Professor morto em Nova Iguaçu é enterrado em Juiz de Fora


Por Juliana Netto

15/01/2015 às 13h51- Atualizada 15/01/2015 às 17h33

Felipe CouriFoi enterrado na manhã desta quinta-feira (15), no Cemitério da Glória, o corpo do professor Miguel Ângelo Coutinho de Lemos, de 44 anos, morto em Nova Iguaçu na noite de terça-feira (13). Miguel Ângelo estava passando pela esquina das ruas Carmem de Freitas Salgado e Nossa Senhora de Fátima, no Bairro Califórnia, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por volta das 22h30 de terça-feira, quando teria testemunhado um assalto a uma mulher. Assustado, ele teria perdido o controle da moto Kawasaki que dirigia, despertando a atenção dos bandidos. Espantados, os criminosos disparam contra o motociclista, executando-o pelas costas.

De acordo com o irmão da vítima, Aníbal Lemos, a polícia trabalha com a hipótese de o professor ter sido confundido com policiais, já que usava colete e mochila no momento do incidente. Ainda de acordo com ele, nada foi levado após o crime. “Tudo foi deixado. Não levaram carteira, celular e nem mesmo a moto que ficou caída”, conta.  Embora nascido no Rio de Janeiro, ele se mudou para Juiz de Fora aos 4 anos de idade, retornando ao estado fluminense após passar no concurso público da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) João Luiz do Nascimento, em 2007.

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Leonardo Coutinho
Alunos prestaram última homenagem à Miguel Ângelo na capela do Cemitério da Glória

Flamenguista, Miguel Ângelo foi velado com a bandeira do time do coração. Usando a camisa do clube carioca, muitos familiares, amigos, professores e alunos do colégio também renderam homenagem ao professor. Um ônibus, com cerca de 30 pessoas, entre docentes e estudantes da instituição, veio do Rio para o enterro. Antes de o corpo deixar a capela, alunos tocaram flauta e cantaram na despedida ao educador.

Segundo professores da Faetec, ele teria passado o dia na praia com colegas de trabalho, ido a uma pizzaria à noite e estaria se dirigindo a um encontro com outros amigos no momento em que foi atingido.

O diretor da instituição, Pedro William da Costa, destacou o bom caráter e o comprometimento do ex-companheiro de trabalho: “Ele era um professor realmente dedicado ao que fazia, que compartilhava a alegria de viver com todos da escola. Não sabemos como será a Faetec daqui para frente sem ele. Sempre ficamos sabendo de casos de crueldade, mas dessa vez aconteceu bem do nosso lado. Vamos nos unir e manifestar, pedindo paz e justiça. Que a morte dele sirva como símbolo na busca pelo fim da violência”, frisou.

“Fiquei com raiva e desejei coisas ruins para os bandidos que fizeram isso, mas conheci a família e o sentimento mudou. Agora a saudade está sendo mais forte do que a raiva”, disse emocionada a aluna Thayana Lahass, de 19 anos. “Ele era um professor surreal, um pai e um amigo”, resumiu o jovem Yuri Freire, de 22 anos. Nas redes sociais, muitos alunos também demonstraram indignação e revolta com a perda do professor.

Filho caçula entre três irmãos, Miguel Ângelo era solteiro, morava sozinho e não deixou filhos. Ainda de acordo com o irmão, a perda ainda não foi completamente assimilada. “Agora o que fica é o sentimento de dor. Esse é mais um exemplo do baixo poder da polícia e da força que tomaram os bandidos. Estamos contando com a divulgação da imprensa no caso e espero que os criminosos sejam identificados e punidos”.

A Tribuna tentou contato com o delegado que investiga o caso na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), em Belford Roxo, mas ele não foi encontrado para falar sobre o assunto.

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