Exame de DNA comprova abuso sexual em criança espancada até a morte

Caso da pequena Lady Dayane completa um ano nesta sexta-feira (12)


Por Vívia Lima

11/01/2018 às 20h32- Atualizada 12/01/2018 às 07h31

Na véspera de completar um ano da morte da menina Lady Dayane da Silva Otaviano, de 1 ano e 10 meses, o delegado Rodrigo Rolli teve acesso ao laudo que comprova que ela foi estuprada pelo guardião, um homem de 25 anos. A informação foi divulgada na tarde desta quinta-feira (11), exatamente 364 dias depois de a criança ter sido violentada e, há dois anos e sete meses do assassinato da sua irmã, Luana Silva da Rocha, 2, também vítima de uma tragédia familiar. O material genético foi colhido em Juiz de Fora e encaminhado para análise em Belo Horizonte.

“O exame de comparação de DNA detectou que havia sêmen do homem na região anal da menina. Ele vai responder por crimes distintos. Além de homicídio, responderá também por estupro”, afirma Rolli, acrescentando que o laudo será anexado aos autos do processo criminal do acusado, para que o Judiciário adote as medidas necessárias. “O documento é a prova material e comprova a efetividade deste crime, mostrando algo estarrecedor e um crime bárbaro cometido contra uma criança que foi estuprada e depois assassinada.”

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Lady Dayane morreu devido à hemorragia aguda grave causada por politraumatismo, possivelmente em decorrência de espancamento. Ela teve o fígado dilacerado e o pulmão esquerdo perfurado por uma costela quebrada, como apontou a necropsia. O intestino também foi estourado por conta do abuso sexual. A menina estava sob a guarda do suspeito e da companheira dele, 29, que é prima da mãe biológica da garota, desde dezembro de 2015, após a irmã ter sido espancada até a morte pelo padrasto. Juntos, eles têm um filho de 5 anos.

O suspeito está preso no Ceresp aguardando o julgamento do caso desde 13 de janeiro de 2017. Ele foi capturado no IML, enquanto aguardava a liberação do corpo da criança, após um investigador suspeitar que a morte dela teria sido causada por violência física. Lady Dayane apresentava múltiplas fraturas. Ela deu entrada na UPA de Santa Luzia com a perna engessada, escoriações pelo corpo e hematomas no rosto. A médica que atendeu a menina afirmou que a vítima já havia chegado na unidade sem os sinais vitais. Devido às graves lesões, a PM foi acionada por funcionários da unidade.

Aos militares, o homem contou que as lesões teriam sido ocasionadas por uma queda ocorrida dez dias antes, quando ela teria sido atendida no HPS. As lesões, no entanto, eram incompatíveis com a queda. Já no dia da morte, ele contou que estava alimentando Lady Dayane, mas a menina iniciou uma crise asmática e foi levada para a UPA. Após ser preso, o homem foi ouvido pelo delegado Rodrigo Rolli e confessou o crime com frieza. Em seu depoimento, contou que “apenas deu tapas fortes na região da barriga”. À imprensa, ele disse que “perdeu a cabeça” e teve um surto.

Questionado sobre o abuso, falou, na época: “Se a perícia comprovou, está comprovado.” O inquérito do caso foi concluído 11 dias depois do assassinato. O homem acabou indiciado por homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima, estupro de vulnerável (quando a vítima tem menos de 14 anos) e maus-tratos. As investigações não apontaram histórico de envolvimento da guardiã. No dia do crime, ela ficou fora de casa das 11h às 21h, período em que tudo teria acontecido.

Irmã espancada até a morte

Luana Silva da Rocha, 2, irmã de Lady Dayane morreu depois de ser espancada até a morte, no dia 6 de maio de 2015, no Granjas Bethânia. Na época, ele e a mãe foram presos em flagrante durante o velório da menina. Na ocasião, Lady Dayane tinha apenas 2 meses. Leonardo José Timothio Otaviano foi condenado a 20 anos de reclusão pelo homicídio da enteada, por motivo fútil, com emprego de tortura ou outro meio insidioso ou cruel e mediante recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima. O homem permaneceu preso durante todo o processo e teve negado o direito de recorrer em liberdade. A mulher acabou sendo absolvida dois meses depois em julgamento no Tribunal do Júri. Os responsáveis tentaram alegar que ela teria caído da cama, mas no IML foi comprovado que a criança morreu em decorrência d e agressão. Lady Dayane era filha biológica de Leonardo José.

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