Família cobra esclarecimento sobre morte


Por SANDRA ZANELLA*

19/11/2014 às 07h00- Atualizada 19/11/2014 às 18h15

Centenas de familiares e amigos acompanharam sepultamento de Matheus (detalhe), ontem pela manhã, no Cemitério Municipal

Centenas de familiares e amigos acompanharam sepultamento de Matheus (detalhe), ontem pela manhã, no Cemitério Municipal

PUBLICIDADE

Centenas de pessoas acompanharam ontem as cerimônias de velório e sepultamento do jovem Matheus Goldoni Ribeiro, 18 anos, encontrado morto, no final da manhã de segunda-feira, nas águas da cachoeira do Vale do Ipê, entre a região central e a Cidade Alta. O enterro aconteceu ontem às 10h30 no Cemitério Municipal. Emocionada e visivelmente muito abalada, a mãe de Matheus, Nívea Goldoni Soares Ribeiro, 42, fez apenas um pedido: “Espero que tudo seja esclarecido.” O jovem estava desaparecido desde a madrugada de sábado, quando foi “convidado a se retirar” da casa noturna Privilège e colocado para fora por seguranças, após uma briga “sem gravidades”, e visto pela última vez na Estrada Engenheiro Gentil Forn.

Em meio a lágrimas, amigos, parentes e vizinhos do jovem, que era morador do Bairro Santa Efigênia, Zona Sul, fizeram um cordão na saída do cortejo e, de mãos dadas, rezaram o “Pai Nosso”. A oração foi seguida de salva de palmas e gritos de “queremos justiça”. A emoção também tomou conta de todos no momento do último adeus, quando uma música foi cantada em homenagem a Matheus.

Apesar da dor, Nívea disse ter sido surpreendida pela quantidade de pessoas que fizeram questão de comparecer ao Cemitério Municipal durante o velório e enterro. “Quero agradecer a todos que vieram. Não imaginava que meu filho fosse tão amado.” Amigos estão se mobilizando para um novo protesto pacífico, nas imediações da casa noturna, na próxima sexta.

[Relaciondas_post] Intimações

O titular da Delegacia Especializada de Homicídios que investiga a morte de Matheus, Rodrigo Rolli, informou ontem que os seguranças e responsáveis pela boate onde o jovem esteve, o pai o irmão de Matheus foram intimados na tarde de ontem e deverão ser ouvidos nesta quinta-feira pela manhã. Conforme Rolli, na tarde de ontem, a perícia informou que a carteira e o celular do jovem não estavam com ele e nem nas proximidades do local onde o corpo foi encontrado. Apenas um cordão foi encontrado. “Requisitei à casa noturna os HDs, contendo filmagens das câmeras do local. O material será encaminhado para Belo Horizonte, onde será periciado”, disse Rolli, acrescentando que, até agora, nenhuma hipótese para a morte do rapaz foi descartada.

Segundo o delegado, na tarde de ontem, foram intimados o gerente, diretor e dois seguranças da boate. Também foram expedidas intimações para o pai e o irmão de Matheus Goldoni. As oitivas começam amanhã. “Depois desta fase, vou começar a ouvir outras testemunhas que forem citadas, entre elas, os proprietários dos veículos que o jovem teria danificado”, disse.

Laudo só fica pronto em dez dias

No dia em que o corpo de Matheus Goldoni Ribeiro foi localizado, durante as buscas retomadas pelos bombeiros, o delegado Rodrigo Rolli adiantou que a análise preliminar do médico legista apontou afogamento como a provável causa do falecimento do jovem, que teria morrido cerca de 48 horas antes de ser encontrado na água. No entanto, as circunstâncias em que ocorreram a morte ainda não foram esclarecidas. Mesmo não havendo evidências de agressão, em um primeiro momento, o delegado não descarta nenhum hipótese, como homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte) ou queda acidental. “O laudo da necropsia deverá ficar pronto em até dez dias.”

O conteúdo continua após o anúncio

Na segunda-feira, a assessoria de comunicação da Privilège divulgou nota afirmando que presta sua solidariedade à família do jovem e se disponibiliza a ajudar nas investigações. Conforme a nota, “o club foi informado que, do lado de fora, ele (Matheus) desceu em direção ao Centro quebrando retrovisores de automóveis estacionados na Estrada Engenheiro Gentil Forn. Ao tomar conhecimento sobre este episódio, um segurança desceu a estrada, mas o jovem já não foi localizado”.

* colaborou Michele Meireles

 

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.