Estudantes protestam contra demissão de professores na Universo

Segundo o sindicato, 50% do corpo docente teria sido dispensado, percentual que representa cerca de 70 funcionários; alunos criticam medida


Por Carolina Leonel

16/07/2019 às 19h25- Atualizada 16/07/2019 às 21h36

Alunos da Universidade Salgado de Oliveira fecharam uma das faixas da Avenida dos Andradas durante protesto no início da noite de terça (Foto: Carolina Leonel)

Centenas de estudantes da Universidade Salgado de Oliveira (Universo Juiz de Fora) protestaram, na noite desta terça-feira (16), contra a demissão de dezenas de professores. A mobilização espontânea aconteceu um dia após vir a público que mais de 50% do corpo docente da faculdade seria dispensado do quadro de funcionários. À Tribuna, a coordenadora-geral do Sindicato dos Professores, Maria Lúcia Lacerda, afirmou que o percentual representa cerca de 70 professores.

Por meio de nota encaminhada à Tribuna, a Universo justificou a medida e informou que está passando por uma reestruturação. “Algumas mudanças foram necessárias para que continuemos a levar ensino superior de qualidade para todos os nossos alunos, que é nosso maior compromisso. Garantimos que nenhum aluno será prejudicado nesse processo”, assinalou o texto.

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Apesar disso, no ato, discursos de alunos refutaram a justificativa. “Sem dúvida alguma esse corte de professores irá prejudicar também o ensino e os alunos. Possivelmente irão contratar profissionais que não serão tão qualificados quanto os que aqui estão e irão pagar uma hora mais baixa, e isso irá contribuir para que caia a qualidade de ensino, porque, sem tirar mérito de possíveis novos profissionais, a instituição não vai contratar professores que tenham a mesma estrutura docência dos que já trabalham aqui há mais de dez anos”, avaliou o bacharel em Direito Fellipe Barra. Ele se graduou há dois anos, e pretendia, ainda esse ano, voltar à instituição para cursar pós-graduação. Entretanto, com a demissão de mais da metade do corpo docente, disse que está reavaliando a decisão.

Uma estudante do 6º período do curso de Direito, que prefere ter sua identidade preservada, afirmou que está indignada com a situação. Ela contou que ao se matricular na unidade levou em consideração, principalmente, a qualificação dos professores. “Estou aqui porque defendo a qualidade de ensino e o respeito aos professores. Foi uma covardia o que a instituição fez com eles e com os alunos. A gestão aguardou a rematrícula dos estudantes para depois anunciar esse corte”, disse. A estudante afirmou que pretende se desligar da instituição se a decisão se mantiver.

O movimento também contou com a presença de representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE/UFJF). No ato, intervenções de outros acadêmicos lembraram que a Universo é referência na cidade, devido ao trabalho dos professores que, em conjunto com a comunidade estudantil, conquistaram nota máxima na avaliação de cursos de graduação da da universidade, pelo Ministério da Educação (MEC).

Também apoiaram a manifestação representantes do Sinpro. O intuito da entidade é, ao longo da semana, organizar, dar suporte e orientar a categoria, além de articular medidas jurídicas.

Passeata na Andradas

Segundo a organização, cerca de 300 manifestantes participaram do protesto. Eles se reuniram em frente a instituição, na Avenida dos Andradas, onde interditaram a via em frente por cerca de 15 minutos. Em seguida, o grupo desceu a Avenida dos Andradas, em direção ao Largo do Riachuelo, segurando cartazes. Um deles exibia os dizeres ‘educação não é comércio’. Com a manifestação, o trânsito, na faixa sentido Centro ficou comprometido.

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Por volta de 19h30, os manifestantes se dispersaram e o trânsito passou a fluir normalmente. A Polícia Militar não fez estimativa dos número de participantes. Um novo ato está previsto para a próxima quinta-feira (18), a partir das 17h30. A concentração será na Universo, mas os estudantes pretendem sair às ruas.

Tópicos: educação

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