CRM vai investigar morte de bebê


Por Tribuna

25/08/2016 às 07h00- Atualizada 25/08/2016 às 07h56

Ezequiel de Freitas mostra atestado de óbito do filho após fazer denúncia no CRM (Fernando Priamo/24-08-16)

Ezequiel de Freitas mostra atestado de óbito do filho após fazer denúncia no CRM (Fernando Priamo/24-08-16)

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A família do bebê Isaque Mattos de Freitas que faleceu na última segunda-feira, no Posto de Atendimento Infantil (PAI), denunciou ontem a morte da criança, de 11 meses, ao Conselho Regional de Medicina (CRM). De acordo com o delegado da entidade, José Nalon, o caso será levado para a corregedoria do órgão, em Belo Horizonte, para que seja instaurado procedimento administrativo a fim de apurar os fatos.

“Deverá ser solicitado o prontuário da unidade de atendimento da criança e também o registro de atendimento feito no PAI, para fazer a confrontação de dados e verificar se houve alguma assistência inadequada”, afirmou Nalon, explicando que, no caso de o médico responsável pelo atendimento ao menino ser investigado, terá sua postura ética durante o atendimento avaliada. “Após julgado dentro do Conselho de Medicina, ele terá direito a recurso. Primeiro, terá direito de se esclarecer. Caso seja condenado, terá direito de recurso no Conselho Federal”, ressalta.

Se condenado, o profissional ficará sujeito a cinco penalidades no CRM, que variam de uma advertência até uma cassação do direito de exercício profissional. “A cassação se aplica às faltas graves, recorrentes, em que se constate dolo, mas, numa situação deste tipo, acho que não será necessária”, observou Nalon.

 

Desabafo

Em frente à sede do CRM, na Rua Braz Bernardino, no Centro, o pai da menino, Ezequiel Laudelino Viana de Freitas, fez um desabafo sobre a morte do filho: “No hospital, ele (o médico) não deu um pingo de atenção ao meu filho e, infelizmente, ontem (terça-feira) eu tive que carregar o caixão dele. Tive que ver meu filho ser enterrado com 11 meses de vida. Não pude nem vê-lo andar. Ele estava aprendendo a me chamar de pai. Mas morreu por negligência do médico que podia ter atendido direito. Não ficou nem cinco minutos com ele no consultório e ainda disse que o menino não tinha nada”, afirmou o pai do bebê, completando: “Ele disse a minha esposa que podia voltar para casa, para assistir às Olimpíadas e que podia acabar de ver o show do Wesley Safadão, pensando que ela queria um atestado, sendo que nem em show ela vai. Ele só passou uma receitinha para comprar um remédio e nem deu tempo de dar o remédio ao meu filho, pois quando ele estava chegando, tivemos que voltar correndo, pois a criança estava desfalecendo no colo da mãe. Quando ele chegou no PAI, a médica disse que já não tinha mais jeito. Eu só peço justiça e mais nada”, declarou Ezequiel entre lágrimas, enquanto mostrava a certidão de óbito do filho. A mãe do menino estava muito abalada e preferiu não dar entrevista. Além de Isaque, o casal tem outro filho, um garoto de 3 anos.

A Tribuna tentou falar com o médico que prestou assistência a Isaque por meio de telefone na tarde de ontem, mas não obteve êxito. A Secretaria de Saúde informou ontem que não discute a conduta médica adotada pelo profissional durante a consulta no Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente. A pasta reforçou mais uma vez “que a criança recebeu a assistência prevista naquela unidade” e afirmou que acompanhará a apuração do caso pelas autoridades competentes.

Familiares serão ouvidos na delegacia

A Polícia Civil também vai investigar a morte do bebê. O inquérito será presidido pelo titular da 7ª Delegacia, Eduardo de Azevedo Moura, que adiantou que os envolvidos serão intimados a prestar depoimento. Ontem, a tia de Isaque, Wanderléia Laudelina Viana de Freitas, disse que a família já foi procurada pela Polícia Civil e que, na próxima semana, os pais da criança serão ouvidos na delegacia. O atestado de óbito confirma que o quadro do bebê era de vômito, diarreia, desidratação e que ele teve um choque hipovolêmico. O estado também é chamado de choque hemorrágico, que pode levar à morte em poucos minutos.

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O caso

De acordo com o boletim registrado pela Polícia Militar, na segunda-feira, dia 22, a mãe de Isaque havia levado o filho ao Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente, na Rua São Sebastião, no Centro, onde ele havia sido atendido e liberado com diagnóstico de virose, após apresentar quadro de vômito, diarreia e desidratação.

No entanto, a jovem não teria sentido confiança no atendimento médico, já que a criança não teria sido sequer tocada, e foi ao PAI, na Avenida dos Andradas. Ao chegar no posto, ela foi informada pela médica que a vítima estava em estado de choque. Ainda foi realizada manobra de ressuscitação, mas a criança não resistiu.

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