Após escorregamento de encosta, PJF inicia demolições de três imóveis no Vitorino
Residências causavam risco de novos deslizamentos no local, segundo a Prefeitura; obras continuam nesta terça
Nesta segunda-feira (14), a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) iniciou a demolição de imóveis na Rua Rosa Sffeir, no Bairro Vitorino Braga, Zona Leste. A princípio, serão três residências demolidas. A primeira delas veio abaixo na tarde desta segunda, e as duas restantes deverão ser destruídas na terça-feira (15). De acordo com a Prefeitura, após a demolição, uma lona impermeável será colocada no local para evitar mais carregamento de terra. Ainda não há previsão para o encerramento das obras.
A região passa por instabilidade desde o escorregamento de uma encosta entre as ruas Rosa Sffeir e Vitorino Braga no dia 11 de janeiro. Na ocasião, 43 imóveis em ambas as ruas foram interditados. Na última semana, a Tribuna relatou a preocupação de moradores que tiveram suas casas invadidas pela lama que desceu da encosta. A Defesa Civil afirmou que o solo solto, proveniente do deslizamento, foi carregado pelas chuvas e depositado na via, assim como na casa de alguns moradores. O Demlurb esteve no local para realizar a limpeza.
A demolição das casas foi necessária pois, de acordo com a PJF, as construções apresentavam risco de novos deslizamentos em direção à Rua Vitorino Braga. Também foi necessária a interdição do trânsito em um trecho da via.
‘Demolindo 40 anos de história’
No último dia antes da demolição, a família do proprietário, Luiz Carlos Campos, se mobilizou para retirar os objetivos de valor de suas duas casas. De acordo com Raquel Campos, nora de Luiz, estão sendo removidos pisos, portas, janelas, e “tudo mais o que der para salvar”. O proprietário foi retirado do local no domingo (13) pela família e realocado na casa de parentes.
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Segundo a nora, a demolição representa um alívio, mas, ao mesmo tempo, é carregada de tristeza. Luiz Carlos, que já é idoso, estava relutante em deixar a residência. “Ele mora aqui há mais de 40 anos, criou os filhos, a família. A esposa dele deixou o local há oito anos, por conta do perigo, mas ele se recusou. Nos últimos oito anos ficou morando sozinho aqui.” Raquel conta que em janeiro, quando ocorreu o deslizamento, os filhos vieram buscar o pai para que ele deixasse o imóvel, “mas ele não quis ficar na casa dos filhos, fugiu e veio para cá, mesmo sabendo do perigo de desabamento a qualquer momento”.
Atualmente, Luiz Carlos está na casa de uma das filhas no município de Mercês, a cerca de 100 quilômetros de Juiz de Fora. “Não queríamos que ele ficasse aqui para ver a casa que ele construiu com tanto amor ser demolida. É como se demolissem 40 anos de história”, afirmou Raquel.
As obras de demolição também preocupam os habitantes de casas do entorno. Segundo uma moradora da rua, que preferiu não se identificar, as máquinas pesadas podem por em risco a estrutura de sua própria casa. “Graças a Deus não tem problema nenhum com a minha casa, mas aí se essas máquinas vieram aqui, dependendo de quanto tempo elas ficarem, nunca se sabe. Espero que eles tenham noção disso. Essa região aqui é muito instável”, disse.