Defesa levanta tese de morte de professor por overdose


Por Tribuna

30/08/2016 às 13h22- Atualizada 30/08/2016 às 20h04

Atualizada às 20h04

Foto: Marcelo Ribeiro/30-08-16
Foto: Marcelo Ribeiro/30-08-16

Depois de ter sido adiado no início deste mês, começou a ser realizado, na manhã desta terça-feira (30), o julgamento do caso do homicídio do professor Bernardo Tostes Cardoso de Paula Monteiro, 33 anos, encontrado morto e amarrado na cobertura de um apartamento na Avenida Olegário Maciel, no Paineiras, em 3 de junho de 2012.

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Os acusados são uma empresária, 42, na época moradora do imóvel, e um vendedor, 34. Eles foram presos em flagrante, soltos pela Justiça dois dias depois, e responderam em liberdade. A sessão no Fórum Benjamin Colucci estendeu-se durante todo o dia e, até por volta das 20h, não havia terminado, sendo que os réus ainda seriam ouvidos. Familiares da vítima e dos acusados, além de estudantes de direito e populares, acompanharam a sessão.

Um dos depoimentos mais esperados foi o da perita, Dalva Andrade de Lima, que realizou o exame de necropsia na vítima. A fala da profissional era considerada fundamental tanto pela defesa quanto pela acusação. Na sequência, o perito do Rio de Janeiro, Roger Vinícius Ancillotti, contratado pela defesa, respondeu a questões do juiz Paulo Tristão, presidente do Tribunal do Júri, e da defesa e acusação acerca da exumação realizada por ele depois de sete meses da morte do professor. Segundo o perito, a morte teria sido causada pelo uso concomitante de maconha e cocaína, que teria provocado uma overdose. Ele disse, ainda, que, embora houvesse marcas de contenção no pescoço da vítima, elas não seriam suficientes para levá-lo à morte.

 

Vítima imobilizada

Os dois acusados de matar Bernardo foram autuados pela Polícia Civil pelo crime de homicídio doloso (intencional). Durante o depoimento à polícia, a dupla disse que Bernardo teve uma convulsão e, ao tentar conter suas debatidas, a fim de que não se machucasse, eles teriam provocado a morte dele acidentalmente.
A vítima foi encontrada com pés e mãos imobilizados, com uma mesa sobre o tórax e ainda duas cadeiras sobre ela. A envolvida ainda teria sido flagrada pela Polícia Militar sobre o professor, segurando seus ombros, enquanto o outro acusado lhe aplicava um golpe por trás. O laudo de necropsia apontou que Bernardo foi morto em função de uma asfixia causada por esganadura.

O promotor do caso, Oscar Santos Abreu, pontuou que há uma divergência entre o entendimento dele e do assistente de acusação. “O promotor de justiça procura a justiça mesmo que ela venha a favorecer o réu ou a vítima ou à família dela. “No meu entendimento, houve a morte por asfixia, mas os réus não queriam matar. Eles estavam em legítima defesa, apertaram o pescoço da vítima tentando contê-lo e se excederam, causando a morte”, afirmou.

Já para o assistente de acusação, Nelson Rezende Júnior, a tese defendida é a mesma exposta pela perita oficial. “Ela é a perita do estado, que não tem nenhum interesse envolvido e que aponta que houve uma morte por asfixia por esganadura dentro de um contexto homicida. A vítima foi encontrada com as pernas amarradas, braços amarrados e algumas lesões características de asfixia, configurando uma homicídio duplamente qualificado”.

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A advogada de defesa, Ana Elisa Fellet, ressaltou que a defesa trabalha com a tese de negativa de autoria. “A ocorrência da morte se deu por overdose como apontam as provas que foram coligidas aos autos pela defesa, os inúmeros laudos que foram agregados ao processo e os próprios peritos que estão testemunhando a tese que estamos levantando”, concluiu.

 

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