Adesão de professores de JF a greve nacional chega a 70%
Cerca de 70% dos professores das redes municipal e estadual de Juiz de Fora aderiram à greve nacional da categoria, segundo as entidades sindicais representativas dessas classes. O movimento teve início na quarta-feira (15). Convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) com o objetivo de pressionar o Governo federal a retirar a proposta de reforma da Previdência Social, a greve acontece por tempo indeterminado em Juiz de Fora e em outros municípios do país.
Com a greve, algumas escolas paralisaram totalmente suas atividades, enquanto outras instituições estão funcionando parcialmente. De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (SEE), na região de Juiz de Fora, das 94 escolas estaduais, 25 interromperam totalmente suas atividades, enquanto 24 paralisaram parcialmente. Para a presidente do Sind-UTE, Victória Mello, é possível que mais professores participem do movimento com a realização de novas assembleias.
“Ainda estamos fazendo um levantamento sobre quantos professores aderiram à greve, mas acreditamos que cerca de 60% da categoria tenha cruzado os braços. Somente na paralisação nacional dessa quarta, 95% dos professores participaram. É essencial que toda a classe trabalhadora e toda a comunidade escolar se envolva nessa luta. Nossos alunos serão prejudicados futuramente, pois terão que trabalhar, pelo menos, até os 65 anos, então é importante que todos não só apoiem, mas se envolvam”, pontuou.
Para a coordenadora do Sinpro, Aparecida de Oliveira Pinto, a pauta dessa greve é diferente de todas as outras, por envolver todos os trabalhadores. “O centro dessa nossa greve é barrar o desmonte da Previdência. Todos serão atingidos, desde o trabalhador mais simples até o trabalhador de nível superior. Sabíamos que essa pauta mobilizaria muita gente quando o Governo colocasse em votação, e o que aconteceu no Brasil inteiro foi um exemplo disso.” Ainda conforme a coordenadora, 70% dos professores municipais aderiram à greve.
Na segunda-feira, às 14h, o Sinpro realiza assembleia em frente à Câmara Municipal, onde haverá audiência pública com a presença do ex-ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas. Os professores estaduais vão se reunir no dia 28, em Belo Horizonte, para definir os rumos da greve.
Pautas individuais
Apesar de a principal reivindicação ser a reforma da Previdência, os professores estaduais também estão participando da greve nacional por conta de impasses que a categoria tem encontrado com o Governo estadual. Conforme Victória, o governador Fernando Pimentel (PT) tem descumprido o acordo estabelecido com a categoria no ano passado. “Tínhamos um acordo para ser cumprido em forma de abono salarial até julho de 2018, mas, até lá, o Governo tem que dar os reajustes do piso salarial a partir do mês de janeiro, todos os anos. No entanto, estamos em março, e o governo ainda não se manifestou. No ano passado, o reajuste de 11,36% só foi cedido a partir do mês de abril. Neste ano, aguardamos o valor de 7,64%, mas o governo diz que não tem condições de pagar esse valor.”
A SES informou que “foi acordado um reajuste de 31,78%, a ser pago até 2018 em três parcelas sob a forma de abono e posteriormente incorporadas ao vencimento básico. (…) O acordo do Governo estadual com a categoria é que, em julho de 2018, todos os professores, com carga horária de 24 horas semanais, tenham o valor como vencimento correspondente ao piso nacional (estabelecido para carga horária de 40 horas semanais). Diante das limitações financeiras e das implicações jurídicas impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o Governo de Minas Gerais está avaliando a forma de atingir o novo valor do piso nacional, reajustado em 7,64% pelo Ministério da Educação em janeiro de 2017, mas garante o cumprimento do acordo firmado.”
O Sinpro também está em negociação com a Prefeitura. O órgão pede 7% de ganho real além do reajuste do piso. A categoria também reivindica a realização de concurso público para garantir estabilidade na profissão.