JF tem pluviômetros desativados por falta de manutenção
Problema afeta 19 dos 30 equipamentos que deveriam estar em operação, cuja responsabilidade de reparos é do Cemaden, do Governo federal. Órgão promete resolver falhas até maio
Mais da metade dos 30 pluviômetros espalhados por toda a cidade, e monitorados pela Defesa Civil, está desativada por falta de manutenção. Instalados em 2013 pelo Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), para contribuir no trabalho de reforço na prevenção contra desastres, os dispositivos estão, gradativamente, deixando de transmitir as informações em tempo real. Levantamento da Tribuna aponta que dos 30 equipamentos, 19 estão inoperantes, sendo 13 deles desde o ano passado. Sem estes dados, a Defesa Civil tem prejudicado o seu acompanhamento histórico de precipitações por áreas do município, o que pode dificultar o planejamento de médio e longo prazos para reduzir danos causados por tempestades. O órgão local confirma que a falta de manutenção é a responsável pelo problema, embora enfatize que esta seria uma atividade de responsabilidade do Governo federal. Na época da instalação dos pluviômetros, a estimativa era que o custo de manutenção mensal fosse de aproximadamente R$ 60 mil.
Os pluviômetros são equipamentos usados por meteorologistas e profissionais que trabalham no atendimento a desastres, como Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, para compreender a intensidade de determinada chuva e minimizar o tempo de respostas. Além destes 30 pluviômetros, existe outro, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), instalado no Campus da UFJF. No entanto, embora os dados coletados desde a década de 1920 pelo Inmet permita construir uma série histórica de meses mais e menos chuvosos, esta não consegue, sozinha, mostrar a realidade de todo o município. Isso ocorre porque as precipitações são distribuídas de forma não linear, isso é, enquanto uma forte tempestade pode atingir a Zona Norte, este mesmo evento pode chegar à Zona Sul apenas como chuviscos. Por isso a importância da distribuição ampla de dispositivos por várias áreas do município.
Em nota, o Cemaden confirmou que chegou a ter 33 pluviômetros automáticos em Juiz de Fora. Este modelo é o que possibilita a transmissão de informações em tempo real para um sistema nacional. No entanto, para operar, precisa de acesso à internet por meio da rede de dados móveis das operadoras de telefonia celular, apontada como um dos problemas para a interrupção dos trabalhos de parte dos equipamentos. Dos 33, de acordo com o Cemaden,três foram desativados, um por furto e dois por estarem instalados em agências bancárias, cujas parcerias não foram renovadas. Dos demais 30 – incluindo um de informações hidrológicas sobre o Rio Paraibuna, conforme o Cemaden, “11 estão em operação e 19 estão inoperantes por problema técnico na falha de transmissão de dados pelo sistema de telefonia celular e problemas eletrônicos que demandam intervenção de técnicos especializados”.
Manutenção prevista
O Cemaden garantiu que, em 2018, os recursos para manutenção em todo o país estão assegurados até outubro, sendo que em Minas Gerais, os trabalhos estão previstos para os meses de abril e maio. Juiz de Fora seria prioridade neste atendimento. Ainda segundo o Cemaden, as manutenções anuais ocorreram normalmente em 2014, 2015 e 2016, sendo interrompidas em 2017. Isso teria ocorrido, entre outros fatores, por contingenciamento de recursos orçamentários e por um problema causado pela transição entre dois contratos com a empresa de telefonia móvel responsável pela transmissão dos dados em tempo real.
Trabalho preventivo é mantido
Também em nota, a Defesa Civil do município confirmou que parte dos pluviômetros está desativada por falta de manutenção. Ainda assim, salientou que esta situação não impede o trabalho preventivo, apesar de considerar que os equipamentos contribuam “muito” para o trabalho do órgão. Entre outras ferramentas usadas nas atividades, a Defesa Civil destacou os dados de sistema de climatologia que possuem alertas de precipitações, riscos de deslizamentos, entre outros dados. “Além disso, a Defesa Civil possui agentes voluntários que estão dentro das comunidades e fazem contato direto com a equipe de prevenção e resposta quando está acontecendo uma precipitação muito forte e/ou atípica em alguma localidade.”
Segundo a Defesa Civil, outras informações sobre tempestades fortes são informadas pela própria comunidade, por meio do 199, canal usado, ainda, para solicitar orientações e avisar de possíveis problemas, antes mesmo que eles ocorram. Além disso, há as estações hidrológicas da Agência Nacional de Águas (ANA), que monitoram a vazão e o nível do Rio Paraibuna e funcionam como aliada para evitar inundações. Antes de 2013, afirma a Defesa Civil, a cidade contava apenas com pluviômetros feitos de garrafa PET, sem a transmissão de dados em tempo real. Era necessário ir ao local fazer a medição da quantidade de chuvas.