Com transporte coletivo reduzido, usuários têm dificuldade em deslocamentos em JF

Cinturb garante que adotará estratégia para tentar evitar a paralisação completa do serviço


Por Tribuna

24/05/2018 às 17h34

Na Avenida Getúlio Vargas, o movimento de pessoas nos pontos foi intenso (Foto: Olavo Prazeres)

A greve dos caminhoneiros afetou o transporte coletivo urbano em Juiz de Fora nesta quinta-feira (25). Pelo menos metade da frota de ônibus foi retirada de circulação entre 9h e 16h. Conforme o Consórcios Integrados do Transporte Urbano (Cinturb), a redução foi ainda maior nos bairros que contam com maior quantidade de linhas. A medida gerou transtornos para os usuários que tiveram que enfrentar redução de veículos e superlotação nos coletivos. Como consequência, muitas pessoas perderam ou chegaram atrasadas em seus compromissos, como consultas médicas e aulas.

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A empregada doméstica Maria das Graças Germano, 59 anos, contou que tentou sair de casa no Bairro Ipiranga no horário normal, mas que se atrasou para o serviço pela falta de ônibus nas ruas. “Saí no meu horário normal e demorou muito tempo. O ônibus veio super lotado. O pessoal reclamando muito. Estou bem atrasada, mas avisei minha patroa, e ela entendeu.” A situação se repetiu com o aposentado José Geraldo, 50, que aguardava um ônibus que pudesse levá-lo ao dentista, na Avenida Barão do Rio Branco. “Sei que vai demorar por causa da redução de ônibus. Vou ter que cancelar o dentista, pois não vai dar tempo de chegar.”

Na Avenida Getúlio Vargas, o movimento de pessoas nos pontos foi intenso. Vários usuários reclamavam da demora e da superlotação, principalmente no sentido Zona Norte. Gessiane Alves, 40, aguardou cerca de 40 minutos a linha para o Santa Cruz. Ela necessitava levar seu filho, Paulo, na escola. “Estou aqui esperando faz tempo. Ele precisa ir à aula, mas desse jeito vai acabar se atrasando. Hoje está muito complicado tudo. Pensei em pegar um Uber, mas eles também não têm gasolina”.

Horário reduzido

De acordo com o Cinturb, fora do horário de racionamento, a circulação normal estará mantida. No entanto, caso a greve persista, será adotada nova estratégia para tentar evitar a paralisação completa do serviço. O atendimento à população está reduzido entre 9h e 16h e a partir das 20h até o final da operação.

Dia da Liberdade sem Imposto

Com redução das linhas de coletivos urbanos, Rio Branco ficou vazia (Foto: Olavo Prazeres)

Em meio às dificuldades dos motoristas para abastecer seus veículos e ao elevado preço do combustível, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) realizou, nesta quinta-feira (24), o Dia de Liberdade de Impostos. O movimento, no âmbito do varejo, consiste na oferta do produto com preços sem a incidência de impostos. Nessas condições, foram abastecidos 40 carros e 25 motos. Até uma hora antes do início da ação, às 9h, todas as senhas já haviam sido distribuídas. Em Juiz de Fora, a iniciativa aconteceu no Posto Padre Café, no Bairro São Mateus. O valor praticado foi de R$ 2,355 o litro, sendo o limite de abastecimento de 20 litros para carros e oito para motociclistas.

O primeiro motorista a chegar ao posto foi Victor Hugo Fonseca, 22 anos. Motorista de veículos por aplicativo, ele deixou o carro estacionado no posto às 23h de quarta-feira para abastecer o tanque, e foi para casa dormir, retornando às 7h do dia seguinte. “Não queria fazer isso, mas era o que dava. Estava quase sem gasolina, não consegui abastecer ontem pela fila e pelo preço nos postos. Hoje cedo peguei um ônibus e voltei pra cá”, conta.

Segundo a proprietária do posto e diretora regional de Juiz de Fora do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Renata Carvalho, a ação foi possível uma vez que o posto havia se comprometido, antes do movimento de paralisação dos caminhoneiros, em reservar cerca de mil litros para ação. “Nós reservamos o combustível, já que no posto acabou ontem por volta de meio dia. É importante esse movimento diante do cenário que vivemos atualmente. Como somos a ponta da cadeia, muitas vezes é atribuído ao proprietário o alto custo do combustível”,

Problemas na fila

Com a escassez de combustível em diversos postos da cidade, motoristas fizeram fila na Avenida Presidente Itamar Franco, na tentativa de abastecer no posto localizado na Rua Padre Café, onde o combustível é vendido a R$ 2,35, em uma ação promocional do Dia da Liberdade sem Imposto. No entanto, o posto informou que apenas motoristas com senha teriam os carros abastecidos.

O motorista Gilberto Monteiro era um dos que estavam na fila sem senha na tentativa de abastecer o carro. Sem gasolina, ele empurrava o carro na tentativa de conseguir combustível. “Minha gasolina acabou aqui na fila. Tô na expectativa de conseguir pelo menos um pouco. Não tô sabendo de nada de fila. Preciso chegar em casa ou o carro vai ficar parado aqui.”

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Fila para abastecer no posto da Padre Café causou longa fila na Itamar Franco (Foto: Pedro Capetti)

O desespero por combustível era compartilhado pelo organizador de evento, César Augusto. Em Juiz de Fora para atividades de trabalho, ele chegou a oferecer R$ 200 pela senha do abastecimento. A proposta, no entanto, não foi aceita. “Agora preciso voltar pra BH e to preso na reserva. Só tenho combustível para conseguir . Se não tiver como, vou caçar um hotel até a situação resolver”, lamentou

De acordo com Renata, o Minaspetro não tem um levantamento de postos que estão com escassez de combustível na região. No entanto, ela frisou que o sindicato apoia as paralisações realizadas pelos caminhoneiros nos últimos dias. “Apoiamos mesmo sabendo que somos o mais impactados por estarmos na ponta da cadeia e a nossa atividade é fim. Nosso objetivo que é cheguem num acordo favorável e que isso se regularize amanhã, o mais tardar”, conclui.

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