Temporal alaga casas e causa estragos pela cidade


Por Nathalia Carvalho

29/02/2016 às 09h03- Atualizada 29/02/2016 às 14h31

Atualizada às 13h20

 

PUBLICIDADE

A forte chuva que caiu em Juiz de Fora na tarde deste domingo (28) causou graves alagamentos e estragos pela cidade. Conforme dados da Defesa Civil, foram 30 ocorrências, sendo a Zona Sul a mais afetada, com 18 registros. As demais foram na Sudeste, com seis ocorrências, outras quatro na Cidade Alta, uma na Norte e uma na central. Entre os principais chamados estão quatro inundações, quatro deslizamentos de talude e cinco ameaças de deslizamento, três desabamentos parciais de edificação, além de três ruas danificadas. Vários bairros também ficaram sem energia elétrica durante o temporal. Os pluviômetros da Defesa Civil registraram média de 42,3mm nas últimas 72 horas, sendo que nos bairros Floresta, Aeroporto e Lourdes choveu 86,98mm, 84,68mm e 82,62mm, respectivamente. Já os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontam que choveu 31,2mm, e as rajadas de vento chegaram a quase 60km/h. A previsão do tempo para hoje é de mais chuva para a região da Zona da Mata.

Em um dos bairros mais afetados, o Santa Luzia, na Zona Sul de Juiz de Fora, o córrego transbordou e a água invadiu casas e lojas. Leitores registraram a situação mais grave na Rua Ibitiguaia e Avenida Santa Luzia (veja vídeos). Na manhã desta segunda-feira (29), comerciantes contabilizavam perdas e danos da inundação no bairro. O proprietário da farmácia Vita Farma, Ricardo Matoso, calculou um prejuízo de R$ 30 a 40 mil. O estabelecimento, localizado na Ibitiguaia, foi atingido por muita água e barro, que destruíram remédios, balança e computadores. “O barro foi o maior problema, porque ele estraga o produto de uma forma que não dá para aproveitar nada. Estou aqui há dois anos e nunca tinha visto isso. Meus vizinhos também perderam muita coisa”, afirmou.

Ainda na Ibitiguaia, o proprietário de uma distribuidora de alimentos, também atingida por água e barro, Matheus Mazzei, estima que o prejuízo na loja chega a cerca de R$ 50 mil, incluindo mercadorias e computadores que ficavam no caixa. “Ainda não contabilizamos tudo, pode ser ainda maior. Metade dos ovos de Páscoa que compramos, por exemplo, foi perdida”, ressalta. Ainda na noite de domingo, familiares e amigos abriram a loja para iniciar a limpeza e retirar a mercadoria estragada. O trabalho foi retomado na manhã desta segunda (29), e parte da loja foi reaberta para atender os clientes.

“Retiramos seis caçambas com produtos danificados. Levei todo o lixo para um terreno particular, pois a nossa preocupação era deixar o material contaminado em via pública, possibilitando pessoas, principalmente crianças, a pegar e consumir, podendo ter um problema de saúde”, detalha Mazzei. A água invadiu o estabelecimento pelos ralos e chegou a 40 centímetros de altura. Segundo o dono, em 20 anos de comércio no local, esta foi a segunda enchente que a loja sofreu.

A unidade do Bahamas no Santa Luzia também abriu as portas com atraso nesta segunda por conta dos trabalhos de limpeza. Conforme o gerente de marketing do Grupo Bahamas, Nelson Júnior, a água chegou a entrar no estacionamento e na loja, mas não atingiu os produtos nem o estoque. “Nossa equipe de plantão esteve no local no domingo para dar início à limpeza. Abrimos hoje às 9h30, uma hora e meia de atraso, pois os técnicos realizavam uma vistoria na parte elétrica, que também não teve danos.”

Já o proprietário de uma padaria, um hortifruti e um açougue na Ibitiguaia, João Batista Xavier, disse que o transtorno e as perdas foram enormes nos três estabelecimentos. “Ainda não consegui contabilizar todo o prejuízo, mas sei que foi grande. Perdi muitos equipamentos, alimentos, e só de cigarro foram três sacos de lixo de 200 litros jogados fora. Fiz um mutirão com meus funcionários até as 2h (de hoje) na tentativa de salvar algumas mercadorias e limpar os locais, para que conseguíssemos abrir os estabelecimentos hoje. Tive que chamar um eletricista também para avaliar, e estamos contabilizando os equipamentos eletrônicos perdidos”, disse.

A Prefeitura informou que equipes de várias secretarias estão atuando no bairro desde cedo, realizando a limpeza das ruas atingidas. Ontem, durante o temporal, o Corpo de Bombeiros fez a retirada de três vítimas de dentro de um veículo e orientou cerca de cem pessoas ilhadas a permanecerem na parte superior das edificações e em locais altos no bairro. Em entrevista à Rádio CBN, o subsecretário de Defesa Civil, Márcio Deotti, afirmou que o temporal se concentrou na região do Santa Luzia até o Bairro Sagrado Coração. “Identificamos que o acúmulo de lixo nas calhas do córrego de Santa Luzia e a grande concentração de chuva foi o que mais contribuiu para as inundações, sendo que a água chegou a subir quase um metro. Por isso, pedimos colaboração da população e o cuidado com o lixo, que é o grande vilão. A comunidade precisa fazer sua parte, colocar (o lixo) no horário certo e no local apropriado”, recomenda.

montaem-antes-e-depois
Fotos mostram antes e depois de área de lazer da residência, que foi completamente destruída

Também na Zona Sul, em uma casa da Rua Petrus Zaka, no Bairro Cascatinha, o muro de divisa com um imóvel da Rua Itamar Soares de Oliveira, que fica acima, caiu, e a água entrou em grande quantidade na área de lazer da residência. Dois moradores foram arrastados por mais de 20 metros pela água e escombros, e tiveram escoriações leves. Um veículo, que estava estacionado na garagem, foi levado e bateu no portão da casa.

“A pressão da água fez o muro desabar, e com ele, foram abaixo a churrasqueira, uma piscina de lona de 15 mil litros, além de aparelho de som, o jardim e itens da oficina do meu pai. Eu fui para um lado, e ele para o outro. Meu pai só conseguiu parar pois se segurou na grade do portão, que também foi aberto pelos escombros”, relata o administrador de empresas Pedro Conforte da Silva Lemos, 23 anos. O pai, o aposentado Alvano Carvalho Lemos, 57, teve ferimentos no braço e na perna esquerda, e no rosto precisou levar pontos. “Foi um estrondo muito grande”, disse.

Outras ocorrências
Conforme a Defesa Civil, entre as ocorrências de destaque estão três desabamentos parciais de edificação, sendo um deles na Rua João Krolman Sobrinho, no São Pedro, onde a água derrubou um muro e alagou uma residência. A Defesa Civil informou que voltaria ao local hoje para reavaliar. Outro foi na Rua Robson da Costa Magalhães, no Bela Aurora, onde a água derrubou uma parede. O terceiro ocorreu na Rua Joaquim José da Silva, no Ipiranga, onde uma parede também caiu. Técnicos já estiveram no local. Além disso, na Rua Afonso Gomes, no Ipiranga, houve um deslizamento de terra que bloqueou a via. A Defesa Civil estava no local, pela manhã, analisando a situação. Já na Rua Francisca Bechllufft dos Santos, no Bairro de Lourdes, houve um escorregamento de talude, que encostou em uma parede. A Defesa Civil deve voltar ao local hoje. Ninguém ficou ferido ou desalojado.

O conteúdo continua após o anúncio

O Corpo de Bombeiros atendeu a vários chamados de alagamentos, salvamento de pessoas, afogamentos, inundação, perigo de eletrocussão, vistorias e cortes de árvores, sendo a maioria deles nos bairros Santa Luzia, Benfica, Ipiranga, São Dimas, Francisco Bernardino, Centro e Poço Rico. Na cidade de Matias Barbosa também houve atendimento. A assessora de comunicação do Corpo de Bombeiros, tenente Priscila Adonay, afirmou que houve 14 ocorrências de corte e vistoria de árvores, sendo duas em Matias. Hoje a corporação continua atendendo a várias ocorrências, sendo uma delas um corte de árvore na Rua Cirene Alves da Silva, Bairro Arco-Íris.

Energia
Conforme a assessoria da Cemig, o Bairro Santa Efigênia ficou sem luz por quatro horas e meia. Já os bairros São Pedro, Vina del Mar, Santos Dumont e Bosque do Imperador permaneceram duas horas sem energia, e os bairros Salvaterra, Novo Horizonte, Aeroporto e área rural tiveram o serviço interrompido por uma hora e 40 minutos.

 

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.