Disque Denúncia registra mais de 7 milhões de queixas em uma década

Casos de tráfico de drogas são os mais encaminhados ao telefone 181. Em JF, houve ainda um salto nas acusações sobre maus-tratos a animais, com 255 denúncias somente este ano


Por Marcio Santos

30/12/2017 às 07h00- Atualizada 30/12/2017 às 12h38

Os dez anos do Disque Denúncia, 181, em Minas Gerais, revelam que a população aderiu ao programa e está integrada com as forças de segurança, para tentar combater os crimes. O balanço dos dez anos do programa, revelado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), mostra que Juiz de Fora é um dos cinco municípios mineiros que concentra o maior número de denúncias com 43.122 ligações. Somente nos primeiros dez meses deste ano foram 5.191 ligações, o que corresponde a mais de cem vezes o número de denúncias feitas no primeiro ano do projeto. Tráfico de drogas, jogos de azar, crime ambiental e maus-tratos a animais, além das atividades dos bombeiros (vistorias de fiscalização) são os mais denunciados em Juiz de Fora.

O canal de comunicação com a sociedade, que garante o anonimato, mas que ao mesmo tempo contribui com a questão da segurança, foi criado em 2007 e, neste período, 7,6 milhões de chamadas foram direcionadas ao 181, o que resultou em mais de 33 toneladas de drogas apreendidas depois das ligações, em todo o estado. Também foram retiradas de circulação 18 mil armas de fogo, como fuzis e metralhadoras. De acordo com a Sesp, também foram realizadas, nos últimos dez anos no estado, mais de 167 mil conduções, prisões, apreensões e recapturas de presos. “A denúncia de tráfico de drogas sempre foi a mais forte desde que foi criado o Disque Denúncia, e Juiz de Fora reflete o número de todo estado. Pois é o tipo de crime mais percebido pela população e que incomoda”, destaca o coordenador do Disque Denúncia unificado da Sesp, Aaron Duarte Dalla. Apesar do grande número de denúncias relacionadas ao tráfico de drogas, o crime que teve o maior percentual de ligações em Juiz de Fora foi o de maus-tratos a animais.

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O tipo de crime, que, até 2013, não tinha nenhum registro, começou a crescer a partir de 2014, quando foram feitas 19 denúncias. Somente nos últimos dez meses deste ano, já foram 255 denúncias na cidade. Para a titular do Núcleo de Atendimento às Ocorrências de Maus-tratos contra Animais de Juiz de Fora, delegada Larissa Mascotte, o aumento se deve à conscientização da população, que está mais informada sobre o que são os maus-tratos. “Mês a mês, as denúncias estão crescendo, pois as pessoas percebem que um cachorro que fica o dia inteiro debaixo do sol, sem água e sem comida, por exemplo, está sofrendo maus-tratos. Temos muitos denúncias para serem apuradas, mas, às vezes, os dados incompletos ou insuficientes atrapalham nas investigações”, explica a delegada. Larissa Mascotte lembra que as denúncias também podem ser feitas no Núcleo de Atendimento às Ocorrências de Maus-tratos contra Animais, em Santa Terezinha, onde a pessoa poderá levar fotos, vídeos e até mesmo testemunha e terá o mesmo sigilo obtido pelo 181.

Outra denúncia que teve crescimento significativo a partir de 2013 foi a fiscalização dos bombeiros. Segundo o coordenador do Disque-Denúncia, depois da tragédia que matou mais de 200 pessoas na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), as pessoas ficaram mais preocupadas e começaram a denunciar qualquer irregularidade em prédios, pontos comerciais e, principalmente, casas de shows.

Denúncias poderão ser feitas pela internet em 2018

O coordenador do Disque-Denúncia unificado da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), Aaron Duarte Dalla, afirma que 90% das denúncias recebidas são investigadas dentro do prazo estabelecido, que é de 90 dias, e ele acredita que o sucesso do programa está na confiança da população no anonimato das denúncias. E, para ampliar ainda mais este canal com a população, a Sesp está programando, para o primeiro semestre de 2018, um mecanismo para que o cidadão faça as denúncias pela internet. “Já está em andamento o projeto para que o cidadão faça a denúncia através de um site, onde conseguirá acompanhar o andamento do caso. Mas o anonimato e a segurança dos denunciantes continuarão sendo preservados. A previsão é que, até o primeiro semestre, já esteja em andamento”, afirma o coordenador do programa.

Apesar da facilidade de acionar o 181, Aaron afirma que nem todos as ocorrências devem ser encaminhadas ao Disque Denúncia. Segundo ele, se for uma questão que exija resposta rápida, como em casos de flagrante, o denunciante deve entrar em contato direto com as corporações, como a Polícia Militar (telefone 190), Polícia Civil (197) e Corpo de Bombeiros (193), pois o serviço do Disque-Denúncia foi criado para atendimento a casos que exijam investigação.

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