Juiz de Fora pode ter novo surto de febre amarela
Dados da Secretaria de Saúde apontam que dez mil juiz-foranos ainda não se vacinaram; risco é maior em locais afetados durante o ano passado, como ocorreu na região
Juiz de Fora e a Zona da Mata estão sob risco de um novo surto de febre amarela. Isso porque, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), áreas recém-afetadas pela doença, com grande contingente populacional e que ainda apresentam grande quantidade de pessoas não vacinadas podem registrar um novo surto. O alerta é válido para todo o estado de Minas Gerais, principalmente com a aproximação do verão, período em que há maior risco de transmissão.
No último ciclo da febre amarela (entre julho de 2017 e junho de 2018), diversos municípios da Zona da Mata foram atingidos pelo surto. Somente em Juiz de Fora, foram registrados 47 diagnósticos e 14 mortes em decorrência da doença, o que torna a cidade propensa a novos casos por conta da circulação do vírus. Além disso, de acordo com a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), todos os casos e óbitos do último ciclo foram registrados entre a terceira e a 12ª semana de 2018, período que compreende o verão. Antes disso, não havia nenhum registro de febre amarela silvestre na história do município.
Outro fator que preocupa as autoridades de saúde é que, além de a cidade estar geograficamente próxima ao Rio de Janeiro, estado também muito afetado durante o último surto, cerca de dez mil juiz-foranos ainda não estão imunizados, de acordo com dados do Centro de Vigilância Epidemiológica, revelados em entrevista à rádio CBN pelo subsecretário de Vigilância em Saúde (PJF), Rodrigo Almeida, na última semana.
“Em Juiz de Fora, segundo o Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), a cobertura vacinal acumulada de 2017 a 2018 é de 100%. Mas, uma vez que a cidade recebe pessoas de municípios vizinhos e até do estado do Rio de Janeiro, o sistema demonstra que temos um número maior de doses de vacinas aplicadas do que a população (alvo) na cidade”, explicou. Por isso, é possível que moradores de outros municípios tenham se vacinado em Juiz de Fora, mas nem todos os juiz-foranos estariam imunizados.
Conforme o subsecretário, a orientação para quem ainda não se vacinou é se imunizar o quanto antes. “Estamos com a indicação de surto para 2019, então é importantíssimo a população se atentar ao cartão vacinal e procurar uma unidade de saúde de referência. Todas as nossas unidades de saúde estão aplicando doses da vacina, que é a forma mais eficaz de se evitar a febre amarela”, pontuou.
MG é o segundo estado com mais casos
O boletim de fechamento do ciclo 2017/2018 de febre amarela, atualizado em novembro pelo Ministério da Saúde, indica que no período de monitoramento de 1º de julho de 2017 a 30 de junho de 2018 foram confirmados 1.376 casos de febre amarela no país, além de 483 óbitos. Ao todo, foram notificados, neste período, 7.518 casos suspeitos, sendo que 5.364 foram descartados e 778 continuavam em investigação até a publicação. Minas Gerais, de acordo com o boletim, ocupa o segundo lugar no ranking de casos confirmados da doença, com 532 ocorrências, atrás somente de São Paulo, que registrou 555. Em todo o estado mineiro, foram contabilizadas 181 mortes pela doença, no mesmo período.
Entretanto, desde julho deste ano, não foram registrados novos casos da doença. É o que demonstra o primeiro boletim epidemiológico referente ao período de monitoramento que compreende os meses de julho de 2018 a junho de 2019, divulgado na última quinta-feira (6). Até a então, não foram registrados casos ou óbitos humanos confirmados da doença no estado. Neste período de monitoramento, no entanto, ocorreram epizootias (morte de macacos em decorrência da doença) em 137 municípios mineiros, com confirmação da circulação do vírus da febre amarela apenas em Varginha, no sul de Minas. Outros 104 municípios apresentam supostos casos de epizootia em investigação.
Segundo a Vigilância Epidemiológica, Juiz de Fora não teve nenhuma morte recente de macaco relacionada ao vírus da febre amarela. A investigação das mortes de macacos é necessária para que se verifique a circulação do vírus no local ou localidades vizinhas. É importante ressaltar, no entanto, que estes animais não transmitem o vírus para humanos. O vilão é o mosquito transmissor.
Mais de 3 milhões de mineiros não se vacinaram
Atualmente, o índice de cobertura vacinal no estado está em torno de 91,11%. A cobertura ideal preconizada pelo Ministério da Saúde é de 95% da população. No entanto, ainda há uma estimativa de que 3,1 milhões de mineiros ainda não foram vacinados, especialmente na faixa-etária entre 15 a 59 anos de idade. O dado foi corrigido recentemente pela SES/MG. Anteriormente, a informação era de que 1,8 milhão de mineiros ainda não estariam imunizados. No entanto, uma modificação em relação à metodologia para o cálculo do número de não vacinados revelou o índice maior.
O período de maior probabilidade de ocorrência de casos da doença em Minas acontece entre os meses de dezembro e maio, de acordo com a SES/MG. Portanto, a recomendação do Ministério da Saúde, que lançou um alerta no mês de novembro, é para que a população ainda não imunizada busque tomar a dose de forma antecipada, antes do período de maior transmissão da doença. O objetivo do alerta, segundo a pasta, é evitar correria e longas filas em busca da imunização.
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