‘Shazam!’: o encanto do super-herói da DC Comics

Da imensa galeria de personagens pertencentes à DC Comics, provavelmente não existe outro que represente melhor o sonho infantil de se tornar um super-herói que Shazam. Criado há 80 anos por Bill Parker e C.C. Beck para a Fawcett Comics, o alter ego do órfão Billy Batson tem uma tortuosa trajetória nos quadrinhos. Cópia descarada do Superman, foi alvo de diversos processos, entre eles um de plágio movido pela futura DC Comics, que posteriormente ficou com os direitos de sua publicação, e teve que mudar de nome (ele fora batizado como Capitão Marvel) por conta da concorrência com a… Marvel Comics – que também tinha seu Capitão Marvel.

Independente da editora ou do nome com que seja apresentado, o fato é que o herói sempre foi sinônimo de leveza mesmo quando os quadrinhos ficaram mais soturnos. O que torna “Shazam!”, com sessões de pré-estreia nesta quarta-feira (3), um lançamento mais que oportuno num momento em que a Warner Bros. deixou de lado o “sombrio e realista” de “O Homem de Aço”, “Batman vs. Superman” e “Liga da Justiça” para apostar em produções mais leves e não necessariamente preocupadas com um universo unificado – “Aquaman”, com bilheteria superior a U$ 1 bilhão, mostrou que o estúdio pode ter encontrado o caminho para fazer os heróis da DC Comics brigarem de igual para igual com os “rivais” da Marvel.

Assim como os trailers, as críticas até o momento têm colocado “Shazam!” como uma aventura típica da “Sessão da tarde”, com um espírito que remete às comédias adolescentes dos anos 80 como “Quero ser grande”, um dos primeiros grandes filmes de Tom Hanks. Basicamente, é uma história com todas aquelas descobertas e deslumbramentos da complicada fase em que deixamos de ser meninos e meninas mas ainda não nos tornamos adultos. Em que achamos que temos todas as respostas mesmo sem conhecer as perguntas, sem manual de instruções para um mundo tão complicado.

Ato de coragem

Com direção de David F. Sandberg, “Shazam!” apresenta para o público pouco ligado aos quadrinhos o adolescente Billy Batson (Asher Angel ), guri de 14 anos órfão que vai parar numa família cheia de jovens “rejeitados” como ele, criando laços afetivos que nunca teve. Um desses adotados é o nerd Freddy Freeman (Jack Dylan Grazer), a quem ele protege dos valentões do bairro. Por uma dessas razões que só a suspensão da descrença explica, o ato de coragem chama a atenção de um antigo mago (Djimon Hounsou), que concede a ele poderes inacreditáveis para defender o mundo do mal. Ao dizer a palavra mágica “Shazam” – acrônimo de Salomão, Hércules, Atlas, Zeus, Aquiles e Mercúrio – ele se torna um dos mortais mais poderosos da Terra.

É nesse ponto que o longa deve fazer muita gente com mais de 40 se lembrar de “Quero ser grande”. Agora com o corpo musculoso de Zachary Levi, o adolescente fica inicialmente deslumbrado com os novos poderes e o fato de todos pensarem que é um adulto, com a liberdade que imagina ter conquistado para fazer o que quiser, ir para onde desejar.

Mas, assim como o personagem de Tom Hanks no longa de 1988 precisou lidar com responsabilidades para as quais não estava preparado, Billy Batson terá que aprender a controlar seus poderes para defender o mundo. Afinal, todo herói tem o seu vilão, e em “Shazam!” este aparecerá na figura do Dr. Silvana (Mark Strong), que além de batizar uma banda de rock brasileira na década de 80 está a fim de dominar o mundo, e para isso planeja soltar os Sete Pecados Capitais sobre nosso planeta. Nada muito original, mas o suficiente para o herói suar o collant.

Se a história parece terrivelmente simples, assim como tantos blockbusters oitentistas, o tom leve, descompromissado, saudosista e divertido prometido por “Shazam!” pode ser o que falta para a Warner e a DC Comics confirmarem que encontraram seu norte cinematográfico.

SHAZAM!
Pré-estreia: UCI 2 (3D/dub): 21h45 (qua). UCI 3 (3D/leg): 21h15 (qua). Cinemais Alameda 4 (3D/dub): 21h20 (qua). Cinemais Jardim Norte 4 (3D/dub): 21h (qua). Classificação: 12 anos