Greg Ruhena lança seu primeiro álbum solo

Veterano com quase quatro décadas de carreira, músico lança “Sod@cáustica” nas plataformas de streaming


Por Júlio Black

01/03/2022 às 07h00

Primeiro álbum de Greg Ruhena foi gravado ano passado com sete músicas inéditas e autorais (Foto: Fernando Priamo)

Baixista que passou por incontáveis bandas de Juiz de Fora e no estado do Rio de Janeiro, Greg Ruhena esperou quase quatro décadas para lançar seu primeiro álbum solo. Com sete músicas e batizado de “Sod@cáustica”, o trabalho chegou às principais plataformas de streaming musical com distribuição da Tratore. As gravações aconteceram durante o ano passado no home studio de Greg, que gravou quase todos os instrumentos; já os vocais foram gravados no Gomma Studio, de Raphael Lamim, que foi o responsável pela produção, mixagem e masterização, além de tocar guitarra em duas faixas.

Greg Ruhena tem uma longa história com a música. Ele conta que ela teve início em 1981, quando ingressou nos Meninos Cantores da Academia de Comércio de Juiz de Fora. A primeira banda, porém, surgiu apenas em 1986, quando morava em Mendes, no interior do Rio de Janeiro, durante uma conversa com amigos em uma quadra. Foi dali que surgiu a Poluição Sonora, que fazia covers de Legião Urbana, Picassos Falsos e Os Paralamas do Sucesso, entre outros. A inspiração para ser baixista veio do primo William, da Patrulha 66. Ainda em Mendes, fez parte da Insectus e Atrito; em Barra do Piraí, ele cita a Esfola Crânio e Comunidade Brasil, e Signatus em Vassouras. Em Juiz de Fora, passou pelas bandas Arqueus, Dynamo, Seventh Sign, Suvaco de Cobra, Tuka´s Band, 8 Bits, Baalbeck, Rollback, Ferro Velho e Querosene.

PUBLICIDADE

Em todo esse período, ele esteve em estúdio apenas no primeiro álbum da Arqueus e em um trabalho da Atrito, pois geralmente se apresenta com bandas covers. O estalo para produzir seu primeiro álbum solo veio com o início da pandemia: como a Tuka’s Band, com a qual estava se apresentando, teve que cancelar seus compromissos, ele iniciou o projeto “Quarentena live” com Rodrigo Antunes, seu vizinho, que culminou na formação de outra banda de covers, a Rock in Trio. Nesse meio tempo, começou a trabalhar em algumas composições, das quais já tinha os rascunhos.

“Eu sempre me dediquei a participar de projetos de outras pessoas, mesmo quando autorais, contribuindo com meus arranjos de baixo, às vezes uma bateria ou guitarra, pois sempre gostei de participar de banda. O ‘Sod@cáustica’ saiu por causa da pandemia, fui montando um estúdio em casa, peguei alguns rabiscos de composições, entrei em contato com o Lamim e fomos trabalhando o álbum”, relembra. “Durante a semana enviava o material, e no domingo trabalhávamos no estúdio dele, que recomendou gravar os vocais no Gomma. Ele se animou tanto que se ofereceu para tocar guitarra em duas faixas.”

Seguro nos próprios passos

Além de gostar de trabalhar em grupo, Greg Ruhena diz que a insegurança foi outro fator para demorar tanto a trabalhar um álbum para chamar de seu. “Eu me sentia inseguro como compositor, demorou para virar a chave de que podia compor e escrever. Estou muito feliz com o rumo que as coisas tomaram”, afirma, além de destacar que sua estreia fonográfica segue uma linha diversa de quem o conhece por algumas bandas. “Nesses mais de 30 anos quase sempre toquei coisas pesadas, como rock e heavy metal, e só mais velho passei a ouvir outras coisas, como Chico Buarque e Fagner, que são artistas que meu pai costuma ouvir. Sempre ouvimos juntos Pink Floyd, que também influenciou no álbum, assim como outras coisas que gosto: Azymuth, Yes, Genesis.”

Outro desafio na hora de criar “Sod@cáustica” foi tocar todos os instrumentos e, ao mesmo tempo, não deixar o instrumento em que é especialista – o baixo – eclipsar os demais. “Poderia ter feito um trabalho com um baixo mirabolante, mas queria e consegui ter arranjos mais simples. Eu me inspirei muito no ‘Ram’, álbum que o Paul McCartney gravou todo sozinho, além do primeiro do Syd Barrett (“The Madcap laughs”). Com exceção da participação do Rapahel Lamim, preferi fazer tudo sozinho porque letra e música já vinham prontas na minha cabeça; poderia ter chamado vários guitarristas ou bateristas feras que conheço, mas queria transpor o que estava na minha cabeça e acho que alcancei 90% do meu objetivo”, diz Greg, que planeja lançar o álbum em CD e montar uma banda para promovê-lo.

O trabalho, porém, não é 100% Greg Ruhena, porém é 100% família. Seu pai, Nazir, é o autor das letras de “Poço fundo” e “Garoa”. “Meu pai escrevia para um cantor de Juiz de Fora, chamado Dall, e na minha casa aí sempre teve muito sarau, ele reunia os amigos. Minha mãe toca piano, canta em coral de igreja, então sempre tinha muita música em casa. Ele não toca nenhum instrumento, mas consegue compor a melodia de voz, e essas duas músicas ele cantava desde quando eu era criança, mas nunca tinham sido gravadas. Quando resolvi fazer o álbum, decidi que elas entrariam, aí fui procurar encontrar a nota certa, adequar para os instrumentos e fazer os arranjos. Ele ficou muito feliz quando mostrei”, conta Greg, que ainda colocou uma frase que seu pai costuma dizer (“Fé em Deus e pau na mula”) na voz do próprio Nazir para encerrar o álbum.

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.