Jogos radicais

País vive momento preocupante, no qual o radicalismo impõe uma agenda preocupante que não leva a lugar algum


Por Tribuna

29/03/2018 às 06h30

Os tiros contra a caravana do ex-presidente Lula, durante passagem pelo Sul do país, e as ameaças aos familiares do ministro do STF Edson Fachin, criam um ambiente preocupante, que precisa ser avaliado pelos diversos setores, por romperem os limites da prática política, que permite o contraditório e até a crítica dura, mas não pode respaldar atos de violência. Os dois casos são parte de outras tantas demandas que correm pelos bastidores e que carecem de apuração. O país vive uma perigosa inflexão na qual a intolerância só aumenta, sobretudo quando não há apuração das ocorrências.

É fato que as redes sociais exacerbam esse sentimento, pois o tráfego de informações e notícias falsas tende a se intensificar à medida que o pleito de outubro se aproxima. Nesse contexto, boa parte do conteúdo é ofensivo, próprio de uma rede em que não há diálogo. Os grupos falam mais para dentro do que para fora, realçando o sentimento radical que mais atrapalha do que ajuda nesse momento político do país.

PUBLICIDADE

E é nesse contexto em que os formadores de opinião têm papel importante. Seu discurso pode forjar o que vem adiante. Jogar gasolina na fogueira, como apostam os que preferem o enfrentamento em vez do debate, é contribuir para a exacerbação dos que defendem medidas fora da democracia.

No Senado Federal, os políticos já deram o primeiro sinal de conflito quando deveriam defender medidas para reduzir a pressão. O Partido dos Trabalhadores acusa a direita de fomentar o atentado à caravana, enquanto esta reage, apontando como causa o discurso radical do ex-presidente nos últimos tempos.

Nada justifica uma agressão de tamanho porte, mas é fundamental que o Estado apure as responsabilidades sob o risco de a situação se agravar. E há grupos que tiram proveito do confronto.

Na semana que vem, o Supremo Tribunal Federal irá analisar o habeas corpus impetrado pelos advogados de Lula para mantê-lo fora do cárcere a despeito da condenação em segunda instância. O voto dos ministros será emblemático, pois as consequências podem ser sérias seja qual for o resultado. Tivesse a Corte decidido essa questão antes, certamente, o caso não teria esse possível e preocupante desdobramento.

 

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.