Ordem para matar taxista no Santo Antônio teria partido da cadeia

Polícia Civil desvenda homicídio ocorrido em julho de 2017 com ajuda testemunhas veladas


Por Sandra Zanella

22/03/2018 às 13h21

A Polícia Civil apresentou nesta quinta-feira (22) dois suspeitos de envolvimento no assassinato do taxista Ricardo de Carvalho Domingos, 23 anos, morto a tiros na garagem de sua residência, na noite do dia 27 de julho do ano passado, no Bairro Santo Antônio, na Zona Sudeste de Juiz de Fora. De acordo com o titular da Delegacia Especializada de Homicídios, Rodrigo Rolli, a ordem para executar a vítima partiu de dentro da Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires.

O suposto mandante é um detento, 32, condenado a 52 anos de prisão, conforme a polícia, por uma série de crimes, incluindo assassinatos, roubos e tráfico de drogas. Segundo as investigações, a motivação é passional. O preso já teria ameaçado Ricardo, determinando que ele se mudasse do Santo Antônio, porque o rapaz teria se relacionado com a mulher dele. Já o executor seria um jovem, 18, preso pela Polícia Militar no último dia 3 por tráfico e com carro clonado no mesmo bairro. Desde a data, ele está no Ceresp, à disposição da Justiça.

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“As investigações começaram no dia seguinte ao crime, com a linha seguindo uma questão de relacionamento amoroso, envolvendo uma mulher. A vítima não tinha qualquer tipo de passagem, não tinha envolvimento com o tráfico, era trabalhadora. Antes do homicídio, o jovem já tinha sido ameaçado por um traficante da região, que está preso em unidade prisional há cerca de seis anos. O detento descobriu que o morador teria tido um relacionamento amoroso com a esposa dele e determinou que deixasse o Bairro Santo Antônio”, explicou Rolli. Segundo ele, mesmo detido, o suspeito teria continuado a comandar o tráfico naquela região. “Uma das pessoas que trabalhava para ele era o jovem de 18 anos, executor desse crime.”

Para o delegado, o taxista não teria “levado a sério” a ameaça, porque já teria parado de se relacionar com a mulher do detento, mas acabou sendo morto de dois a três meses depois. “Por ser morador desde a infância do Alto Santo Antônio, ele não quis deixar o local. Em decorrência disso, em face à sua permanência na região, acabou sendo executado com vários tiros, no dia 27 de julho, por volta das 22h.” Testemunhas teriam visto o executor agir na Rua Primeira Vitória. Após ser alvejado, Ricardo caiu próximo à parte traseira de um carro com perfuração na nuca. O portão da garagem ainda estava aberto. Além do ferimento na cervical, o jovem também foi atingido na lombar.

Testemunhas veladas
Rolli destacou que as apurações foram concluídas com cerca de cinco testemunhas. “Nos últimos 15 dias, as investigações ganharam novo rumo. Testemunhas veladas confirmaram nossa linha de investigação. Tanto o mandante quanto o executor já tinham sido ouvidos nesse inquérito, mas negaram os fatos. Até então, não tínhamos provas robustas desses autores. Com esses últimos depoimentos, conseguimos de forma clara e inequívoca chegar à autoria e à motivação.” De acordo com o policial, a mulher, 21, também foi ouvida e negou ter mantido qualquer relação com a vítima após estar comprometida com o detento, mas afirmou já ter tido um relacionamento anterior com o taxista.

O inquérito será remetido à Justiça nos próximos dias com os pedidos de prisão preventiva dos dois envolvidos. O titular da Especializada de Homicídios ainda pretende elucidar de que forma a ameaça e a ordem de execução teriam partido da Ariosvaldo. “Não sabemos se foi por visitante, por telefone ou por qualquer outro meio.” Rolli enfatizou que Ricardo era uma pessoa íntegra, sem qualquer tipo de passagem policial.

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