Homem mata mulher e crava faca no próprio peito em Juiz de Fora

Vítima de feminicídio sofreu múltiplas facadas e não resistiu; suspeito foi socorrido ao HPS e teve pulmão perfurado; feminicídios cresceram 6,5% em Minas


Por Sandra Zanella

27/02/2023 às 15h43

Uma mulher, de 48 anos, foi brutalmente assassinada com múltiplas facadas, no fim da tarde de domingo (26), no Bairro Grajaú, Zona Sudeste de Juiz de Fora. Após golpear a companheira dentro do apartamento onde moravam, o suspeito, 36, cravou a faca contra o próprio peito. Com o pulmão perfurado, ele foi socorrido e encaminhado ao HPS, onde permaneceu internado sob escolta policial. A vítima, identificada como Patrícia Romano, teve o óbito confirmado pelo Samu.

O feminicídio, praticado às vésperas do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, aconteceu na Rua Elói Praxedes. Segundo informações do boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, vizinhos ouviram gritos com pedidos de socorro. Quando viaturas chegaram ao endereço, o Samu já estava no local.

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Uma mulher contou aos militares ter visto o suspeito saindo e retornando ao apartamento logo em seguida, com uma faca cravada no peito, na altura do coração, apresentando sangramento. Os policiais seguiram até a unidade residencial e tentaram contato com o morador, mas não obtiveram resposta. Diante da gravidade do fato, a porta foi arrombada, e Patrícia foi encontrada caída ao solo, ensanguentada. Ela foi atendida pelo Samu, mas já estaria sem sinais vitais.

Já o suspeito foi localizado no quarto, sentado sobre a cama, com a faca ainda fixada no tórax. Ele foi socorrido pela equipe e, ao ser questionado sobre o crime, teria confirmado que havia esfaqueado a mulher, acrescentando ter se autolesionado porque queria morrer. Ele recebeu voz de prisão em flagrante pelo homicídio e ficou sob cuidados médicos no HPS, onde foi submetido a cirurgia. A assessoria da Secretaria de Saúde informou na tarde desta segunda-feira (27) que o paciente tem quadro estável e respira sem a ajuda de aparelhos.

Um perito da Polícia Civil realizou os levantamentos na cena do crime e constatou várias perfurações à faca no corpo da vítima, encaminhado para necropsia no Posto Médico Legal. Ainda conforme a PM, uma vizinha ficou responsável por cuidar do cão que morava na mesma residência. Após a cirurgia no suspeito, a polícia apreendeu a faca usada na ação criminosa e a lâmina de outra arma branca usada na autolesão.

Homem já havia ateado fogo em casa

Há quase um ano, Patrícia já havia sido agredida violentamente pelo companheiro, que chegou a atear fogo em casa na mesma ocasião. De acordo com o registro policial feito na noite de 20 de março do ano passado, a vítima foi encontrada dentro de um estabelecimento comercial, situado ao lado de sua residência. Ela relatou à PM que seu namorado havia lhe agredido com socos na cabeça. Em seguida, a mulher caiu ao solo, sofrendo um corte na parte posterior do crânio.

A vítima acrescentou que o suspeito estaria no interior da residência ateando fogo. Os militares avistaram grande quantidade de fumaça saindo do imóvel, na Rua Geraldo Marini, e solicitaram apoio do Corpo de Bombeiros e do Samu.

O homem foi visto no quintal da casa, em cima de um muro, segurando duas facas nas mãos e gritando que iria tirar a própria vida. Os policiais tentaram acalmá-lo e convencê-lo a soltar as facas e a descer, mas ele não teria acatado as ordens. Muito nervoso, enquanto gritava e xingava, ele teria começado a cortar seus pulsos e, em seguida, atirado uma das facas em direção aos policiais, passando a esfaquear seu próprio pescoço, até cair da altura devido à perda de sangue.

Na sequência, ele retornou para cima da estrutura a fim de evitar ser detido pela PM, mas caiu do telhado de imóvel vizinho e foi socorrido pelas equipes dos bombeiros e do Samu. A vítima também foi levada para o hospital, com lesão na cabeça e edema no crânio. Após intenso trabalho, os bombeiros conseguiram controlar as chamas, as quais colocaram em risco casas próximas.

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Feminicídios e tentativas aumentam 6,5% em Minas

Mesmo diante de tantas campanhas sobre a violência contra a mulher, os feminicídios aumentaram 6,5% em Minas, na comparação entre os dois últimos anos, conforme dados abertos da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Houve 336 casos, entre consumados e tentados, em 2021, e 358 em 2022 (dados de dezembro são parciais). As tentativas de feminicídio tiveram maior incidência, com 181 e 195 ocorrências, respectivamente, crescendo 7,7%, enquanto os crimes que resultaram em mortes tiveram 155 e 163 registros, nesta mesma sequência, indicando acréscimo de 5,1%.

Juiz de Fora acompanhou a tendência de crescimento do estado: houve três feminicídios e cinco tentativas no ano passado, enquanto em 2021 duas mulheres haviam sido mortas e outras três haviam sofrido atentados por violência doméstica ou discriminação de gênero.

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