Jovens conseguem fugir correndo do Centro Socioeducativo


Por Sandra Zanella e Marcos Araújo

13/05/2016 às 11h30- Atualizada 13/05/2016 às 18h22

*Atualizada às 18h23  

Dois jovens, de 17 e 18 anos, fugiram do Centro Socioeducativo, no Bairro Santa Lúcia, Zona Norte, na tarde de quinta-feira (12). De acordo com informações do boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, a fuga aconteceu por volta das 15h30, quando os acautelados participavam de oficina de profissionalização dentro da unidade, porém fora da área de contenção. Ao perceberem a abertura do portão para a entrada de viaturas, os rapazes correram em direção à saída e conseguiram escapar.
A situação mostra a vulnerabilidade da segurança do Centro Socioeducativo, onde estão acautelados jovens suspeitos de atos infracionais graves, como homicídios. O adolescente inclusive foi visto no mesmo dia da fuga andando armado e usando colete à prova de balas na região onde mora, na Vila Ozanan, Zona Sudeste.
O retorno do jovem levou medo aos moradores, que temem novas disputas entre gangues naquela área, já que o adolescente é conhecido por portar armas, até pistolas, e se envolver em atos violentos. A última ocorrência motivada por rivalidade de grupos aconteceu no domingo, quando tiros causaram pânico e até atingiram um ônibus urbano em tentativa de homicídio ocorrida por volta do meio-dia na Rua Aníbal de Paiva Garcia.
Um homem, 27, foi alvejado por quatro disparos. Ele sofreu perfurações no rosto, no pescoço, nas costas e no abdômen, sendo internado no CTI da Santa Casa. O crime teria sido praticado em retaliação à morte de Juliano Costa e Silva, 19, baleado no dia 10 de abril no Olavo Costa. O suspeito deste homicídio é o próprio adolescente foragido na quinta-feira. Ele havia sido capturado no dia 26, portando uma pistola ponto 40, que seria usada “para sua defesa, haja visto ter vários desafetos nos bairros vizinhos”.
Apesar de ainda ser adolescente, o nome dele aparece em mais de 15 ocorrências policiais, incluindo assassinato, tentativa de homicídio, roubo, porte ilegal de arma de fogo e receptação de veículo furtado.
A Tribuna tentou contato com o comando da companhia da PM responsável pela Zona Sudeste para comentar a questão de disputa entre gangues, mas não teve êxito.
Greve
A fuga aconteceu um dia depois de agentes socioeducativos, servidores administrativos e técnicos dos sistemas Socioeducativo e Prisional entrarem em greve por tempo indeterminado em Minas.  De acordo com um dos representantes do Sindpúblicos e assistente executivo, André Luiz de Oliveira, levantamento feito pelo sindicato geral aponta déficit de 40% no número de funcionários nas unidades socioeducativas do estado. Isso implicaria em más condições de trabalho, porque a quantidade de adolescentes é muito grande em relação ao número de servidores. “O aumento de funcionários é uma das reivindicações da categoria. Com o défict de 40% e o efetivo reduzido a um terço (durante a greve), a situação se complica.”
Conforme o registro policial, o caso de fuga foi comunicado à PM quase três horas após o crime, quando o supervisor e o coordenador de segurança do Centro Socioeducativo compareceram à sede do programa Ambiente de Paz, em Benfica.
O coordenador do Comissariado de Menores, Maurício Gonçalves Alvim Filho, informou que, no caso de fuga de acautelados, o Centro Socioeducativo comunica à Vara da Infância e Juventude, a juíza emite vistas ao Ministério Público, e um mandado de busca e apreensão é expedido, sendo a PM informada para cumprir o mandado.
Apuração
A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que irá instaurar procedimento interno para apurar as responsabilidades sobre a fuga. A pasta confirmou que a greve tenha contribuído para o ocorrido, uma vez que, no momento da fuga, havia uma redução de servidores, o que dificultou que a ação fosse impedida e também ocasionado a demora no registro do boletim.
A unidade precisou se organizar para que um servidor se deslocasse para registrar a ocorrência. A escala mínima de 30% de servidores está sendo mantida. A Seds ainda informou que a capacidade do centro é de 56 vagas, mas não afirmou qual seria a lotação atual, por medida de segurança. A fuga dos internos foi informada à Justiça pela direção-geral, a fim de que tome as providências cabíveis.

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