Greve de motoristas e cobradores de ônibus é cancelada em JF
Paralisação no transporte coletivo teria início nesta quinta, mas acabou suspensa após profissionais aprovarem proposta salarial das concessionárias
Inicialmente agendada para ocorrer a partir da 0h desta quinta-feira (27), a greve de motoristas e cobradores que atuam no transporte coletivo urbano de Juiz de Fora foi cancelada. Em assembleia realizada nesta quarta-feira, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Juiz de Fora (Sinttro), a categoria descartou a mobilização ao aprovar, por unanimidade, a última proposta feita pelas empresas que detêm a concessão para a prestação do serviço durante negociação mantida entre as concessionárias e o sindicato.
Segundo o Sinttro, a proposta aprovada prevê reajuste salarial de 11,19% e de 7,5% no valor do tíquete-alimentação recebido pelos profissionais. O sindicato afirma ainda que a negociação avançou para a manutenção de cláusulas sociais de interesse da categoria, como a que prevê compensações por antiguidade. Assim, ainda segundo o Sinttro, o que fica pendente são as conversas sobre a manutenção ou retirada do acordo coletivo de trabalho firmado entre as partes de item que garante que a obrigatoriedade da função de cobrador seja mantida no novo ACT. O Sinttro teme que a exclusão da cláusula possa resultar na perda de cerca de mil postos de trabalho.
Há uma semana, na última quinta-feira (20), os trabalhadores do transporte coletivo urbano de Juiz de Fora haviam aprovado a greve que teria início nesta quinta-feira. Contudo, a deflagração do movimento estava condicionada à permanência do impasse nas negociações mantidas entre empregados e patrões, situação que acabou superada com a aprovação da proposta das concessionárias durante a assembleia realizada nesta quarta.
Inicialmente, motoristas e cobradores reivindicam um reajuste salarial de 15%. Até a semana passada, segundo o Sinttro, a proposta das concessionárias era de 4%. O impasse levou a categoria a protestar nas ruas centrais de Juiz de Fora na última semana. Eles fizeram passeatas e chegaram a estacionar vários ônibus que operam no sistema nas faixas exclusivas para o transporte coletivo localizadas na Avenida Rio Branco, o que, mesmo com as pistas de rolamento de veículos comuns liberadas, resultou em lentidão no fluxo e transtorno para o trânsito.
Acordo coletivo
Por meio de nota encaminhada à Tribuna, a Associação Profissional das Empresas de Transportes de Passageiros de Juiz de Fora (Astransp), que representa os consórcios Via JF e Manchester, que operam o sistema de transporte coletivo urbano, confirmou a informação do Sinttro de que as partes manterão discussões sobre a cláusula que prevê a obrigatoriedade da manutenção de cobrador nos veículos que atuam no transporte coletivo.
“Após a categoria profissional aceitar a proposta derradeira de correção salarial, do INPC dos últimos dois anos, período durante o qual não tiveram reajuste, as categorias irão celebrar o acordo coletivo, com todas as cláusulas econômicas e sociais e com previsão de que continuarão a debater a cláusula do cobrador”, afirmam os consórcios.
A nota, todavia, afirma que a proposta colocada e aprovada pela categoria é fruto de “esforço feito pelas empresas”, que têm “imenso prejuízo acumulado”. Segundo a Astransp, “desde antes da pandemia da Covid-19, quando as operadoras já não eram remuneradas pelos custos do sistema, (o sistema) está sofrendo muito com a expressiva queda de demanda”. Assim, as concessionárias afirmam que “fazem mais um sacrifício para atender os colaboradores, que também têm dado sua parcela de contribuição, e evitam uma greve que traria muito transtornos à população”.