019

Das artes à política, a Tribuna enumera lista que inclui centenários de Nelson Gonçalves, Jackson do Pandeiro, Nat King Cole, Eva Perón, entre outros


Por Mauro Morais Repórter

04/01/2019 às 07h00- Atualizada 04/01/2019 às 07h33

Doris Lessing, 22 de outubro (Foto Divulgação)

O ano mal começou e já fez centenário um célebre escritor. Autor de “O apanhador no campo de centeio”, o norte-americano J. D. Salinger completaria 100 anos no último dia 1º, nove anos após sua morte. A data resta em silêncio, como foi a vida do romancista, que em 1965, passados 14 anos do lançamento de seu título maior, decidiu-se pela vida reclusa no interior dos Estados Unidos. O momento, no entanto, retomou as especulações acerca da publicação de seus muitos inéditos, que sob sua orientação para a filha, Margaret Salinger, deveriam chegar ao leitor entre 2015 e 2020. A literatura internacional também celebra o centenário da iraniana radicada em Londres, Doris Lessing, prolífica escritora de novelas, contos e romances, premiada com o Nobel em 2007, cujo aniversário seria em 22 de outubro, não fosse sua morte em 2013. Em 2 de novembro, por sua vez, completaria um século de vida Jorge de Sena, poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário. Português naturalizado brasileiro, o autor do romance autobiográfico “Sinais de fogo” correspondeu-se longamente com o juiz-forano Murilo Mendes. Quatro dias depois do centenário de Sena, em 6 de novembro, sua conterrânea Sophia de Mello Breyner Andresen, poetisa portuguesa, também chegaria aos 100 anos. A seleção “Coral e outros poemas”, publicada em 2018, retomou o prestígio de Sophia no Brasil, onde a autora será comemorada em evento no Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, de 2 a 5 de setembro desse ano. O colóquio “Sena & Sophia: Centenários” reunirá pesquisadores brasileiros e portugueses em debates, recitais de poemas, exibição de filmes, concurso de ensaios e lançamento de livros.

Em fevereiro, duas atrizes de sucesso nas décadas de 1940, 1950 e 1960 completariam um século de história. No dia 3, é a vez de Mara Rúbia, vedete paraense, e, no dia 11, é a dia de Eva Gabor, húngara radicada norte-americana e estrela que interpretou Liane d’Exelmans no musical “Gigi”, de 1958. O cinema brasileiro comemora, em 12 de julho, outro centenário, de Geny Prado, atriz que foi uma das principais parceiras de Mazzaropi em seus filmes. Com mais de oito décadas de carreira, Eva Todor, com passagens pelo cinema, teatro e TV, também contabilizaria 100 anos no dia 9 de novembro. A atriz, morta em 2017, fez seu último trabalho em 2012, na novela “Salve Jorge”, interpretando Dália. Voz do Scooby Doo, do Alf de “Alf, o teimoso”, do marinheiro Popeye, do Vingador de “Caverna do dragão” e intérprete do inesquecível Seu Peru, de “Escolinha do Professor Raimundo”, Orlando Drummond sopra velinhas em 18 de outubro, em ótima forma. Casado há 68 anos com Glória, Drummond tem dois filhos, cinco netos e dois bisnetos. Longe das telas desde 2013, quando saiu do “Zorra total”, o artista mantém seu legado nos personagens que criou e também no trabalho de três netos, que seguiram a carreira de dubladores.

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Sérgio Bernardes, 9 de abril (Foto Divulgação)

A voz marcante de Nelson Gonçalves também será bastante lembrada em 2019, quando o cantor romântico completaria um século de vida, em 21 de junho. Reverenciado na passarela da Avenida Intendente Magalhães pela escola de samba carioca da Série C União de Maricá, que canta o enredo “Nelson Gonçalves – O autorretrato do rei do rádio”, Nelson também é resgatado pelo musical “Nelson Gonçalves – O amor e o tempo”, que entra em cartaz na capital fluminense. Sucesso também nas décadas de 1940 e 1950, a cantora e atriz Linda Batista completaria 100 anos em 14 de junho. Já o jazzista norte-americano Nat King Cole se tornaria centenário no dia 17 de março, assim como o cantor e compositor de samba e forró Jackson do Pandeiro, que faria aniversário em 31 de agosto.

Na arquitetura, o autor do projeto do Pavilhão de São Cristóvão e do Centro de Convenções Ulysses Guimarães e do Mastro da Praça dos Três Poderes, ambos em Brasília, Sérgio Bernardes completaria um século de história em 9 de abril. Absolutamente contemporâneo, Bernardes se faz presente nos frescos e inventivos projetos do escritório que leva seu nome e tem seu filho, Cláudio Bernardes, como mentor. Na política, por sua vez, uma grande comoção já começa a se formar ao redor do centenário da atriz e primeira-dama argentina Eva Perón, a Evita, cujo aniversário é celebrado em 7 de maio, mas as comemorações irrompem o ano na capital do país vizinho.

Noventões, oitentões e setentões

O recém-chegado 2019 também servirá como recordação da temida Crise de 29, cujo início se deu com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York que desembocou na grande depressão econômica mundial. Nesse ano, nasceram outros importantes e marcantes noventões, como o ativista Martin Luther King Jr., premiado com o Nobel da Paz em 1964; o comediante Roberto Gómez Bolaños, autor do inesquecível Chaves; a alemã Anne Frank, símbolo das crueldades do Holocausto; a premiada atriz Fernanda Montenegro, além do líder palestino Yasser Arafat, a política filipina dos mil sapatos Ilmeda Marcos e o jornalista Audálio Dantas, que descobriu o talento da escritora Carolina Maria de Jesus e registrou a vida do colega Vladimir Herzog, vítima da ditadura militar. Completando oito décadas estão o início da Segunda Guerra Mundial, o ator e militante Antônio Pitanga e a cantora e atriz Tina Turner. Aos 70, chegam o prêmio Nobel de literatura de William Faulkner, autor de “O som e a fúria”, o ex-presidente Collor, a apresentadora Glória Maria, a cantora Simone e o chefe do narcotráfico colombiano Pablo Escobar, morto em 1993.

Nat King Cole, 17 de março (Foto Divulgação)

Sessentões e cinquentões

Há 60 anos, o mundo assistia á Revolução Cubana e também ao lançamento do aclamado “Hiroshima, mon amour”, filme de Alain Resnais, com Emmanuelle Riva e Eiji Okada. Também via o nascimento dos agora sessentões cantores Paulo Miklos, Lenine, Morrissey e Sérgio Britto. A cantora Gretchen também chega à casa dos 60 em 2019, assim como o diretor francês Luc Besson, os atores Paulo Gorgulho e Kevin Spacey, a atriz Maria Padilha, o jornalista Ernesto Paglia e os apresentadores Otávio Mesquita e Marcelo Tas. Aos 50 anos, como a chegada do homem à lua e o Festival de Woodstock, chegam os cantores Marilyn Manson e Max Cavalera, o baterista Dave Grohl, o DJ Tiesto, a fadista Dulce Pontes, as cantoras Jennifer Lopez e Gwen Stefani, o produtor Rick Bonadio, as jornalistas Monalisa Perrone e Mariana Godoy, o rapper Jay-Z, as atrizes Cate Blanchett, Catherine Zeta-Jones, Drica Moraes e Adriana Esteves. Também se tornam cinquentões os atores Gerard Butler, Matheus Nachtergaele, Marcos Pasquim e Dan Stulbach. Haja velinha para tanto parabéns!

ALGUNS CENTENÁRIOS

1º de janeiro  J. D. Salinger. Escritor, autor de, entre outros, “O apanhador no campo de centeio”
17 de março – Nat King Cole. Cantor e pianista de jazz, intérprete de, entre outras, “Unforgettable”
9 de abril  Sérgio Bernardes. Arquiteto, autor do projeto do Pavilhão de São Cristóvão (RJ)
7 de maio  Eva Perón (Evita). Atriz e primeira-dama da Argentina
14 de junho  Linda Batista. Cantora da Era do Ouro da Rádio
21 de junho  Nelson Gonçalves. Cantor e compositor, autor do sucesso “A volta do boêmio”
31 de agosto  Jackson do Pandeiro. Cantor e compositor, intérprete da conhecida “Sebastiana”
18 de outubro  Orlando Drummond. Ator e dublador brasileiro, intérprete do Seu Peru, da Escolinha do Professor Raimundo
22 de outubro  Doris Lessing. Escritora premiada com o Nobel em 2007
6 de novembro – Sophia de Mello Breyner Andresen. Poetisa portuguesa
9 de novembro  Eva Todor. Atriz, a Kiki Blanche de “Locomotivas” (1977)

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