Juiz de Fora tem o janeiro mais chuvoso em 15 anos

Foram 452,8 milímetros até o momento, 40% acima da média prevista para todo o mês


Por Mariana Floriano, sob supervisão da editora Fabíola Costa

25/01/2023 às 19h37

Pancadas de chuva têm sido constantes nos últimos dias em Juiz de Fora (Foto: Felipe Couri)

O mês de janeiro nem acabou e já entra para a história como um dos mais chuvosos de Juiz de Fora. Conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), até terça-feira (25) foram 452,8 milímetros acumulados de chuva, cerca de 40% acima da média prevista para o mês, que é de 322,1 milímetros.

Desde 1973, quando o 5º Distrito de Meteorologia foi instalado no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o Inmet só registrou três ocasiões em que janeiro ultrapassou os 400 milímetros de chuva: em 1985, com 715 milímetros; 2003, com 477,2 milímetros e 2007, com 589,2 milímetros.

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A coordenadora do Laboratório de Climatologia da UFJF, Cássia Ferreira, afirma que, como a previsão é de chuva para os próximos dias, o mês deve superar o acumulado alcançado há 20 anos, em janeiro de 2003. O dado chama atenção e se explica pela associação de diferentes fatores que intensificaram a umidade. Na primeira quinzena de janeiro, de acordo com Cássia, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) proporcionou chuvas intensas e dias nublados a Juiz de Fora. “A área de convergência trouxe umidade do Norte do país direto para a região Sudeste.”

Chuvas típicas de verão

Nas duas primeiras semanas de janeiro, em Juiz de Fora, o céu permaneceu nublado, com chuvas a todo momento e temperaturas amenas. Esse cenário, proporcionado pela ZCAS, mesmo que não pareça, é típico do verão. “Ainda no início do mês, associado a isso, tivemos a presença de frentes frias e outras linhas de instabilidade, não só vindas do Norte, mas também do Oceano Atlântico.” Cássia afirma que as águas do Atlântico estão um pouco mais quentes que o habitual, o que favorece o carregamento de umidade para o continente.

Já agora, caminhando para o fim de janeiro, o cenário mudou. O calor e o céu azul voltaram a dar as caras. Temperaturas na casa dos 30 graus foram aferidas nos últimos dias, assim como pancadas fortes de chuva. “As famosas chuvas de verão estão mais constantes agora, esses temporais estão associados à convergência de umidade do Atlântico, que gera maior instabilidade.” As áreas de instabilidade, segunda Cássia, são pontos na atmosfera no qual há muitos ventos, formação de nuvens e, consequentemente, precipitações. As temperaturas mais altas também ajudam na formação de nuvens carregadas, que trazem pancadas no fim da tarde. “Se antes você tinha dias nublados, densos, com temperaturas um pouco mais baixas, agora nós temos esses dias com chuvas mais concentradas.”

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