Museu Mariano Procópio reabre seu segundo andar
A abertura se dá com a inauguração da exposição ‘Fios de memória: a formação das coleções do Museu Mariano Procópio’
Depois de 15 anos com suas portas fechadas à visitação, o segundo andar do Museu Mariano Procópio (Mapro) será reaberto, neste fim de semana. Essa ação faz parte do processo de reabertura total do equipamento, divulgado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), no ano passado, a partir da reabertura do primeiro andar, com a Galeria Maria Amália e a exposição “Rememorar o Brasil: a independência e a construção do Estado-Nação”, inaugurada em setembro. Agora, os esforços estão sendo focados para que todo ele esteja pronto ainda neste ano, com a recuperação da Villa Ferreira Lage. Maria Lúcia Horta Ludolf de Mello, diretora do Mapro, garante que as obras devem começar em breve, para que ela possa ser aberta o quanto antes.
Maria Lúcia explica que, para que essa parte do museu voltasse a receber as visitas, foi necessária a readequação da parte elétrica de todo o prédio, sendo essa uma das maiores demandas do Mapro. Além disso, as calhas estavam gerando infiltrações e precisaram ser reformadas. “Foram realizadas reformas estéticas, como a pintura e a colocação das sancas”, completa a diretora.
Exposição de reabertura
Para marcar a reabertura do segundo andar, a curadoria do museu inaugura a exposição “Fios de memória: a formação das coleções do Museu Mariano Procópio”. De acordo com Rosane Carmanini Ferraz, historiadora do Mapro e uma das curadoras, a proposta é contemplar o caráter colecionista de Alfredo Ferreira Lage e também do próprio museu. “O principal eixo norteador desta exposição é a trajetória de formação das coleções do museu, iniciando com seu fundador até os dias atuais”, resume.
Dessa forma, poderá ser visto pelas salas do segundo andar diversas obras que mostram como o acervo do museu, com cerca de 53 mil peças, é diverso. “A coleção do museu é muito marcada por esse caráter eclético e enciclopédico, de ser uma coleção muito diversa, em termos de documentos, moedas, objetos diversos, pinturas, esculturas, história natural e minerais. Então, quando a exposição foi pensada, nós já tivemos essa preocupação de que as salas pudessem ter essa diversidade de categorias do acervo museológico. Com a exposição pretendemos expor um pouco de cada categoria do acervo do museu ao longo dessas dez salas”, confessa a historiadora.
Temas diversos em dez salas
A proposta, então, foi dividir em eixos temáticos as salas, de maneira a contar a história de como a coleção do acervo do Mapro foi montada. A primeira, por exemplo, apresenta o fundador do museu, Alfredo Ferreira Lage. Logo depois, o tema é a mineralogia, que é por onde ele começa sua coleção. “Ressignificamos uma espécie de gabinete de curiosidades, onde é explorado o caráter eclético e enciclopédico da coleção do Alfredo”, completa Rosane. Além disso, ganha espaço a coleção de história natural, através de pinturas e esculturas brasileiras e estrangeiras.
O protagonismo feminino também será abordado, com a apresentação das coleções de Maria Pardos e da Viscondessa de Cavalcanti. “Elas são duas personagens muito importantes na formação da coleção da instituição”, justifica a curadora. “A memória monárquica e seu impacto no colecionismo do Alfredo também serão retratados. E, nas duas últimas salas, serão representadas as coleções do museu após o falecimento do seu fundador, em 1944”, finaliza.
Só a pinacoteca do Mapro conta com milhares de obras. Incluí-las na exposição foi importante para mostrar a diversidade. O desafio foi, então, escolher aquelas que fariam parte da exposição. “Nós tivemos alguns critérios fundamentais para a escolha. O primeiro critério foi se a obra dialogava com a narrativa da exposição, com a proposta expográfica. O segundo foi se a obra tem alguma relevância dentro do contexto da história da arte tanto nacional quanto internacional. Já o terceiro foi expor obras que já estão há algum tempo longe do olhar do público, que estão na memória afetiva dos visitantes. E, por último, o estado de conservação. Nós optamos por expor obras que já foram restauradas ou que estão em bom estado de conservação”, enumera Rosane.
O museu hoje
Mais que simplesmente contar a história do fundador do Mapro, Rosane afirma que a curadoria teve a preocupação de trazer em “Fios de memória: a formação das coleções do Museu Mariano Procópio” temas que permeiam a atualidade. Uma das salas recebeu o nome de “Museu na atualidade” para dar conta desse recorte. “Nós, curadores, entendemos que dentro das novas demandas da museologia social, apesar de termos um museu de caráter muito eclético, com muitas obras do período imperial, ele foi criado por uma família da elite juiz-forana, da elite mineira. É muito importante que um museu na atualidade se debruce sobre questões importantes e alguns atores que muitas vezes são pouco representados nas narrativas expográficas”, acredita. Na sala, então, os curadores selecionaram artes que tratrem dos povos originários do Brasil, além dos negros e da questão ambienral e climática.
Rosane ainda pontua que abordar a atualidade na curadoria dessa exposição é fundamental uma vez que o museu é um espaço educativo. “Entendemos que, através da forma como é apresentado e abordado o objeto, também é possível educar. Nossa preocupação em criar projetos educativos e mediações com o público surge para que seja possível, através do museu, exercer esse papel educativo e de formação, tanto daqueles que já visitaram o museu quanto das novas gerações que estão indo pela primeira vez.”
Maria Lúcia, ainda, comemora os números da visitação do primeiro andar. Ele representa o interesse dos juiz-foranos pelo Mapro. “A reabertura do primeiro andar foi um grande sucesso desde o primeiro momento. Somente no primeiro dia de visitação mais de 1600 pessoas vieram conhecer a exposição. De setembro do último ano, data da reabertura, até fevereiro deste ano, a exposição “Rememorar o Brasil: a independência e a construção do Estado-Nação” recebeu mais de 30 mil visitantes”, comemora a diretora.
Serviço
A cerimônia de abertura acontece nesta sexta. No entanto, o público em geral pode conferir a exposição a partir deste sábado. O museu vai abrir, especialmente, neste fim de semana, das 9h às 16h. Nos próximos, o Mapro abre a partir das 10h30. Já durante a semana, o museu fica aberto de terça à sexta das 9h às 16h.