Juiz-foranos mantêm rituais para a chegada do Ano-Novo
Embora os costumes sejam diversos, intuito de quem os pratica é sempre agradecer e atrair prosperidade para que planos se concretizem no novo ciclo
O início de um novo ano é repleto de simbologias para a maioria das pessoas. Com o encerramento do ciclo anterior e consequente início de outro, muitos desejam e planejam mudanças, como tirar as metas e ideias do papel. Com a proximidade do Ano-Novo, celebrado neste domingo (1° de janeiro), muitos juiz-foranos, portanto, preparam seus rituais e simpatias, com o intuito de atrair prosperidade para que seus planos se concretizem. Embora os costumes sejam diversos – vão desde o uso da cor branca, roupas novas a simpatias e rituais religiosos – os objetivos são comuns: agradecer pelo ano que passou e dar boas novas ao novo ano, atraindo sorte e realizações.
Entre os rituais apontados, usar roupa branca para passar o Réveillon é comum a todos. Não sendo diferente para a aposentada Angélica Riolino, 63, que ainda na juventude adotou o hábito que segue sendo sua principal tradição para a passagem de ano. “A partir daí, comecei a passar só de branco”, conta. Na avaliação dela, usar roupa branca e nova, possibilita que seu ano seja bom, próspero e com muitas coisas positivas. Até por isso, mantém a prática há décadas.
Na mesma toada, para a estudante universitária Ana Tostes, 19, usar camisa branca no Ano-Novo não sai de moda. Além deste costume, ela diz não deixar de brindar e tomar champanhe no momento em que o relógio marca meia-noite. “Não deixo de usar roupa nova, assim como o meu sapato preferido, porque acho que ele traz boas vibrações e me faz relembrar de bons momentos que eu quero que se renovem ao longo do próximo ano.”
Simpatias para atrair boas energias
Além de roupas brancas, a mentora de autoconhecimento Laís Possani, 27, não dispensa uma simpatia para atrair positividade para o ano que está para começar. “Nesta virada, eu vou comer sete uvas, separar os caroços e os colocar dentro da carteira até o ano seguinte. A cada semente, vou mentalizar a seguinte frase: eu atraio a prosperidade na minha vida”, conta.
Laís afirma valorizar o lado místico ligado à passagem e mantém outros rituais. Entre eles ela conta que sempre faz um mapa dos sonhos com o intuito de materializar seus objetivos. Segundo ela, é simples de fazê-lo.
“Para quem quiser fazer, basta pegar uma folha sem pauta e colocá-la na horizontal. No meio da folha escreva seu nome completo e a data do seu nascimento. Feito isso, circule ambos e desenhe setas, escrevendo quais as áreas da sua vida você deseja ter pedidos manifestados. Por exemplo, na setinha da saúde escreva ‘faço musculação todos os dias’. É importante que o pedido já esteja no presente. Você pode puxar setinhas para qualquer área que desejar: saúde, relacionamento, profissão.”
Por fim, conforme orienta, é importante escrever na folha a data em que o mapa foi feito. “Assim você pode revê-lo ao longo do ano, mas só deve fazer outro quando o anterior completar um ano. É bom porque assim, no futuro, você reconhece tudo que já realizou, assim como aquilo que já não faz mais sentido.”
Terapia holística como forma de reconexão
A Terapia Holística é outra possibilidade para começar um novo ano bem, como orienta a educadora e terapeuta do Movimento Zen, Flávia Cadinelli. “Nesta virada de ano, meus rituais passam por três caminhos: meditação, intenção e natureza.”
Na avaliação da terapeuta, a prática da meditação é um ponto chave para quem busca se conhecer melhor e buscar reconexão consigo mesmo e seus objetivos. “Podendo ser acompanhada de aromaterapia – incensos, óleos essenciais e velas perfumadas -, música leve ou mesmo um áudio de meditação guiada. De cinco a 15 minutos, faça uma pausa: respirando com consciência e relaxando as tensões do corpo. Essa prática colabora na reconexão com si mesmo”, diz. Para ser guiado por Flávia na meditação, acesse este link.
O momento de colocar intenções para o próximo ano, na perspectiva do Movimento Zen, cita Flávia, é um pouco diferente de uma lista de metas. Para realizar essa etapa é preciso já ter feito a meditação, que ajuda na paz espiritual que esse momento exige. “Costumo montar um simples altar, com plantas, flores e cristais, para escrever e consolidar as intenções. Neste ano, nossa prática é em casal, para a energia da família. A intenção pode ser uma palavra que direciona as escolhas do ano, podendo ser auxiliada por uma carta de oráculo.”
Por fim, ela sugere o contato com a natureza, que pode ser realizado a partir de um passeio no Jardim Botânico, assim como com um banho de mar ou cachoeira. “É um ritual maravilhoso descalçar os pés e se abastecer da força da terra, grama ou areia”, destaca.
Rituais ligados à religião
Além dos costumes anteriores, existem alguns que estão estritamente relacionados à religião. O estudante e candomblecista Phelipe Britto, 21, conta que passará a virada para 2023 na praia. O intuito é agradecer Iyá (mãe) Iyemonja (ou Iemanjá) por 2022, na avaliação dele, ano de muitas lutas, perdas e conquistas. “Estarei com roupas brancas e meus fios de contas”.
O rapaz ainda conta que vai preparar para presentear Iyemonja um Eboiyá: uma comida ritualística feita com canjica branca cozida, refogada no azeite de dendê ou doce, com tempero de cebola e camarão. “Irei colocar essa comida na areia mesmo, em uma Éwé Lárà (folha de mamona) para não sujar o mar e nem a areia e um vela n°8 na cor azul claro. E fazer as rezas próprias em Yorubá (idioma falado na Nigéria e em outros países da África Ocidental). Em seguida, claro, pularei as famosas sete ondas.”
O candomblecista alerta que a oferenda não pode resultar em danos para a natureza, por isso se preocupa tanto em colocá-la em folha de mamona. “O mar, as matas e a terra, é a casa dos Orixás, é onde suas vibrações emanam. Se sujarmos não estamos agradando a eles, mas destruindo a biodiversidade que existe naquele ambiente.”
Assim como ele, a graduanda em jornalismo Weslla Pereira, 23, também passará a data com o seu fio de contas, que é, segundo ela, uma espécie de colar de proteção para pessoas de religião de matriz africana. “O meu, no caso, é de um azul mais clarinho que representa Oxóssi, Rei das Matas, santo que simboliza a fartura, por isso vou levar comigo para o ano ser próspero.”