Morre Nancy de Carvalho, primeira porta-bandeira de Juiz de Fora

Sambista ajudou a fundar a Escola Feliz Lembrança e o Bloco do Beco, de quem recebeu homenagem em 2015


Por Tribuna

25/07/2017 às 08h01- Atualizada 25/07/2017 às 08h15

Morreu, na noite desta segunda-feira (24), aos 82 anos de idade, a primeira porta-bandeira de Juiz de Fora, Nancy de Carvalho. O prefeito Bruno Siqueira lamentou a morte da sambista nas redes sociais. “É com pesar e muito respeito que recebo a notícia do falecimento da eterna porta-bandeira de Juiz de Fora, Nancy de Carvalho. Muito homenageada pela nossa cidade, ela representou a força da mulher no samba rompendo as barreiras e levantando o pioneirismo, típico do juiz-forano. Meus sinceros sentimentos aos familiares, amigos e a todos do Bloco do Beco e da Escola de Samba Feliz Lembrança, fundada pela família dela. Que Deus console a todos nesse momento difícil”, disse no Facebook. A cantora Sandra Portella também lamentou a morte de Nancy. “Ela se foi.. Nancy, nossa Porta Bandeira, meus sentimentos ao querido Mamão e familiares.” O velório de Nancy acontece na capela do Cemitério São José, em Três Rios (RJ). O sepultamento está marcado para 15h, no cemitério do Bairro Vila Isabel, no mesmo município.

Nancy nasceu no dia 30 de outubro de 1934 em um lar com mais 14 irmãos. A família ajudou a fundar a Escola de Samba Feliz Lembrança, originária do Largo do Cruzeiro, que se mudou logo para a casa da família no Bairro Costa Carvalho, próximo à Avenida Sete de Setembro, reduto da boemia de Juiz de Fora. Aos 5 anos, Nancy já estava envolvida com o carnaval. Um dos irmãos Carvalho, Djalma, foi um dos compositores do antológico samba “Ah, se eu fosse feliz…”

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No começo das escolas de samba no Brasil, sendo estas baseadas na estrutura dos Ranchos Carnavalescos, não havia mestre-sala e porta-bandeira, e sim porta-estandarte. Nelson Silva, baluarte na Feliz Lembrança, ensinou os primeiros passos para Nancy se tornar porta-estandarte e depois porta-bandeira, quando esta atividade foi incorporada pelas escolas de samba. Nessa segunda fase dos desfiles das escolas, a porta-bandeira, figura feminina, já vinha acompanhada de mestre-sala, começando esse processo a partir do Rio de Janeiro e se expandindo pelo Brasil.

Em 2015, Nancy foi a grande homenageada do Bloco do Beco, agremiação que também ajudou a fundar. O bloco levou para a rua o enredo “Nancy, mulata, crioula porta-bandeira”, entoado por ritmistas e a bateria da Escola Real Grandeza, com participação da Tradição do Kitty e da Turma do Betinho. Na época, aos 80 anos, comentou à Tribuna sobre a emoção de desfilar. “Não consigo expressar em palavras o quanto estou feliz. Você não imagina como era na minha casa quando o bloco saía. Hoje estou feliz por estar desfilando aos 80 anos.”

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