Novembrinho Azul mira prevenção desde a infância

Ambulatório de Urologia Pediátrica da UFJF busca formar uma geração masculina preocupada com a saúde


Por Tribuna

26/11/2022 às 08h31

Urologista José Netto com seu paciente Davi e a mãe dele, a enfermeira Daniela Santos (Foto: Felipe Couri)

Desde a infância, os meninos são ensinados a não chorar, mesmo quando sentem dor. Assim, os homens não são adeptos de procurar ajuda médica, como se o ato de cuidar da saúde fosse afetar a masculinidade. Há alguns anos, a cor azul invadiu o mês de novembro para conscientizar a população masculina sobre a prevenção do câncer de próstata. No entanto, a comunidade médica foi além: criou o Novembrinho Azul, que busca incentivar as famílias a levarem as crianças e adolescentes do sexo masculino ao urulogista para realizarem exames preventivos e crescerem preocupadas com o assunto.

Segundo o médico urologista, pediatra e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) José Netto, é de conhecimento comum que o homem não se preocupa muito com a saúde. “Vai menos ao médico, fazendo, de uma maneira geral, poucos exames preventivos. O Novembrinho Azul nasceu, então, da necessidade de incluir também a saúde da criança e do adolescente.”

PUBLICIDADE

O médico orienta que os principais problemas urológicos que podem acometer os meninos nessas faixas etárias são fimose, problemas dos testículos, como criptorquidia, varicocele, hidrocele, hérnia e hipospádia. “Além do Novembrinho Azul alertar para esses problemas, é uma oportunidade para informar sobre tamanho e desenvolvimento peniano, puberdade, sexualidade e infecções sexualmente transmissíveis”, explica Netto.

Prevenção antes dos 10 anos

Davi, prestes a completar dez anos, foi um dos pacientes do mês de novembro no HU, como conta sua mãe, a enfermeira Daniela Santos. “Desde quando ele nasceu, eu o levo ao pediatra, mas essa parte de urologia não tem em Cataguases. Apesar disso, a cidade deu toda assistência para que eu viesse a Juiz de Fora e, assim, ele tivesse sua primeira consulta.”

A mãe conta que os médicos são atenciosos, mas acha que, para conseguir chegar a eles demora muito. “Acho que nessa parte poderia ser mais ágil, porque são crianças. Estamos aqui desde 13h e só fomos atendido às 16h; a gente, adulto, tudo bem, mas criança fica cansada com o tempo, quer se alimentar e ir ao banheiro, fazendo com que nós, pais, tenhamos que nos precaver por estarmos em um ambiente hospitalar.”

Assim que o posto encaminhou Davi para o ambulatório especializado no HU, não demorou muito para ele conseguir uma vaga. “De três em três meses, a gente está passando, porque é bom para ele que está crescendo, afinal em breve vai vir a fase da adolescência e o médico pode explicar coisas, que eu, como mãe, não saberia como dizer”. O garoto falou que sempre é um “tempo bom” vir para Juiz de Fora consultar com o professor José Netto. “Gostei muito do atendimento, eles são atenciosos e respeitam muito bem a gente.”

A mãe de Davi é atenta à importância dos cuidados que um garoto precisa ter e, por isso, o levou ao urologista, mas muitas famílias acham que apenas as garotas precisam procurar o médico – no caso, o ginecologista. “A ideia do Novembrinho Azul é conscientizar a população masculina desde os primeiros anos de vida, para que no futuro tenhamos uma população de homens que se cuidam melhor”, destaca José Netto.

Serviço

Crianças e adolescentes que precisam passar pelo ambulatório de Urologia Pediátriaca do HU CAS, antes necessitam de um encaminhamento do posto de saúde para serem atendidos. O HU CAS fica na Avenida Eugênio do Nascimento s/n, Bairro Dom Bosco, Juiz de Fora.

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.