Música em cena


Por Júlio Black Repórter

02/06/2017 às 07h00

A peça musical de Sergei Prokofiev ganha marionetes para mostrar às crianças as diversas sonoridades dos instrumentos. Foto: Rodrigo Zeferino/Divulgação
A peça musical de Sergei Prokofiev ganha marionetes para mostrar às crianças as diversas sonoridades dos instrumentos. Foto: Rodrigo
Zeferino/Divulgação

O Grupo Giramundo, uma das referências no país quando o assunto é teatro de bonecos, retorna a Juiz de Fora com um de seus mais conhecidos espetáculos. “Pedro e o Lobo”, peça infantil composta pelo maestro russo Sergei Prokofiev, será apresentada neste sábado (3), às 16h, no Cine-Theatro Central. Encenada pelo grupo desde 1993, desta vez terá como convidados a Orquestra Jovem Inhotim, que vai executar a trilha sonora ao vivo.

Diretora artística do Giramundo, Bia Apocalypse conta que esta é a segunda vez que o grupo apresenta “Pedro e o Lobo” com a trilha sendo executada ao vivo. A primeira foi em 2015, com a Filarmônica de Minas Gerais. O espetáculo em Juiz de Fora será o terceiro e penúltimo do projeto em 2017: as duas primeiras encenações foram realizadas em 13 de maio, em Ipatinga, e no último domingo (28) em Belo Horizonte, no Cine Theatro Brasil Vallourec. A última apresentação será em dezembro, em Inhotim, com data e local a serem confirmados.

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A história de “Pedro e o Lobo” é contada por meio de marionetes. A peça musical de Prokofiev busca, por meio da trama, mostrar às crianças as diversas sonoridades dos instrumentos musicais. Para isso conta a história de Pedro, um garoto que vive com o avô em uma fazenda e precisa usar de sua astúcia para impedir que o Lobo devore seus amigos, entre eles um pato e um gato. Na apresentação do Giramundo com a Orquestra, os músicos utilizam instrumentos como flauta, clarineta, trompete, trombone e oboé para apresentarem cada personagem por meio de um som diferente.

“O espetáculo ao vivo com a orquestra é sempre mais bonito e mais emocionante. A gente aumenta a cenografia, que é maior e esticada horizontalmente, com a orquestra atrás. Às vezes, de acordo com a cena, os músicos participam mais diretamente. É praticamente uma ‘reestreia'”, destaca Bia, acrescentando que o Giramundo espera que a parceria não fique apenas nessas poucas datas. “Queremos montar um projeto para 2018 de circular o espetáculo com a Orquestra Jovem.”

Músicos vivenciam trabalho inédito

Integrantes da Orquestra Jovem Inhotim interagem com os bonecos e as crianças durante o espetáculo
Integrantes da Orquestra Jovem Inhotim interagem com os bonecos e as crianças durante o espetáculo

A Orquestra Jovem Inhotim é formada por alunos da Escola de Cordas, recrutados entre estudantes de escolas públicas de Brumadinho e cidades ao redor, que passam a ter aulas gratuitas de música e também instrumentos cedidos pela Vale, empresa que patrocina a iniciativa. Segundo o maestro César Timóteo, o convite feito pelo Giramundo foi não apenas uma surpresa, mas também uma oportunidade para os jovens terem contato com outro universo artístico.

“Foi muito bacana (o convite), porque se trata de uma orquestra nova, e ter esse convite com tão pouco tempo de existência é não apenas fantástico, mas também uma honra”, afirma. “Até agora tem dado muito certo, é a primeira vez que trabalhamos não apenas com o Giramundo, mas também dando suporte musical a um espetáculo teatral.”
Ainda de acordo com César Timóteo, a experiência em “Pedro e o Lobo” tem dado aos músicos a oportunidade de trabalhar em um espetáculo com um contexto diferente do que estão acostumados. “Em um concerto tradicional, apenas a música ‘fala’, enquanto esse tipo de espetáculo é mais diverso, Juntamos a parte musical com a teatral, de luz, figurino, com narração… É fantástico, porque é uma oportunidade para eles perceberem a amplitude que as coisas podem tomar”, acredita, destacando que os músicos precisam não apenas executar seus instrumentos, mas que existe um aspecto de encenação inédito para a maioria.

No total, 38 músicos participam do espetáculo, com a Orquestra Jovem Inhotim recebendo o acréscimo de professores e alunos da graduação da UFMG e UEMG. Segundo o maestro, essa experiência de trabalhar em um espetáculo profissional de teatro, ao lado de professores e estudantes universitários, já começa a render frutos. “Alguns alunos, ao terem contato com o mundo do músico profissional, já decidiram que vão tentar o vestibular para música”, comemora.

 

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