90% dos focos do Aedes aegypti estão dentro de casa

Apesar de haver diversos métodos de repelir o mosquito disponíveis no mercado, segundo especialista, somente a vistoria e limpeza dos criadouros pode interromper o ciclo


Por Rafaela Carvalho

27/10/2017 às 07h00- Atualizada 27/10/2017 às 07h22

Com a chegada das altas temperaturas e das chuvas, fatores que favorecem a reprodução do Aedes aegypti, é comum encontrar promoções de repelentes e inseticidas em farmácias e supermercados. Em Juiz de Fora, basta circular pelas ruas do Centro para ouvir, dos vendedores ambulantes, a promessa de que as raquetes elétricas matam qualquer tipo de inseto. Porém, apesar de toda a gama de produtos disponível no mercado para combater o mosquito, não há métodos 100% eficazes, sendo a prevenção a forma mais eficiente de evitar doenças como dengue, zika e chikungunya, transmitidas pelo vetor.

A busca pelos produtos que prometem exterminar o mosquito aumenta após a chegada da primavera e durante o verão. Segundo o biólogo Fábio Prezoto, professor da UFJF e especialista em comportamento animal, a população está certa em buscar os métodos nesta época do ano. “Diferente de outros mosquitos, o Aedes aegypti precisa de uma temperatura bem adequada, que gira em torno de 27 graus. Essas temperaturas coincidem, justamente, com o período marcado pela chegada das chuvas, que inundam os recipientes que podem se transformar em criadouros, ocasionando, nesse período, uma explosão populacional do mosquito.”

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No entanto, pensamentos comuns, como a ideia de que só é necessário combater o mosquito durante o verão, são nocivos e podem propiciar, inclusive, novas epidemias. “Sabemos que 90% dos focos do mosquito estão dentro das casas. O Aedes precisa só de um pouco de água, então qualquer recipiente pequeno esquecido dentro de casa ou nos arredores já é suficiente para ser um criadouro. Ali vão surgir de 30 a 40 novos mosquitos, que vão se proliferar rapidamente”, explica.

Além da facilidade de se reproduzir dentro de casa, por conta das condições ambientais favorecidas, os ovos do Aedes aegypti também podem sobreviver por um tempo sem água, voltando a se desenvolver quando o criadouro é inundado. O mosquito também é silencioso e se esconde facilmente dentro das residências, dificultando a eliminação do vetor na fase já adulta. “Por isso, a melhor estratégia de prevenção é combater os criadouros, porque, assim, é eliminada a produção de uma nova geração de mosquitos”, pontua o biólogo.

Verificação uma vez por semana

Ainda conforme o especialista, é essencial verificar se há possíveis criadouros em casa pelo menos uma vez por semana, já que este é o tempo que as larvas do Aedes demoram para se tornarem mosquitos adultos. “O mosquito demora sete dias para se tornar adulto, da fase do ovo até o amadurecimento. Estabelecendo a verificação dos possíveis criadouros dentro de casa por um dia na semana, constantemente estaremos interrompendo um ciclo, impedindo que surjam os mosquitos adultos. Caso essa vistoria seja feita em uma frequência menor, o ciclo se completa. Por isso, o único método 100% eficaz de combate é a vigilância constante, já que, apesar de também apresentarem eficácia, outros métodos podem ter efeitos adversos ou não serem tão seguros.”

Fábio destaca ainda que impedir a entrada do mosquito já adulto na residência também pode contribuir para o combate, mas nem sempre na prevenção. “Proteger a residência é muito bom no combate ao mosquito adulto. A primeira forma seria colocar telas, fechando todas as entradas de ventilação com essa proteção. Caso isso não seja possível, outra opção é manter a casa fechada no começo da manhã e no final da tarde, quando as temperaturas ficam mais amenas. Por ser um mosquito diurno, a tendência é que o mosquito tente penetrar nas casas nesse horário. Porém, uma vez que ele já está dentro da residência, métodos adicionais devem ser adotados para eliminá-lo do ambiente, seja ele adulto ou na fase de larva.”

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