Inquérito civil vai apurar falhas na segurança da Imbel
O Ministério Público do Trabalho (MPT) quer saber quais falhas ocorreram para que o sistema de armazenamento de explosivos da Indústria de Materiais Bélicos do Brasil (Imbel) se tornasse inseguro. Esse é um dos questionamentos que deverão ser respondidos no inquérito civil instaurado um dia após o incidente de 16 de agosto que resultou na explosão do paiol de número 1, onde havia centenas de granadas em processo de confecção. Até agora, os dados não apontam para participação humana no episódio, embora a própria fábrica não descarte nenhuma hipótese, inclusive a de incêndio criminoso. Ontem o procurador do MPT, José Reis Santos Carvalho, e cinco auditores fiscais da Gerência Regional do Trabalho voltaram a entrar na empresa para inspecionar o local.
“O objetivo é avaliar as medidas que estão sendo adotadas para que o meio ambiente do trabalho possa voltar a ser saudável, garantindo a segurança dos trabalhadores”, afirmou, logo na entrada, o procurador José Reis.
O auditor fiscal do Ministério do Trabalho, José Miguel Campos Júnior, informou que essa é a terceira inspeção do órgão na Imbel e que a intenção é verificar o que está sendo realizado de mudanças na área afetada, já que parte das 92 edificações da fábrica sofreu danos com a violência do impacto provocado pela explosão. O auditor disse ainda que o processo envolvendo a recuperação de áreas e a adoção das normas exigidas pelo Ministério do Trabalho é lento. No caso do inquérito civil, o Ministério Público do Trabalho tem até um ano para conclusão, mas pode terminar antes do prazo.
Desde a semana passada, a fábrica segue interditada por determinação da Gerência Regional do Trabalho. Antes mesmo de a decisão ser comunicada à indústria, os representantes da Imbel já haviam suspendido as atividades no local, até que a segurança fosse restabelecida.
Danos a terceiros
Além da recuperação da empresa, a Imbel tem que lidar com os danos causados a terceiros. Mais de 260 famílias foram diretamente atingidas pela onda de choque provocada pela explosão. Moradias da Zona Norte, principalmente as do Bairro Araújo, tiveram vidros estilhaçados, portas e janelas deslocadas e até azulejos e forros danificados.
Desde o evento, representantes da fábrica iniciaram um trabalho de levantamento e verificação dos prejuízos junto às famílias que, para serem ressarcidas, terão que enviar à Imbel três orçamentos. Algumas já começaram a receber em conta bancária o valor do prejuízo.
A aposentada Maria José da Silva, 62 anos, moradora do Bairro Araújo, precisou operar a mão esquerda após ter três tendões rompidos com a quebra dos vidros da porta da cozinha na noite da explosão. Ela foi operada no Monte Sinai no último sábado e teve alta no dia seguinte.
Segundo a irmã dela, Leandra Aparecida da Silva, 48, a paciente terá que fazer pelo menos 40 sessões de fisioterapia. Leandra informou que a Imbel está ressarcindo a família em relação às despesas médicas e que, até o momento, representantes da fábrica têm prestado assistência à vítima.