‘Venom’ tem pré-estreia nesta quarta-feira (3)
Filme chega aos cinemas marcado por críticas que, em sua maioria, detonam o longa com o vilão/anti-herói da Marvel
“Venom”, produção da Sony baseada em um personagem da Marvel Comics, chega aos cinemas em estreia nesta quarta-feira (3) enfrentando desafios inúmeros, entre eles: despertar a atenção para um público que, se não for ligado aos quadrinhos, dificilmente conhecerá o personagem; não repetir os erros de “Esquadrão Suicida”, primeiro longa da atual leva a ser estrelado por vilões; mostrar um Venom mais interessante que o mostrado em “Homem-Aranha 3”; fazer uma história que não esteja ligada ao MCU (Universo Cinematográfico Marvel), mas que tenha ligação com “Homem-Aranha: De volta ao lar”; sustentar uma história com o vilão do Homem-Aranha sem mostrar o Cabeça de Teia; e tentar provar que, sim, vale a pena gastar dinheiro com um filme que quase ninguém pedia. Não é pouca coisa, certo?
Ah, mas tem mais: não ser tão ruim quanto os três “Quarteto Fantástico” da Fox.
Pois parece que a Sony, detentora dos direitos do Homem-Aranha e demais personagens de seu universo para o cinema, fracassou mais uma vez, repetindo os equívocos dos dois longas do Aranha dirigidos por Marc Webb e do encerramento da trilogia de Sam Raimi. Após a primeira exibição para jornalistas na última segunda-feira, a crítica não pôde ainda liberar suas resenhas por conta dos embargos do estúdio, mas as impressões preliminares que pipocaram nas redes sociais são prenúncio de uma bomba a chegar à tela grande.
Só alguns exemplos: “Vários momentos de ‘Venom’ não funcionam nem um pouco, mas há algum charme na relação entre Eddie e Venom. Não sei se era a intenção, mas engraçado é engraçado — mesmo quando é ridículo, não é? Uma pena não terem feito um filme para maiores” (Perri Nemiroff, do Collider); “Sinto muito, porém ‘Venom’ é um fracasso total. Uma bagunça sem tom que parece resgatada de 15 anos atrás, ignorando as ondas de histórias de heróis que dominaram os últimos anos. Apesar de alguns momentos divertidos com Venom, não há nada para oferecer. Não espere muito” (Tom Horrorgensen, do IGN); “‘Venom’ é o Quarteto Fantástico de 2018. Todos, exceto Hardy, estão atuando sem se importar.” (Tread Talk).
Fugindo dos quadrinhos
Desanimador, não? Mas o sentimento de que “vai dar errado” já vem há anos. Afinal, a Sony vem errando com o Teioso desde “Homem-Aranha 3”, e há alguns anos sempre rolavam boatos de filmes derivados do Aranhaverso — além de Venom, produções estreladas pelo Sexteto Sinistro, Gata Negra e Silver Sable e o vampiro Morbius — este já confirmado, com Jared Leto como protagonista e Daniel Espinosa na direção. E aí ficava aquela dúvida? Será que o público vai se interessar por personagens pouco conhecidos, ainda mais com o estúdio errando tanto? E a parceria que levou Peter Parker para o MCU deu tão certo, por que não deixar tudo nas mãos de Marvel e integrar todo o universo.
Enfim, a Sony tinha seus planos, queria ganhar o grosso do dinheiro sozinha, e resolveu que iria fazer o filme do Venom de qualquer jeito. Mas aí começam os problemas, afinal o Homem-Aranha não aparece na história, e como explicar a origem do vilão/anti-herói?
Para quem não conhece, Venom surgiu em meados dos anos 80 mesmo sem ninguém saber que ele existia. Sua primeira aparição foi na minissérie “Guerras secretas”, sendo apresentado como um uniforme alternativo (o famoso uniforme negro) para o Homem-Aranha, que tinha capacidade de regeneração e ampliava suas habilidades. Ao voltar para a Terra, Peter Parker percebeu que o uniforme o deixava mais agressivo e cansado que o normal. Ao procurar Reed Richards, do Quarteto Fantástico, ele descobre que o uniforme era, na verdade, um simbionte que se alimentava de sua adrenalina. Foi um trabalho do cão conseguir se livrar o do simbionte, mas Peter Parker conseguiu alcançar o intento.
A responsabilidade de retornar com o simbionte, agora chamado de Venom, ficou por conta do roteirista David Micheline e do então promissor desenhista Todd McFarlane. O simbionte encontrou um hospedeiro ideal em Eddie Brock, um repórter demitido do “Clarim Diário” após Peter Parker mostrar que ele inventou toda uma reportagem sobre o Devorador de Pecados. O ódio dos dois foi como juntar a fome com a vontade de comer, e logo o Venom passou a ser um dos maiores e mais perigosos vilões do Aranha, sendo mais rápido e forte que ele, além de uma ferocidade e desejo de vingança infinitos — sem contar que o “sentido de Aranha” do herói não funciona com o Vilão.
Venom foi derrotado pelo herói diversas vezes, e depois disso passou por vários hospedeiros (Flash Thompson, Motoqueiro Fantasma e o Hulk Vermelho entre eles), se transformou em anti-herói, agente dos Thunderbolts, gerou outros vilões como a She-Venom e o Carnificina e virou uma sombra do que um dia já foi.
Como dá para perceber, nada justificaria, hoje, um filme do Venom, pelo menos se levarmos em consideração que nem de longe sua origem nas HQs poderia ser aproveitada, uma vez que o Homem-Aranha do cinema é um adolescente de 16 envolvido com os Vingadores. A solução foi criar uma origem totalmente diferente, já tendo como personagem principal Eddie Brock, interpretado — pelo menos isso — por um ator que, se pensarmos no currículo,seria o nome ideal: Tom Hardy.
Brigando para ver quem manda
A Sony não divulgou muitos detalhes sobre a trama, mas o que sabemos é que a ação passou de Nova York para a Costa Oeste americana, mais exatamente São Francisco. Assim como nas HQs, Eddie Brock é um jornalista em busca de uma investigação que renda “aquela” matéria, uma vez que ele precisa reerguer sua carreira. A oportunidade vem com a descoberta de que uma empresa de tecnologia, a Fundação Vida, teria encarregado um cientista de realizar experiências ilegais com cobaias humanas. Ao se meter demais onde não é chamado, ele acaba entrando em contato com um simbionte alienígena, e logo os dois se tornam o Venom.
Pouca coisa se sabe a partir daí, apesar dos boatos da aparição do Carnificina (que poderia ser o papel de Woody Harrelson no longa) e outras figuras do Aranhaverso, como a She-Venom (que é a esposa dele — no filme interpretada por Michelle Williams — possuída pela mesma criatura) ou algum ou todos os integrantes da Fundação Vida. O que se imagina pelos trailers e entrevistas de Tom Hardy e responsáveis pelo longa é que Venom e Eddie Brock terão uma briga feia para saber quem ficará no comando, com o alienígena louco para ser mal feito pica-pau e o jornalista apenas querendo se vingar de seus algozes.
Venom
Pré-estreia: UCI 2 (3D/dub): meia-noite (qua). UCI 3 (3D/leg): meia-noite (qua).
Classificação: 14 anos