Entenda como a rede de urgência e emergência se articula


Por Júlia Pessôa

17/08/2016 às 20h10- Atualizada 18/08/2016 às 09h19

Logo após o primeiro contato da população com o Samu e os Bombeiros sobre a explosão na Imbel, toda a rede de atendimento de urgência e emergência da cidade foi acionada, antes mesmo que se constatasse o número ou mesmo a existência de vítimas. Segundo a subsecretária de urgência e emergência, Adriana Fagundes, o procedimento é padrão em casos em que haja possíveis múltiplas vítimas, e não afeta a capacidade de atendimento das instituições.

Segundo Alessandro Teixeira Moraes, enfermeiro responsável pelo Núcleo de Educação Permanente (NEP) do HPS, responsável pela definição dos protocolos de mobilização da rede de urgência e emergência, acionar todas as unidades, como aconteceu com a explosão da Imbel, que não teve vítimas, visa a diminuir ao máximo o chamado “tempo-resposta”, intervalo entre a chegada da vítima e seu atendimento nas melhores condições possíveis de acordo com a gravidade de seu caso, conforme o Protocolo de Manchester.

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“Na prática, o que fizemos ontem e fazemos sempre, em caso de ocorrências com possibilidade de múltiplas vítimas, foi notificar todas as unidades de urgência e emergência: UPAs como um todo, Santa Casa, Monte Sinai, Maternidade, e todos os outros hospitais que possuem atendimento de emergência. Nestes locais, verificamos a disponibilidade de leitos, de especialistas, de insumos e infraestrutura para receber possíveis vítimas, e todas estas informações são repassadas ao Samu. No HPS, já levantamos estes dados também, e deixamos em alerta estruturas e profissionais para a realização de exames laboratoriais, raios-X, tomografias, e outros, além de especialistas. Ontem, por exemplo, acionamos o cirurgião plástico de plantão, pois poderia haver vítimas graves de queimaduras. O Samu faz a triagem das vítimas e, de posse das informações estruturais atualizadas em comunicação direta e em tempo real conosco, vai encaminhando cada uma de acordo com o caso. As diretrizes da NEP existem justamente para garantir atendimento imediato a qualquer vítima que chegue em qualquer ponto da rede de urgência”, explica o enfermeiro.

“Isto porque a emergência sempre será soberana. Independentemente de haver acidente com múltiplas vítimas ou não, o Protocolo de Manchester, padrão internacional de direcionamento do atendimento dos pacientes de acordo com a gravidade, vigora neste e em qualquer momento. A mobilização da rede em casos como o da Imbel é justamente para assegurar que toda e qualquer vítima seja atendida pela urgência e emergência da cidade, esteja ela envolvida no acidente ou não.”

De acordo com a subsecretária, a rede municipal possui sete pontos de atenção destinados ao primeiro atendimento, que são imediatamente mobilizados, em seguida, todas as unidades de urgência e emergência da cidade também são notificadas, as públicas e as privadas, tendo o Hospital de Pronto Socorro (HPS) como ponto focal. “É de lá que parte a articulação para que absolutamente todas as unidades de urgência sejam acionadas, começando pelas públicas e se alargando para as privadas. Esta mobilização é feita pelo HPS a partir do contato inicial do Samu ou dos Bombeiros, que são contatados pela população, e as unidades passam a ficar sob alerta. A partir disto, o HPS mantém contato contínuo com o Samu e os bombeiros para deslocarem, se for preciso, as vítimas de menos gravidade para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e as mais graves para o HPS e outros hospitais”, destaca ela, informando ainda que o transporte de vítimas para os postos de atendimento é feito pelo Serviço de Transporte Inter-hospitalar (STIH), já que Samu e Bombeiros ficam no local do acidente , prestando os primeiros socorros às vítimas.

Mobilização visa a reduzir tempo de resposta do atendimento

Alessandro informa, ainda, que tal estado de alerta da rede em caso de possíveis múltiplas redes é feito essencialmente pela comunicação. “É um sobreaviso. A rede de atendimento e toda sua infraestrutura já existem, a notificação serve para prepará-los e levantar dados sobre a disponibilidade de atendimento. A ideia é profissionalizar cada vez mais o trabalho e criar uma cultura em que se trabalhe efetivamente em rede em qualquer situação, independentemente de catástrofe, de forma que um serviço apóie o outro. A longo prazo, a intenção é provocar uma mudança de cultura no atendimento, e de forma que se estenda a toda nossa microrregião.”

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