Homem é preso por manter mulher e criança em cárcere privado


Por Marcos Araújo

24/10/2014 às 16h04- Atualizada 24/10/2014 às 19h40

 A alimentação de mãe e filha durante esse tempo teria sido à base de água e biscoitos
A alimentação de mãe e filha durante esse tempo teria sido à base de água e biscoitos

Atualizada às 18h54

Em um imóvel pequeno, com apenas quatro cômodos, uma criança de 2 anos e sua mãe, de 24, ficaram trancadas durante três meses, alimentando-se precariamente apenas com biscoito e água. O caso foi descoberto pela Polícia Civil, na última quinta-feira, no Bairro Solidariedade, na Zona Sudeste de Juiz de Fora. As duas, oriundas do Estado do Pará, eram mantidas em cárcere privado por um pedreiro, 34, que a mulher conheceu pela internet e com quem manteve um relacionamento virtual por três anos. Ele foi preso pelos policiais em flagrante pelos crimes de cárcere privado e Lei Maria da Penha e conduzido para o Ceresp, de onde havia saído em agosto desse ano, depois de cumprir pena por estupro.

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Na tarde desta sexta-feira , durante entrevista à imprensa, policiais apresentaram o local onde mãe e filha ficaram presas, na Rua Amadeu Guimarães. O local estava desarrumado, com roupas espalhadas pelo chão e colchões revirados. Na cozinha, não havia mantimentos, e uma mamadeira com água, que provavelmente era usada pela criança, foi abandonada no local. Os vizinhos, conforme a investigação, alegaram que não tinham conhecimento do que acontecia na residência. Esse fato causou estranhamento à delegada Regional, Sheila Oliveira. “Aqui tem casas próximas, uma em frente à outra, com paredes geminadas. Não é possível que ninguém tenha detectado essa situação”, afirmou, acrescentando que é possível que as pessoas tivessem medo.

A ação que resultou na prisão do pedreiro foi desencadeada pela Inspetoria Regional em parceria com a equipe da Delegacia de Homicídios. De acordo com a delegada Regional, Sheila Oliveira, depois de serem libertas, mãe e filha voltaram para o Pará, já que a família fez o depósito para que a moça e a criança, que não era filha do suspeito, voltassem para a casa. Segundo a polícia, o caso veio à tona depois que a vítima conseguiu pegar o chip do celular do pedreiro, num momento em que ele estava sob efeito de entorpecentes e fez uma ligação para familiares, no Pará. A mãe da vítima denunciou o sofrimento da filha à Polinter paraense e esta, por sua vez, acionou a Polícia Civil juiz-forana.

Para a delegada Sheila Oliveira, o local do cárcere era impróprio para permanência de pessoas e, principalmente, de uma criança que ainda era amamentada. Conforme a policial, a menina foi encontrada em estado de tristeza, apatia e desnutrição. A mãe dela, como relatou que era agredida constantemente, passou por exame de corpo de delito, diagnosticando diversos hematomas pelo corpo. “Depois que chegou em Juiz de Fora e viu que a situação era diferente do que imaginava, a vítima tentou ir embora, mas foi impedida. Ele retirou dela seus documentos, celular e cartões. Ele saia para trabalhar e trancava a mulher e a criança no local. A moça nos disse que ele usava muita droga e bebida alcoólica, além de vender entorpecente no imóvel”, informou Sheila. A polícia agora irá investigar como o pedreiro utilizava a internet no Ceresp, já que o relacionamento com a vítima começou quando ele ainda cumpria pena.
A delegada fez um alerta a respeito de relacionamentos pelas redes sociais. “É muito perigoso, porque, na internet, vale tudo. A pessoa cria uma situação imaginária, alguém que não é e, do outro lado, o outro acredita e acaba caindo em situações arriscadas e perigosas.” Não foi encontrada substância entorpecente no imóvel, apenas um cachimbo e resquícios de uso de drogas.

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