Dezenas de pessoas participam de ato contra o racismo em Juiz de Fora

Grupo se reuniu em frente ao Carrefour pedindo justiça pela morte de João Alberto Silveira Freitas, morto em uma unidade da rede, em Porto Alegre


Por Gracielle Nocelli

21/11/2020 às 12h59- Atualizada 21/11/2020 às 14h40

Foto: Ana Lívia Medeiros

Um grupo se reuniu em frente à unidade do Carrefour, em Juiz de Fora, na manhã deste sábado (21), para a realização de ato contra o racismo. Por meio de cartazes e falas de protesto, eles mostraram a indignação sobre a morte violenta de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, espancado por dois seguranças nas dependências de uma unidade da rede em Porto Alegre, na última quinta-feira (19), véspera do dia em que se celebra a Consciência Negra.

O ato foi organizado pelo Movimento Negro Quilombo Raça & Classe, a Central Sindical e Popular (CSP) – Conlutas e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). “O nosso objetivo é manifestar a indignação contra essa ação racista, violenta e criminosa, e, também, exigir que a justiça seja feita e os autores sejam punidos”, informou o integrante do Movimento Negro Quilombo & Raça e Classe, José Deniac Malaquias da Silva, à Tribuna.

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De acordo com a organização, a manifestação é uma forma de alertar a sociedade sobre a necessidade de combater o racismo, a opressão e o genocídio da população negra. “Nós do movimento negro, juntamente com outros movimentos sociais, lutamos para mostrar que as vidas negras importam sim, que precisamos combater o racismo, lutar para que a população negra possa ter mais dignidade e respeito e que tenham os seus diretos garantidos como cidadão”, declarou José. A organização estima que cerca de 60 pessoas tenham participado da manifestação.

Nota oficial

Em nota oficial emitida à imprensa na sexta-feira (20), o Carrefour informou que “adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso” e “romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão”. A rede também afirmou que o funcionário que estava no comando da loja em Porto Alegre será desligado e que prestará o suporte necessário à família de João Alberto.

O texto diz, ainda, que “o Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente. Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais.”

Manifestações pelo Brasil

Conforme a Agência Estado, o assassinato de João Alberto, homem negro de 40 anos, por seguranças no Carrefour Passo D’Areia, em Porto Alegre, gerou protestos em diversos locais do Brasil nesta sexta-feira. Manifestantes entraram em unidades do supermercado.

Na capital do Rio Grande do Sul, a manifestação começou no início da tarde de sexta, em frente à loja onde aconteceu o crime. Com cartazes, bandeiras e faixas destacando que “vidas negras importam”, milhares de manifestantes exigiram justiça pelo assassinato . A realização do protesto ganhou adeptos nas redes sociais.

Em São Paulo, um grupo de artistas pintou a hashtag “#VidasPretasImportam” em uma das pistas da Avenida Paulista, sentido Rua da Consolação, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), na madrugada deste sábado. Na sexta, cerca de 600 manifestantes se concentraram no local e, em seguida, caminharam em direção ao Carrefour que funciona na Rua Pamplona. Uma pequena parte dos manifestantes pegou pedras dos vasos do estacionamento e arremessou contra os vidros do supermercado.

No Rio de Janeiro, dezenas de manifestantes fizeram um protesto no supermercado Carrefour da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. Aos gritos de “Assassino, Carrefour”, eles chegaram a protestar até mesmo dentro do supermercado, pedindo para que a unidade fechasse.

Em Brasília, as manifestações se concentraram no Carrefour localizado na Asa Sul. O ato começou na rua e depois entrou na unidade para pedir seu fechamento.

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A manifestação em Belo Horizonte aconteceu em frente a uma das lojas do grupo no Centro da cidade. O supermercado teve as portas fechadas logo depois do início do protesto, por volta das 15h. A Polícia Militar acompanhou toda a manifestação.

Em Fortaleza, houve dois protestos, o primeiro, que já estava organizado, ocorreu em frente à Secretaria de Segurança Pública, e o segundo em frente ao supermercado Carrefour, no Bairro Aldeota, zona nobre da capital cearense.

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