Suspeito de abusar de garoto de 13 anos é amarrado à grade de prédio

Homem, imobilizado por meio de cordas com a ajuda de populares, foi flagrado pelos próprios pais da vítima, quando teria molestado o adolescente após o mesmo deixar a irmã mais nova na escola


Por Sandra Zanella

20/09/2017 às 12h09- Atualizada 20/09/2017 às 20h14

Suspeito chega à delegacia em Santa Terezinha (Foto: Leonardo Costa)

Um homem de 36 anos foi amarrado à grade do prédio onde mora e preso pela Polícia Militar pelo crime de estupro de vulnerável por suspeita de abusar sexualmente de um garoto de 13 anos, na manhã desta quarta-feira (20), no Bairro Cidade do Sol, na Zona Norte de Juiz de Fora. Ele foi flagrado pelos próprios pais da vítima, por volta das 9h30, quanto teria molestado o adolescente após o mesmo deixar a irmã mais nova na escola. Já desconfiada há três meses do crime, devido aos presentes e dinheiro recebidos pelo filho, a família contou ter tido a confirmação na noite anterior, após o jovem aparecer com um celular, um par de chinelos e R$ 10, supostamente dados pelo suspeito. O homem foi imobilizado por meio de cordas, com a ajuda de populares, até a chegada da PM. Apesar de o caso ter causado aglomeração na Rua Negrão de Lima e de o suspeito ter saído ferido, a polícia disse não ter ocorrido tentativa de linchamento.

Mãe da vítima mostra itens supostamente dados pelo suspeito (Foto: Leonardo Costa)

De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima confirmou ter sido abordada pelo conhecido e, após uma breve conversa, ter tido o órgão genital segurado por cima da bermuda. Segundo o policial à frente da ocorrência, sargento Genilson Jorge, o suspeito sofreu lesões pelo corpo que ele alega terem sido causadas por golpes de estilete desferidos pela mãe da vítima. Em entrevista à Tribuna, a dona de casa, 40, afirmou ter apenas imobilizado o homem com a corda que levava na bolsa. Ela acrescentou que foi agredida com empurrões ao abordar o suspeito e que ele ficou se debatendo na grade, tendo, inclusive, dado um soco no rosto do marido dela, um pedreiro, 46. A mulher relatou que os ferimentos sofridos pelo homem seriam em decorrência da queda dele sobre cacos de vidro na via pública.

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Conforme o sargento Genilson, o preso foi medicado na UPA Norte, onde foram constatados vários cortes, nos braços e nas costas, além de escoriações nas pernas. “Não foram cortes profundos, mas foram muitos, alguns extensos. Só de um lado tinha cerca de 15.” O casal ressaltou não ter tentado fazer justiça com as próprias mãos. No entanto, de acordo com o delegado Rodrigo Rolli, titular da Especializada em Homicídios, a mãe do garoto responderá a procedimento criminal.

O adolescente foi conduzido para o HPS, para ser submetido a exames pelo Protocolo de Atendimento ao Risco Biológico Ocupacional e Sexual (Parbos), não sendo constatada conjunção carnal. No entanto, o crime de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A da Lei de Crimes Sexuais, pune com pena de oito a 15 anos de reclusão quem mantiver qualquer tipo de relação sexual com menor de 14 anos.

De acordo com o policial, o suspeito negou já ter molestado o garoto e alegou ter saído de casa na manhã desta quarta para passear com um cachorro, garantindo não ter ido atrás da vítima. O homem recebeu voz de prisão em flagrante, foi levado para o plantão da delegacia e, posteriormente, conduzido ao Ceresp.

Homem era vizinho da família no Parque das Torres

O homem suspeito de ter abusado do garoto de 13 anos preso nesta quarta-feira (20) já foi vizinho da família da vítima em outro bairro da Zona Norte há cerca de um ano. A mãe, 40, contou ter percebido, na época, a intimidade dele com crianças e adolescentes. “Meu menino começou a chegar em casa com uns CDs de video game diferentes. Vi também que ele chamava meu filho na rua e ficava sentado no meio-fio com vários moleques em volta. Até discuti e falei que era pedófilo. Ele disse que eu tinha tido uma má impressão dele por gostar de crianças. Pedi para ficar longe do meu filho.”

Nos últimos três meses, a mulher estranhou o adolescente aparecendo com dinheiro, brinquedos e alguns alimentos. “Vi até uma garrafa de refrigerante onde ele estava guardando as notas. De repente, apareceram celulares. Mas ele ficava com medo do pedófilo fazer algo e não me contava”, lamentou. Depois, ela descobriu que o suspeito coagia o garoto, dizendo: “Estou te dando essas coisas, mas não fala com a sua mãe, porque ela é brava. Fica quietinho para eu poder continuar te dando presentes.” Com o passar do tempo, a mãe percebeu mudanças no comportamento do filho, o qual teria ficado mais nervoso e agitado. “Ele foi tomando conta do psicológico dele. Mas a verdade, por mais dura que seja, uma hora aparece.”

Após saber que o homem ficaria esperando a vítima deixar a irmã de 9 anos na escola, próximo à sua casa, para uma provável investida, os pais decidiram agir, junto com o filho mais velho, 17. “Desta vez, levei a corda com a intenção de segurá-lo até a autoridade chegar e tomar providência, porque ele é forte e não ia conseguir detê-lo”, contou a mulher, negando agressão. “Ele machucou porque rolou nos cacos de vidro no chão e ficou tentando se soltar. A população ficou revoltada, mas ninguém bateu nele.” Muito abalada com o abuso confessado pelo garoto, ela disparou: “Queremos justiça. Ele tem que ir para a cadeia pagar pelo que fez com meu filho.”

O pai da vítima, 46, ponderou: “Não podemos fazer justiça com as próprias mãos. Resolvemos pegá-lo em flagrante marcando o menino e chamamos a polícia. Mas como estava agressivo, decidimos amarrá-lo para não escapar.” Um comerciante, 40, apoiou a iniciativa. “Emprestei outra corda e ajudei a segurá-lo, porque o vi empurrando a mulher na rua. Todo mundo tem família, e é muito grave.”

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Embora tratem-se de situações diferentes, o fato de o suspeito de estupro ter sido atado a uma grade de ferro remete aos casos de supostos autores de furtos e roubos agredidos e amarrados a postes na cidade do Rio de Janeiro. Em abril, o alvo foi um homem, 26, que teria roubado um celular. Em fevereiro de 2014, foi a vez de um adolescente, 15, que teria tentado assaltar turistas. Nos casos do Rio, as ocorrências ganharam repercussão porque os suspeitos teriam sido submetidos a uma espécie de julgamento prévio, beirando à barbárie.

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