Disputa por ponto de camelô deixa um morto e outro ferido no Centro

Crime foi registrado na tarde desta sexta-feira na Avenida Getúlio Vargas; trânsito no local está bastante tumultuado no momento


Por Marcos Araújo e Vívia Lima Repórteres

16/02/2018 às 16h33- Atualizada 16/02/2018 às 21h00

Um dos homens envolvidos na briga veio a óbito no local (Foto: Marcelo Ribeiro)

O assassinato de um homem a facadas, na Avenida Getúlio Vargas, no Centro, na hora do rush, além de assustar pedestres, deu um nó no tráfego num dos principais corredores de trânsito de Juiz de Fora, no final da tarde desta sexta-feira (16). Outro homem, 46, que teria sido o autor do crime, foi localizado pela Polícia Militar com a ajuda das câmeras do Olho Vivo, na Rua São Sebastião no cruzamento com a Avenida Francisco Bernardino, a alguns metros do local do homicídio, apresentando lesões na cabeça e nos braços, possivelmente provocadas por uma faca ou tesoura. Ele foi socorrido pelo Samu e conduzido para atendimento no Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde permaneceu sob escolta policial. O homem permanece internado e não corre risco de morte, segundo a PM.

Conforme informações iniciais do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), o assassinato teria ocorrido por volta das 16h em decorrência de uma possível disputa por um ponto de venda, uma vez que ambos seriam ambulantes. Leandro Pereira de Souza, 38 anos, foi encontrado pelos policiais já sem sinais de vida com diversas perfurações. A perícia da Polícia Civil precisou realizar exames no local para liberação do corpo e encaminhamento ao Instituto Médico legal (IML).

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O subtenente do Pelotão do Choque da PM, Marcos Roberto de Oliveira, que trabalhava no registro da ocorrência, contou que sua equipe recebeu informações do Copom, dando conta de que havia acontecido um desentendimento na Getúlio Vargas, e uma pessoa estaria ferida. “Após recebermos informações sobre as características físicas do autor, fizemos o rastreamento e o encontramos na Rua São Sebastião. Apuramos que houve uma discussão, quando o autor desferiu várias facadas na vítima”, informou o militar, acrescentando que, segundo populares, “já havia um atrito entre os envolvidos de tempos passados, mas o motivo ainda não havia sido apurado. Eles seriam ambulantes, catadores de papel e conhecidos dos comerciantes da região”.

A Secretaria de Atividades Urbanas (SAU), responsável pela fiscalização dos vendedores ambulantes, informou que os envolvidos não são licenciados pela Prefeitura, ressaltando também que o episódio ocorrido nesta sexta-feira trata-se de uma questão de segurança pública.

O crime aconteceu em frente a um edifício comercial, próximo ao número 672, chamando a atenção de dezenas de curiosos que se aglomeravam no local. Ao redor do corpo havia três caixas de papelão que serviam de banca para o comércio de produtos e várias tesouras embaladas para venda. Leandro, que seria morador do Bairro São Pedro, na Cidade Alta, já era conhecido no ponto, uma vez que comercializava perfumes, pomadas, tesouras e pen drives.

Foto: Marcelo RibeiroFoto: Marcelo Ribeiro
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A perícia da Polícia Civil foi acionada para os exames de praxe e liberação do corpo para o Instituto Médico Legal (IML)

Repercussão

Quando o assassinato aconteceu, os pontos de ônibus do outro lado da avenida estavam lotados. A violência repercutiu, e muitas pessoas se deslocaram para o local. Policiais militares permaneceram guardando a calçada, a fim de evitar mais tumulto, já que muitos passantes queriam registrar o caso por meio de seus celulares. Todavia, pedestres também apresentavam compaixão pela morte violenta e refletiam sobre a situação. As amigas Rita da Cássia, 30, e Beatriz Silva, 23, ambas moradoras do Bairro JK, estavam estarrecidas com a morte em plena tarde num local de grande circulação de pessoas.

“Isso só mostra que a cidade, a cada dia, fica mais violenta”, avaliou Rita. “Muitas vezes, é por causa de uma banalidade que uma pessoa perde a vida”, disse Beatriz. O aposentado Osvaldo da Costa, 52, disse que o município deixou de ser pacato. “Que tristeza se deparar com uma cena dessas aqui na Getúlio Vargas. Outro dia, um jovem também morreu na Rua Roberto de Barros”, lembrou, referindo-se ao homicídio, registrado no último dia 6, quando um jovem, 22, também foi morto a facadas, na região do Largo do Riachuelo. O assassinato aconteceu depois de a vítima ter ido a um bar com um amigo cobrar a devolução de um celular que teria sido furtado. O jovem foi atingido por cinco golpes.

Trânsito afetado

A ocorrência desta sexta-feira foi responsável por tumultuar o trânsito na região central. A lentidão no fluxo foi percebida nas avenidas Getúlio Vargas e Rio Branco, nas ruas Afonso Pinto da Mota, Roberto de Barros, Benjamin Constant e Jarbas de Lery Santos. Policiais militares auxiliaram no controle do tráfego.

Ação no Centro reúne fiscais e guardas municipais

Para coibir a ação de vendedores irregulares, a SAU e a Guarda Municipal realizaram, nesta quinta-feira (15) e sexta-feira (16), mais uma operação de fiscalização com foco nos profissionais que não possuem licença para exercer a atividade. A ação de combate a ocupação indevida de vias e logradouros públicos visa a garantir a ordem, acessibilidade e mobilidade à população, colaborando, de forma indireta, na segurança pública, como afirmou a pasta.

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Fiscais de posturas e os guardas municipais realizaram a manobra no Largo do Riachuelo, que fica a poucos metros do local onde ocorreu a discussão que culminou na morte de uma das vítimas na Avenida Getúlio Vargas. Nos dois dias de operação, foram apreendidos oito sacos de materiais. Na edição desta sexta (16), reportagem da Tribuna mostrou que o Largo do Riachuelo, além do comércio ilegal, é cenário para o uso e tráfico de drogas, assaltos, furtos e prostituição, o que vem afugentando frequentadores.

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