Acesso ao Aeroporto Regional reduz tráfego de caminhões em Juiz de Fora

Caminhoneiros da região preferem novo traçado para fugir das retenções do perímetro urbano. Já empresas de ônibus aguardam conclusão de trevo para garantir a segurança dos passageiros


Por Eduardo Valente

17/01/2018 às 07h00- Atualizada 17/01/2018 às 08h04

(DEER-MG faz adequeção provisória para reduzir as manobras irregulares de quem acessa e sai da AMG-3085 (Foto: Fernando Priamo)

Uma das principais expectativas com a abertura do novo acesso entre a MG-353 e a BR-040 já se concretizou. Trata-se da redução dos veículos de carga que usavam Juiz de Fora apenas como passagem para acessar a malha federal. Com o novo traçado, caminhões do polo moveleiro de Ubá e das indústrias dos municípios do entorno agora economizam tempo e dinheiro com o novo percurso. Em horários de pico, motoristas ouvidos pela reportagem apontam viagens para Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo até duas horas mais curtas.

Mesmo assim, empresas de ônibus interestaduais, que poderiam se beneficiar com a nova estrada, ainda aguardam a finalização da obra no trevo entre a estrada e a BR-040,

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“Este trevo de retorno de retorno a Barreira do Triunfo é que atrapalha um pouco. Terminando a obra vai ficar melhor” diz Fábio Augusto, caminhoneiro (Foto: Fernando Priamo)

na Barreira do Triunfo, Zona Norte, para solicitar a modificação da rota. A Unida, por exemplo, que oferece viagens para o Rio de Janeiro, afirma que o cruzamento improvisado “inviabiliza totalmente o uso, pois coloca todos os passageiros em risco”, enquanto que a Salutaris, que tem São Paulo como destino, diz ter o interesse no desvio, mas só com a “conclusão das obras, com todos os requisitos de sinalizações e protocolo de segurança.”

A Tribuna esteve na nova estrada, nomeada de AMG-3085, na última terça-feira (9). Em cerca de 30 minutos a reportagem passou por 28 caminhões, sendo que 27 usaram a nova rota, enquanto um, de uma empresa de oxigênio hospitalar, seguiu em direção ao Bairro Grama, Zona Nordeste. Comandante do 1º Pelotão Rodoviária da Polícia Militar, tenente Júlio César Almeida afirma que a diminuição do fluxo de passagem, para Juiz de Fora, é notória.

“Percebemos que realmente estão usando a nova estrada, pela praticidade de não enfrentar o tumulto e as retenções do perímetro urbano. A redução é significativa de todos os veículos, mas principalmente nos de carga”, disse. Segundo ele, embora não tenha sido feita contagem volumétrica ou qualquer estudo aprofundado, a percepção pessoal é que tenha reduzido em cerca de 70% o número de veículos pesados que seguem da MG-353 em direção ao Grama. Procurada para comentar o fato, a Settra informou, em nota, que “inicialmente foi percebida redução, principalmente de automóveis. Porém, ainda é muito prematuro fazer uma análise mais conclusiva da situação”.

Novos problemas

Com a demanda crescente para AMG-3085, a Polícia Militar Rodoviária está reavaliando suas ações na região. Isso porque o aumento do fluxo veio acompanhado de abusos de parte dos condutores. A nova estrada tem cerca de 13,8 quilômetros, é de pista simples e sinuosa, embora esteja bem sinalizada e com a pavimentação adequada. Há poucos pontos seguros de ultrapassagem e a velocidade máxima permitida no trecho é de 80 quilômetros por hora. Com o desrespeito destas regras, a polícia tem agido com intuito de coibir as infrações que podem resultar em acidentes. Segundo o tenente Almeida, os radares móveis estão sendo usados com frequência e já existe a intenção de solicitar a instalação de equipamentos fixos. Além disso, estão sendo desenvolvidas abordagens rotineiras na nova estrada, tendo como foco não só os veículos de carga como também os de passeio.

Com opção da estrada, trânsito melhora na região do Bairro Grama

“Perdíamos muito tempo passando por JF. Agora a viagem dura até 2 horas e 30 minutos a menos”, diz André Luis Fontoura, caminhoneiro (Foto: Fernando Priamo)

A AMG-3085 teve o fluxo liberado, em 4 de dezembro, na base do improviso. Isso acontece porque, embora a estrada esteja pronta, o acesso para a BR-040 ainda não foi readequado para as novas possibilidades de acesso criadas. Um exemplo está na saída para a rodovia BR-040, pois os condutores atualmente só tem a opção de seguir para o sentido Belo Horizonte. Para o Rio de Janeiro, é necessário fazer uma manobra no pátio de um posto de combustíveis. Na direção contrária, os veículos e os caminhões que saem da malha federal devem seguir para o perímetro urbano de Juiz de Fora, na Avenida JK (Barreira do Triunfo) e fazer uma manobra para o retorno. Com estes empecilhos, as infrações de trânsito relacionadas a manobras irregulares têm sido frequentes.

O responsável pelo setor de planejamento da empresa Unida, Wilson Miranda, disse que enquanto o traçado não for seguro os ônibus não utilizarão a nova estrada. Segundo ele, o interesse pelo desvio existe, principalmente para os ônibus extras que saem do Rio de Janeiro para a região de Ubá, pois estes não precisam fazer paradas na rodoviária de Juiz de Fora. “Em alguns horários poderíamos usar a estrada, também, para ganhar tempo até a rodoviária de Juiz de Fora”, disse. Mesmo assim, ele considera que já houve uma melhora na região do Grama com a redução do número de caminhões.

A empresa Águia Branca, responsável pela Salutaris e que oferece viagens de Ubá, Viçosa e Ponte Nova para São Paulo, disse que vai usar a nova rota quando todos os protocolos de segurança forem atendidos, após a conclusão das obras. Além disso, será necessário o consentimento da entidade reguladora, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo o Departamento Estadual de Edificações e Estradas de Rodagem (DEER/MG) nenhuma empresa de ônibus intermunicipal solicitou o uso da rota até o momento.

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Obra para traçado improvisado

Na última quarta-feira, a Tribuna observou máquinas de uma empreiteira, que presta serviços ao DEER/MG, no trevo de acesso com a BR-040. No local, a reportagem foi informada de que se trata de uma adequação, provisória, para reduzir as manobras irregulares de quem acessa e sai da AMG-3085. Em nota, o departamento disse que o serviço tem como objetivo “eliminar o retorno no posto Graal, sentido Rio de Janeiro”. Sobre a obra definitiva do novo trevo, reafirmou que os trabalhos serão executados após licitação pública, cujo edital ainda está em fase de elaboração.

A Prefeitura foi questionada se mantém contato com o DEER/MG para agilizar esta obra, afinal, ela poderá reduzir ainda mais o fluxo de passagem sobre o perímetro urbano. Também em nota, informou que “está participando, naquilo que é possível, junto aos órgãos competentes pela execução da obra, a fim de atender mais rapidamente e da melhor forma possível os usuários do trecho”.

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