Vacina contra meningite tem baixa adesão em Juiz de Fora
Entre a população de 16 a 30 anos, apenas 5,98% do público foi atingido; entre profissionais da saúde, 18,12% foram vacinados
O público alvo apto a receber a vacina contra a meningite foi ampliado em novembro de 2022. Passaram a receber o imunizante jovens de 16 a 30 anos, trabalhadores da saúde, trabalhadores da educação e estudantes universitários. Todavia, dados da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) revelam que os índices de cobertura estão abaixo do esperado. Entre a população de 16 a 30 anos, apenas 5,98% do público foi atingido, enquanto no caso dos profissionais da saúde só 18,12% foram vacinados. A baixa adesão ao imunizante preocupa os especialistas principalmente devido à seriedade da doença, que deixa graves sequelas e possui alto índice de mortalidade.
As doses adquiridas pela PJF do imunizante Meningocócica C visavam imunizar cerca de 125 mil juiz-foranos dentro dos públicos-alvos da vacinação. Até o momento, no entanto, foram 16.164 doses aplicadas, 13% do projetado: 4.796 doses para profissionais da saúde, 978 doses para profissionais da educação do ensino superior e técnico, 2.462 doses para estudantes do ensino superior e técnico e 7.928 doses para a população geral de 16 a 30 anos.
Em 2022, em Juiz de Fora, foram 8 casos e duas mortes por conta da meningite. De acordo com o infectologista Mário Novaes, o vírus da meningite está constantemente em circulação, mas “os ciclos da doença são controlados através da vacinação”. Para ele, portanto, os baixos índices podem significar um aumento dos casos e devem chamar a atenção justamente pelo quadro de crescimento dos casos na cidade em relação aos anos anteriores, assim como foi conferido na reportagem da Tribuna no último ano. “Esse baixo índice de vacinação é extremamente preocupante, principalmente diante da gravidade da doença”, diz Novaes.
A doença
A meningite é caracterizada por ser uma doença infecciosa que atinge as membranas que recobrem o cérebro e afetam toda a região, tornando difícil o transporte de oxigênio às células do corpo. A doença traz sintomas como dor de cabeça e na nuca, rigidez no pescoço, febre e vômito. Como explica Mário Novaes, ela é transmitida principalmente “através da respiração entre pessoas não vacinadas” e pode deixar sequelas muito graves, mesmo nos casos em que há identificação rápida da doença e tratamento. De acordo com dados do Médico Sem Fronteiras no Brasil, cerca de 5% a 10% dos casos vão a óbito dentro das primeiras 48 horas dos sintomas.
Importância da vacinação contra meningite
De acordo com Mário Novaes, o aumento dos índices de imunização entre a população fornece uma maior proteção individual e também reduz a circulação do vírus. Nos casos em que as pessoas se infectam mesmo sendo vacinadas, ele ainda afirma que “a doença se desenvolve de forma mais branda”, já que a vacina oferece entre 70% a 85% de proteção. “A maioria não pega a doença, e os que pegam não costumam lidar com sequelas tão agressivas”, diz.
Sobre os baixos índices de adesão, a PJF afirmou que continua realizando a divulgação pelas redes sociais, por meio de campanhas de TV e rádio, panfletos, cartazes nos espaços da PJF, como escolas, UBSs, em veículos de transporte coletivo, entre outros.
Prazos e onde vacinar
As vacinas Meningocócica C estão sendo ofertadas pela PJF até fevereiro. O público a ser vacinado é o mesmo preconizado pela Secretaria Estadual de Saúde, ou seja, adultos jovens de 16 a 30 anos, qualquer trabalhador de saúde acima de 16 anos, trabalhadores da educação do ensino superior e técnico, além dos estudantes universitários e de escolas técnicas. O imunizante está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município e no Departamento de Saúde da Mulher, Gestante, Criança e Adolescente (DSMGCA), para adolescentes de 16 a 18 anos.