UFV abre sindicância para apurar pichações homofóbicas dentro da instituição
A Universidade Federal de Viçosa (UFV) abriu sindicância para apurar pichações de conteúdo homofóbico feitas dentro de banheiros do Centro de Vivência da instituição. Os casos começaram há cerca de um mês com frases de cunho religioso. Algumas delas prometem bênçãos divinas para assassinos de homossexuais. Pelo menos cinco pichações teriam sido registradas.
Em função disso, a pró-reitora de Assuntos Comunitários (PCD), Sylvia Franceschini, anunciou a adoção de uma série de medidas para combater a ação. Em entrevista à Rádio CBN na manhã desta quara-feira (10), ela afirmou que a universidade trabalha para monitorar e descobrir a autoria das pichações. “Acreditamos que a ação partiu de um grupo minoritário, mas não podemos deixar crescer. A princípio trabalhamos internamente com o ocorrido. A partir do momento em que o autor, ou os autores, forem identificados, a pró-reitoria encaminhará seu pedido de desligamento da universidade”.
Ainda conforme Sylvia, estão sendo desenvolvidas campanhas contra as práticas preconceituosas e discriminatórias de toda natureza dentro dos três campi da universidade: Viçosa, Florestal e Rio Parnaíba. “Não podemos permitir isso dentro do ambiente universitário, lugar de discussão, cuja palavra de ordem é o respeito às pessoas. Isso nunca foi prática dentro da UFV”.
As ações também estão sendo discutidas com membros de movimentos estudantis e sociais da federal da cidade. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) condenou as pichações. ‘Somos veemente contra as ações, que aconteceram bem ao lado da nossa sede política. Trata-se de uma conduta inadmissível dentro do ambiente acadêmico”, comentou o membro do colegiado Marcos Tadeu Pereira Paiva.
Ele ainda informou que o Conselho Universitário (Consu) deliberou que estudantes e professores ofereçam cursos de conscientização e reciclagem dentro da instituição. O assunto também foi encaminhado para o Fórum de Combate as Opressões, grupo formado por estudantes da UFV, que organizou uma assembleia estudantil com os docentes. Já o Conselho Universitário estaria responsável por trabalhar o assunto com funcionários e professores.
A Tribuna entrou em contato com a Polícia Civil de Viçosa para apurar a existência de possíveis pichações em banheiros públicos também fora do campus. No entanto, de acordo com o delegado José Donizete, nenhum registro foi feito. O membro do DCE diz que casos homofóbicos têm se tornado recorrentes na região, mas que dificilmente são denunciados juntos aos órgãos competentes.