Tribuna lança 1º episódio de minidocumentário que trata da criação do jornal
Produção recupera os principais acontecimentos da década de 1980 em Juiz de Fora
A década de 1980 foi marcada por grandes transformações a nível nacional, especialmente na política. A ditadura militar estava próxima de acabar, os brasileiros foram às ruas para pedir eleições diretas para presidente e, no final, a nova Constituição concretizou a democracia no país. Juiz de Fora esteve inserida nesses movimentos, todos registrados nas páginas da Tribuna. O jornal ainda era jovem – sua fundação ocorreu em setembro de 1981 -, e com a proposta de novas ideias e objetivos, cumpriu sua função de memorizar a efervescência da época e ser o porta-voz dos juiz-foranos.
Dando continuidade ao projeto de celebração dos 40 anos da Tribuna, o primeiro episódio de um minidocumentário, lançado nesta sexta-feira (30), no site e nas redes sociais, traz os anos iniciais do jornal e recupera os principais acontecimentos da década de 1980 registrados na história do veículo. Já no domingo (2), a Tribuna traz a segunda reportagem da série especial que homenageia os leitores do jornal.
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Para dar vida ao novo veículo de comunicação juiz-forano, o médico e empresário Juracy Neves – que já tinha adquirido em 1980 o controle acionário da Rádio Sociedade de Juiz de Fora, na ocasião Super B-3 – dedicou-se a montar uma equipe comprometida. Para isso, convidou os jornalistas Ivanir Yazbeck, Eloísio Furtado e José Carlos de Lery para unirem os profissionais que viriam a trabalhar na Tribuna.
Eloísio, por exemplo, era editor no grupo Diários Associados, formado pelo Diário Mercantil e Diário da Tarde, que ditavam o jornalismo na cidade. Com ele, diversos outros profissionais vieram atuar na Tribuna. No processo de consolidação da nova redação, mais de 60 pessoas, entre diagramadores, fotógrafos, estagiários, editores e repórteres, integravam a equipe, que já trabalhava meses antes da primeira edição do jornal ir às bancas.
“Na primeira noite que a Tribuna ia ser impressa, a redação ficou em peso esperando para ver a primeira edição. Até o Juracy estava lá, junto com toda a direção. É uma emoção que não se tem ideia, principalmente com aquela garotada, que estava vivendo a experiência de fundar um jornal. No outro dia, o pessoal foi acompanhar a distribuição nas bancas para ver como estava a aceitação do jornal”, conta o jornalista Renato Dias, que foi convidado por Eloísio para trabalhar como subeditor geral.
“Havia o romantismo de uma época, da emoção de estar colocando nas bancas e entregando para Juiz de Fora o jornal que tinha uma proposta de mudança, moderna, contemporânea, proativa, e com esse sabor de que se estava criando realmente uma ideia nova em termos de imprensa na cidade.”
Da primeira manchete a outras grandes coberturas
A primeira manchete da Tribuna, em 1º de setembro de 1981, trouxe a notícia de que o terreno projetado para o Estádio Regional, localizado no Bairro Borboleta, havia sido cedido para a construção de uma fábrica de bicicletas da Monark. Após outros desdobramentos, nenhum dos dois projetos foi levado adiante.
“Eu tinha um parente distante que era um dos diretores da Monark. Nós procuramos saber como estava a situação, se eles iriam instalar mesmo e no que iria dar aquela área que estava reservada para o estádio. Começamos a levantar não só o que seria feito com aquela área, mas qual os planos da Prefeitura da época para a ocupação daquele espaço, que já tinha sido feito terraplanagem, e fizemos desdobramentos das várias tentativas que Juiz de Fora tinha feito de ter um estádio municipal”, relata Márcio Guerra, jornalista que produziu a primeira manchete da Tribuna, envolvendo o imbróglio do terreno para o estádio.
Posteriormente, em 1988, os amantes de esporte de Juiz de Fora finalmente realizaram o sonho de contar com um estádio na cidade, mas em outro local. O Estádio Municipal – cujo nome, mais tarde, veio a homenagear o radialista Mário Helênio – foi inaugurado no Bairro Aeroporto. O espaço também marcou grandes acontecimentos, como a despedida do Zico do futebol profissional, em partida do Flamengo contra o Fluminense, que reuniu cerca de 13 mil torcedores.
Ao longo da década de 1980, o juiz-forano acompanhou os principais acontecimentos da cidade pelas páginas da Tribuna. Além das obras do Estádio Municipal, por exemplo, a população viu também a construção e inauguração do “Mergulhão”. O projeto de trânsito foi concluído em junho de 1982, após 22 meses de intervenções, pelo então prefeito Mello Reis.
Diretas Já
No campo da política, a Tribuna registrou o movimento pelas “Diretas Já”, que ocorreu em todo o país e teve sua representação em Juiz de Fora. As manifestações na cidade foram ganhando força até que, no dia 29 de fevereiro de 1984, 30 mil juiz-foranos foram à Praça da Estação para pedir as eleições diretas para presidente. O comício foi um dos maiores ocorridos na cidade, contando com a participação de políticos de todos os partidos de oposição.
Caderno Dois e a valorização da cultura
Na cultura, a Tribuna trouxe uma novidade ao ser inaugurada: a criação do “Caderno Dois”, voltado especialmente para coberturas de cunho cultural. Os Festivais de Rock de Juiz de Fora, com a presença de Raul Seixas, Cazuza, Marina Lima, Lobão, entre outros artistas consagrados, chamaram a atenção do cenário musical. Na época, a população ainda acompanhou grandes movimentos culturais, como a restauração da Fábrica Bernardo Mascarenhas, fruto da campanha “Mascarenhas, meu amor”, cujo objetivo era transformar o prédio em um espaço voltado ao fomento artístico e cultural.
Com relatos de jornalistas que passaram pela Tribuna durante a década de 1980, o minidocumentário relembra esses e outros fatos históricos da época. O vídeo completo pode ser conferido no site tribunademinas.com.br ou no Facebook e Youtube do jornal.
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