Fábrica já registrara três acidentes fatais, o pior em 1944, que deixou 14 mortos


Por Michele Meireles e Guilherme Arêas

17/08/2016 às 19h43- Atualizada 18/08/2016 às 09h11

Revista mostrou desastre, que matou 11 mulheres e três homens
Revista mostrou desastre, que matou 11 mulheres e três homens

Outros três desastres já haviam sido registrados na Indústria de Materiais Bélicos (Imbel), antes chamada de Fábrica de Estojos e Espoletas de Artilharia do Exército (FEEA), sendo o mais grave no dia 5 de março de 1944. Na ocasião, 14 pessoas, sendo 11 mulheres e três homens, morreram em uma explosão no paiol 4 da fábrica. O historiador Vanderlei Tomaz escreveu sobre o episódio com base em relatos e reportagens da época.

Conforme o texto de um conto escrito pelo historiador, a tragédia aconteceu às 8h20 no momento em que a fábrica estava funcionando: “Feito um vulcão a romper o telhado, uma forte explosão eclode na Oficina 4 e vai ser ouvida no centro da cidade. Um erro técnico de procedimento pode ter causado a detonação. Voam aos ares máquinas, instrumentos de trabalho, materiais de construção, produção do dia estocada e corpos humanos. Pedaços de membros se espalhavam em mistura aos destroços. Sangue e corpos estilhaçados emolduravam um pavor impressionante. Juiz de Fora nunca viu nada parecido. A impressão que se tinha era que um míssil intercontinental partiu da Alemanha nazista e, traiçoeiramente, veio ferir de morte aqueles pobres operários na pacata Benfica. Uma cena de guerra. Lembrava que o lugar foi alvo de um bombardeiro.”

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Vídeo mostra momento da explosão

Paiol destruído tinha centenas de granadas

O relato dele aponta ainda que o acidente deixou muito feridos e que os hospitais da cidade não davam conta de atender a todos os pacientes. “A explosão resultou, ainda, em trabalhadores mutilados com a perda de mãos, braços e pernas. Outros tiveram cicatrizes horríveis, queimaduras e problemas de audição ou psiquiátricos para o resto da vida.”

A reprodução da capa da revista “O Lince”, publicada na semana da tragédia, estampa a imagem do cortejo carregando os corpos a pé, vindo do Hospital Militar, no Bairro Fábrica, Zona Norte, em direção ao Cemitério Municipal. Os caixões dos operários foram carregados pelos companheiros e parentes. Uma multidão acompanhou um percurso a pé que durou quatro horas.

 

Edição da Tribuna do dia 25 de janeiro de 1984 trouxe destaque pra a morte de um operário
Edição da Tribuna do dia 25 de janeiro de 1984 trouxe destaque pra a morte de um operário

Outros acidentes fatais

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Dois anos depois, em 1946, dois operários morreram quando munições velhas explodiram, ao serem desmontadas. Já no dia 24 de janeiro de 1984, uma explosão no reservatório de ar comprimido matou o operário Paulo Roberto Marques Coragem, 32 anos, e feriu outro funcionário. O acidente ocorreu por volta das 10h, na Central de Ar Comprimido da Imbel. Paulo Roberto, que trabalhava há 11 anos no setor de manutenção e morava em Nova Era, executava seu serviço quando teve que subir em um cilindro do reservatório de ar comprimido. Quando estava em cima do cilindro, a tampa do reservatório explodiu e atingiu o operário. Ele teve sua cabeça esfacelada e um dos braços arrancados.

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