Investigação em escola contêiner


Por Guilherme Arêas

11/02/2015 às 07h00- Atualizada 11/02/2015 às 08h58

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Os vidros estão quebrados, há ferrugens e buracos e a fiação elétrica fica exposta (Foto: Felipe Couri/14-07-14)

O Ministério Público (MP) instaurou procedimento investigatório para apurar a situação da Escola Estadual Ana Salles, localizada no Bairro Benfica, Zona Norte da cidade. Nesta terça-feira (10), fiscais do MP realizaram uma perícia na instituição, feita de latão e compensado de madeira, formando uma espécie de contêiner. Desde 2009, a diretora da instituição, Luciane de Oliveira Knopp, busca a construção de uma nova sede, sem êxito. “Na última vez que entrei em contato com a Superintendência Regional de Ensino, eles me pediram para aguardar a mudança de Governo e entrar com solicitação de planilha de reforma. Mas aqui não é reforma, é construção.” Na escola estudam cerca de 150 alunos, de 6 a 11 anos de idade.

A Associação de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (ADDHC) fez uma representação na Promotoria de Defesa do Consumidor, que abriu o procedimento investigatório. Segundo o presidente da associação, Geraldo Henrique Alves, o colégio foi fundado em 1963 e, desde então, continua nas mesmas condições. “As salas são contêineres, estão cheias de ferrugens e buracos, e a temperatura chega a 55 graus. Não tem ventilação, e é tudo improvisado. A fiação elétrica está exposta. A quadra, quando chove, inunda e não tem condição de uso. O parquinho está interditado, pois não tem segurança. Os brinquedos estão todos enferrujados. Mesas e cadeiras sem condições de uso. Na biblioteca, fica tudo empilhado no chão, pois não tem armário.” Quando a Tribuna mostrou a situação da escola, em julho do ano passado, as aulas eram ministradas em tempo integral. Segundo o presidente, devido ao calor, as atividades estão acontecendo apenas na parte da manhã.

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Conforme o promotor de Defesa do Consumidor, Plínio Lacerda, após a representação da associação, a promotoria realizou uma inspeção na unidade nesta terça e, caso a denúncia seja confirmada, o órgão entrará com procedimentos administrativos.

Escola Ana Salles é feita de latão com compensados de madeira. As salas chegam a temperatura de 55 graus (Foto: Felipe Couri/14-07-14)

Em julho do ano passado, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) havia informado que existia um projeto de construção de um novo prédio para a Ana Salles. No entanto, não havia um terreno para a obra. Nesta terça, a SEE afirmou que já há um terreno e que trabalha com a perspectiva de construção de uma nova sede. A SEE ainda acrescentou que “garantir qualidade na infraestrutura das escolas estaduais é uma das prioridades da atual gestão. Todas as demandas por intervenções existentes na secretaria e nas superintendências estão sendo avaliadas. Dessa forma, será possível determinar as necessidades mais prementes das escolas e tomar as medidas cabíveis para garantir um sistema educacional que forneça conforto e qualidade aos estudantes”.

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