Atendimentos por picadas de animais peçonhentos crescem 30% no HPS

Somente em 2022, foram mais de 500 casos registrados; especialista aponta principais medidas para evitar aparecimento desses animais


Por Gabriel Magacho, estagiário sob supervisão da editora Fabíola Costa

25/01/2023 às 08h04- Atualizada 30/01/2023 às 12h18

O período chuvoso, acompanhado da elevação das temperaturas médias no verão, é geralmente associado ao aumento da proliferação de escorpiões e outros animais peçonhentos nas áreas urbanas. Ainda que as picadas advindas desses animais geralmente não sejam imediatamente letais, é necessário que as vítimas recebam atendimento médico logo após o acidente, tendo em vista que o veneno do animal pode gerar diversas complicações no corpo humano. Somente no último ano, o Hospital de Pronto Socorro Dr. Mozart Teixeira (HPS), considerado o único estabelecimento da rede pública de Juiz de Fora especializado no atendimento a vítimas de picadas de animais peçonhentos, registrou 510 atendimentos relacionados a acidentes com animais peçonhentos.

O número representa aumento de 30% em relação ao total verificado em 2021, quando 391 vítimas de picadas de animais peçonhentos foram recebidas no local. De acordo com o biólogo e professor do Departamento de Zoologia da UFJF, Fábio Prezoto, a atual época do ano também favorece o aumento das populações de insetos, tais como as baratas, que são consideradas a principal fonte de alimentação dos escorpiões nos centros urbanos.

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“Uma grande proliferação de baratas acaba atraindo, por consequência, a atenção de predadores como os escorpiões. Ou seja, um aumento na concentração desses insetos nas bocas de lobo ou em tubulações tende a fazer com que os escorpiões entrem nas residências. Desta forma, os incidentes domésticos acontecem quando esses animais adentram nos cômodos pelos ralos ou até mesmo pelos jardins”, explica o professor, que também indicou que os escorpiões gostam de se esconder em locais escuros devido ao fato de serem considerados animais com hábitos noturnos.

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Especialista aponta principais medidas para evitar aparecimento de escorpições (Foto: Divulgação/Ministério da Saúde)

Biólogo dá dicas para prevenir o aparecimento dos escorpiões

Diante das diversas condições que provocam o aparecimento dos escorpiões nas residências, Prezoto cita medidas que podem evitar acidentes domésticos envolvendo picadas destes animais. “Para prevenir a proliferação dos escorpiões, é importante reduzir ao máximo a possibilidade de que as presas deles, tais como as baratas e outros insetos, estejam presentes no ambiente doméstico. Outro ponto importante é que os ralos das casas permaneçam fechados, para evitar que os animais possam passar pelos orifícios e conseguir adentrar nas residências. A desinsetização também pode ajudar no combate, já que ela vai retirar os insetos que são alimentos para os escorpiões”, recomenda o biólogo.

O professor também destacou a importância de redobrar a atenção diante de locais que sejam escuros ou que possuam acúmulo de entulhos, tendo em vista que estes são os esconderijos preferidos do escorpião. “Os escorpiões são responsáveis por muitos acidentes e muitas picadas, que acontecem na maioria das vezes de maneira acidental e, geralmente, eles acabam se escondendo em locais escuros, como, por exemplo, no interior de um calçado. Desta forma, no momento em que a pessoa coloca o calçado, ela entra em uma situação de risco, em que o escorpião vai se defender praticando a picada contra o indivíduo”, avalia.

Consultado pela reportagem, o Setor de Zoonoses da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) afirmou que os escorpiões também tendem a aparecer com maior frequência em bairros mais antigos com presença de tubulação abandonada, além dos que são próximos a cemitérios ou que possuam locais com acúmulo de madeiras, material de construção e lixo. Além disso, para impedir a entrada dos escorpiões nas residências, é recomendado que todos os cômodos estejam limpos e que frestas de portas e janelas estejam vedadas. Ao perceber a presença desses animais em bocas de lobo ou nas proximidades de residências, os moradores devem solicitar à PJF o controle da população dos escorpiões em áreas externas, por meio da aplicação de veneno, no telefone 3690-7030.

Picada requer cuidado imediato

No caso de um acidente envolvendo uma picada de escorpião, é importante que a vítima seja encaminhada imediatamente para receber atendimento médico. Em Juiz de Fora, apenas o HPS realiza, por meio do Setor de Soroterapia e Profilaxia da Raiva Humana, o atendimento relacionado a picadas de animais peçonhentos. Em nota, a PJF reafirmou que o atendimento acontece 24 horas por dia e é realizado de acordo com a urgência e a gravidade, podendo ser necessário que a vítima fique em observação por algum tempo. Além disso, é recomendado que a população leve, se possível, o animal peçonhento para facilitar a identificação e agilizar o atendimento.

Prezoto também explicou que, por mais que sejam raros os casos em que as picadas de escorpiões gerem a morte imediata da vítima, é importante receber o atendimento médico o mais rápido possível após o acidente. “O veneno dele, além de ser extremamente tóxico, é bastante potente. Dependendo de cada pessoa, a reação pode ser muito forte. Não é comum pessoas morrerem por picadas de escorpiões, mas o veneno pode ter a capacidade de deixar a região ferida muito dolorida, com dor bastante aguda, que pode ser acompanhada pela necrose do membro atingido”, alerta.

 

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(Errata: diferente do que foi originalmente publicado, os dados de atendimentos no HPS referem-se a todos os animais peçonhentos, e não apenas os escorpiões)

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