Suspensão de atendimento de urgência no Hospital João Penido completa 6 anos
Em meio à pandemia do novo coronavírus, moradores da Região Nordeste voltam a solicitar a retomada do serviço
Preocupados com a pandemia do novo coronavírus e com o aumento do número de casos confirmados da doença em Juiz de Fora, que chegou a 67 nesta quinta-feira (9), conforme informações da Prefeitura, os moradores da Região Nordeste da cidade pedem, novamente, a reabertura do atendimento da porta de urgência e emergência do Hospital Regional João Penido (HRJP), localizado no Bairro Grama. Nesta sexta-feira (10), a suspensão do serviço completa seis anos.
Lideranças comunitárias estão se mobilizando na tentativa de sensibilizar o Governo de Minas Gerais sobre a necessidade da reabertura do atendimento. A gestão da unidade compete à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). “Fizemos manifestações e marcamos audiências públicas. Os vereadores chegaram a criar uma comissão sobre o assunto. Em setembro do ano passado, estivemos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte, mas não tivemos retorno do governador Romeu Zema e do secretário de saúde, Carlos Eduardo, que inclusive foi médico do Hospital João Penido”, afirma Laurindo Rodrigues, membro da comissão de moradores que lutam em prol da causa.
Sem o serviço, muitas vezes, os moradores precisam se deslocar cerca de 20 quilômetros em busca de atendimento. “A Unidade Básica de Saúde (UBS) do Grama absorveu parte da demanda, e inclusive está sobrecarregada. Mas o atendimento é apenas de segunda a sexta, até 17h. No período da noite, nos finais de semana e feriados, estamos descobertos.”
Laurindo destaca que não só os moradores da Região Nordeste, estimados em cerca de 60 mil, são atingidos pela situação. “Há muitos relatos de pessoas que são de municípios vizinhos, como Piau e Coronel Pacheco, que tiveram suas vidas salvas graças ao atendimento de urgência e emergência do hospital”, relata. “O serviço era muito bom. Tínhamos pediatras 24 horas. Além das consultas, no mesmo local era possível fazer exames e internação.”
Reunião
Representantes da comissão dos moradores chegaram a se reunir com o prefeito Antônio Almas (PSDB), no início deste ano, solicitando o apoio da Prefeitura junto ao Estado. “Mas depois veio a pandemia do coronavírus e tudo ficou mais complicado. Até mesmo a manifestação da nossa comissão ficou mais difícil, estamos nos mobilizando pelas redes sociais. Estamos temerosos com a incidência da Covid-19 e a ausência do serviço de porta de urgência e emergência do hospital.”
Estado alega falta de estrutura para retomada do serviço
Procuradas pela Tribuna, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e a Fhemig enviaram nota conjunta explicando os motivos que impedem a retomada do serviço. “A abertura de porta generalista 24h demandaria uma estrutura de equipamentos, materiais e recursos humanos não disponíveis no momento. Além disso, a proposta de repasse de recursos feita pela Prefeitura de Juiz de Fora foi considerada inviável pelo corpo técnico do hospital, diante dos serviços que serão demandados.”
O texto destaca que o hospital “está em pleno funcionamento dos serviços que hoje são contratualizados com o Município, incluindo internações, cirurgias, ambulatório, centro de reabilitação, maternidade, laboratório, exames de imagem, entre outros.”
Por fim, o Estado alega que cabe à Prefeitura a gestão da rede de atenção básica. “Ressaltamos que o Município de Juiz de Fora tem a gestão plena do Serviço Único de Saúde (SUS). Portanto, compete ao gestor municipal buscar meios para a organização da rede de atenção básica e efetivação dos serviços de pleno atendimento às urgências e emergências.”
À Tribuna, a PJF informou, por meio da Secretaria de Saúde, que “acompanha periodicamente a situação. Entretanto, não há no momento nenhuma novidade em relação a esse assunto. A pasta esclarece ainda que o responsável por esta questão é a Rede de Urgência e Emergência (RUE) do Governo do Estado de Minas Gerais.”
Diálogo
O vereador Marlon Siqueira (PMDB), integrante da comissão da Câmara Municipal sobre o assunto, acredita que é preciso maior diálogo entre representantes do hospital, do Município e do Estado para resolver a questão. “Completamos seis anos do fechamento da urgência e emergência, e o que reparamos é que a população da Zona Nordeste continua sem uma alternativa a esse serviço. Defendo que existe pelo SUS a possibilidade de criação de um modelo de UPA no local, que atenderia não só a Juiz de Fora, mas toda a região. Basta a Prefeitura e o Governo do Estado se acertarem.”
Como alternativa, o vereador solicitou ao Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Sudeste (Cisdeste) a instalação de um posto com ambulância no local para o atendimento mais rápido dos moradores da região. “Na ocasião, até buscamos apoio do HRJP neste sentido, mas foi o Hospital Ana Nery, que fica próximo ao local, quem nos atendeu e recebeu a instalação do posto avançado do Samu.”