Assinado contrato de projeto que vai liberar Aedes do bem em Juiz de Fora

Inicialmente, Aedes do Bem será implantado nos bairros Olavo Costa, Monte Castelo e Santa Luzia; protocolo de intenções foi aassinado entre a Prefeitura e a empresa de engenharia genética para instalar uma unidade produtiva de mosquitos na cidade


Por Rafaela Carvalho

11/07/2017 às 11h26- Atualizada 11/07/2017 às 21h42

Bruno Siqueira, ao lado do diretor da Oxitec, Jorge Espanha, testa insetos que não picam (Foto: Leonardo Costa)

Juiz de Fora é a primeira cidade mineira e a segunda do Brasil a receber o Projeto “Aedes do Bem”, que visa diminuir a população do mosquito Aedes aegypti e o número de casos de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. O contrato que oficializa a implantação do projeto, assinado nesta terça-feira (11), é fruto de parceria entre a Prefeitura e a Oxitec Brasil, empresa que utiliza engenharia genética para controle de vetores e pragas. Inicialmente, o Aedes do Bem terá duração de três anos e será implantado nos bairros Vila Olavo Costa, Monte Castelo e Santa Luzia, nas zonas Sudeste, Norte e Sul, respectivamente. Os locais foram escolhidos com base na prevalência de casos de dengue nestas regiões.

Também nesta terça, durante evento de apresentação do projeto à comunidade, foi assinado o protocolo de intenções para instalar uma unidade produtiva de mosquitos na cidade. A expectativa é que, em três anos, 50 mil juiz-foranos sejam impactados pela iniciativa.

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O projeto consiste na modificação genética de mosquitos machos, que não picam seres humanos e não transmitem doenças. Quando modificados, eles buscam fêmeas selvagens do Aedes aegypti para reprodução. Os ovos gerados deste cruzamento nascem com um gene autolimitante, que impede que os mesmos cheguem à idade adulta, diminuindo o número de vetores das doenças transmitidas pela espécie.

A partir de agora, agentes comunitários e de endemia vão visitar casas no Bairro Vila Olavo Costa para esclarecer os moradores sobre o funcionamento do projeto. Esta primeira fase deve durar de dois a três meses. O próximo passo será a liberação efetiva dos mosquitos.  Segundo o diretor-geral da Oxitec Brasil, Jorge Espanha, o projeto também conta com armadilhas para monitoramento da população de mosquitos. “Os resultados em Piracicaba, cidade no interior de São Paulo, onde o projeto já foi implantado, têm sido fenomenais, com uma redução de 80% na população do Aedes. Agora, oficializamos nosso compromisso de fazer de Juiz de Fora um marco de desenvolvimento de uma tecnologia inovadora no combate ao Aedes.”

Conforme a secretária de Saúde, Elizabeth Jucá, serão gastos, no primeiro ano de projeto, cerca de R$ 165 mil. “É uma parceria, então, precisamos fazer alguns investimentos, principalmente em logística, para trazer os mosquitos para a cidade. A verba já era destinada à prevenção contra o Aedes, que é muito importante. Estamos trazendo um projeto inovador e ambientalmente seguro. Com a diminuição da população do mosquito, também vislumbramos a diminuição das doenças transmitidas por ele.”

Durante a apresentação, o prefeito Bruno Siqueira afirmou que a intenção é expandir o projeto para outros bairros. “Pretendemos fazer com que essa expansão aconteça gradativamente para que possamos, a cada ano, inverter a curva da proliferação do Aedes aegypti. Assinamos também o protocolo de intenções com a Oxitec, com a possibilidade de uma unidade da empresa ser instalada posteriormente no nosso município. Além de fazer o trabalho da saúde, temos a possibilidade de promover a geração de empregos, com uma fábrica em Juiz de Fora.”

Prevenção contra nova epidemia

Representante da Oxitec apresenta mosquitos aos moradores do Olavo Costa (Foto: Marcelo Ribeiro)

Durante a apresentação do projeto, o prefeito Bruno Siqueira destacou que, apesar de o número de casos notificados de dengue não ser tão alto neste ano, em comparação com o ano passado, é preciso dar continuidade às ações contra o Aedes aegypti. Por conta disso, todas as ações já tomadas para prevenir a proliferação do mosquito no município continuarão sendo executadas.

“O ano de 2016 foi um dos mais complicados com relação ao número de casos de dengue em Minas Gerais. Só em Juiz de Fora tivemos cerca de 35 mil casos. Não temos esse problema neste ano, mas isso não significa que não possamos voltar a ter no futuro, e daí o motivo pelo qual a nossa preocupação tem que ser constante em relação ao combate ao Aedes.”

O prefeito voltou a pedir o apoio da população no combate ao mosquito. “É necessário dar continuidade a esse trabalho, com o apoio da população. Sabemos que mais de 80% dos focos estão nas áreas privadas, e a população deve atuar eliminando esses focos.”

Município pode sediar fábrica de mosquitos

Conforme o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Sedettur), João Matos, o projeto terá uma sede no Centro. No entanto, com a assinatura do protocolo de intenções, que oficializa o interesse mútuo da empresa e do Município em estabelecer uma nova parceria para instalação de uma fábrica em Juiz de Fora, a expectativa é que a sede seja expandida e que sejam gerados novos empregos.

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“A implantação de uma fábrica em nosso município poderá fortalecer os segmentos econômicos ligados à geração de tecnologia e inovação, contribuindo para a arrecadação e fortalecimento do PIB (Produto Interno Bruto), auxiliando no processo de atração de novos empregos e geradores de renda para a cidade.”

João Matos também destacou, durante a apresentação do projeto, que Juiz de Fora tem potencial para se desenvolver no âmbito tecnológico e oferecer benefícios para o segmento. “Esse processo começou há 12 meses, quando visitei a fábrica da Oxitec em Piracicaba (SP). Logo, vislumbramos a possibilidade de sediar uma unidade produtiva da empresa, certos de que poderemos oferecer todas as condições necessárias para que desenvolva-se um trabalho de excelência, de maneira competitiva e alinhada às demandas do mercado, oferecendo localização privilegiada, acesso facilitado a fornecedoras, infraestrutura e mão de obra de qualidade.”

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