Enfermeira visita bebê 7 meses depois de parto na Favela do Rato

Mãe grávida de 9 meses foi assassinada com tiro, mas equipe do Samu conseguiu salvar o filho


Por Sandra Zanella

26/06/2018 às 14h15

A enfermeira Luana Lopes e o pequeno e forte Lorenzo (Foto: Divulgação/Cisdeste)

A tranquilidade foi drasticamente quebrada na Rua da Paz naquela tarde do dia 17 de novembro, na Favela do Rato, Bairro Santa Terezinha, Zona Nordeste de Juiz de Fora. Prestes a dar à luz, Ana Cláudia da Silva, 26 anos, não pôde ouvir o choro do próprio filho: o tiro direcionado ao companheiro cessou os sentidos da mãe. Felizmente, o bebê foi salvo por uma corajosa equipe do Samu, durante um parto de emergência, após a violenta morte da gestante.

Sete meses depois de participar ativamente do drama, a enfermeira do Samu Luana Lopes visitou o pequeno Lorenzo. No último sábado (23), ela reviveu o caso emocionante e inesquecível para os envolvidos. O bebê está forte e saudável, aos cuidados da avó paterna.

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“É um milagre ele não ter tido sequela, já que nasceu em parada cardiorrespiratória e, por alguns minutos, foi reanimado ainda no local naquela ocorrência. Hoje está gordinho e esperto. Ele é uma inspiração para mim e foi um dos grandes motivadores da continuidade de meu trabalho, buscando sempre extrair o meu melhor pelo outro”, afirmou a enfermeira, por meio da assessoria do Cisdeste (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Sudeste).

Ainda conforme a assessoria, naquele dia, o médico do Samu Helton Forastieri Filho, encorajado pela enfermeira Luana, teve que decidir rapidamente pela cesariana, já que a mãe estava em parada cardíaca e sem condições de reversão. Também integraram a equipe a acadêmica de medicina Lorena Galdino e o condutor socorrista Antônio Ferreira.

A mãe de Lorenzo foi morta com um tiro na cabeça, de revólver calibre 32, dentro da casa onde morava com seus dois primeiros filhos. O alvo do crime seria o companheiro da vítima (18). No entanto, a grávida teria entrado na frente e acabou sendo atingida. Um adolescente (16) foi apontado como suspeito do homicídio e apreendido quatro dias depois pela Polícia Civil. A vítima e o suposto atirador eram vizinhos, moravam lado a lado.

Após o parto, a criança foi levada para a Maternidade Therezinha de Jesus, permanecendo em observação na UTI Neonatal. O nascimento de Lorenzo foi um exemplo de amor, em meio a tanto ódio, para lembrar o verdadeiro valor da vida.

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