Motoristas e cobradores relatam ameaças de passageiros em JF

Desentendimentos teriam ocorrido por recusa de embarques para evitar que as pessoas viajem em pé. Obrigatoriedade da máscara também é motivo de conflito


Por Gracielle Nocelli

10/03/2021 às 22h02- Atualizada 11/03/2021 às 10h23

Em caso de irregularidade, usuários devem acionar órgãos de fiscalização, pois profissionais foram orientados a não entrar em conflito com passageiros (Foto: Marcelo Ribeiro)

Motoristas e cobradores relatam ter sofrido ameaças de usuários do transporte público coletivo que descumprem as regras estabelecidas pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) para tentar reduzir o contágio da Covid-19 na cidade. Desde a última segunda-feira (8), os ônibus estão proibidos de circularem com passageiros em pé, conforme estabelecido pelo decreto municipal nº 14.380. A obrigatoriedade do uso de máscaras dentro dos veículos, determinada em 2020, também segue como outro motivo de conflito.

De acordo com os trabalhadores, a orientação é para que, quando os ônibus atinjam a ocupação máxima nos assentos, não sejam realizados novos embarques. A recusa de passageiros teria ocasionado desentendimentos e ameaças aos profissionais nos últimos dias.

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Em entrevista concedida à Radio CBN Juiz de Fora nesta quarta-feira (10), o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Coletivo Urbano (Sinttro-JF), Vagner Evangelista, afirmou se preocupar com a segurança da categoria e orientou que os profissionais evitem os desentendimentos. “A responsabilidade não é só nossa, deve ser dividida com a prefeitura e com os consorciados. A nossa orientação é para não entrar em conflito com passageiros. Não vamos sofrer agressão por isso.”

Ele também manifestou a preocupação de que os trabalhadores sejam onerados em caso do descumprimento das regras por parte dos passageiros. “A prefeitura colocou os agentes na rua multando as empresas (que tiverem ônibus circulando com passageiros em pé), mas não vamos admitir que elas repassem a cobrança aos trabalhadores.”

Vagner defendeu, ainda, que se a capacidade dos assentos no ônibus é menor do que a demanda de passageiros, é necessária a circulação de mais veículos nas ruas.

PJF e Astransp orientam denúncia

A orientação da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e da Associação Profissional das Empresas de Transportes de Passageiros de Juiz de Fora (Astransp) também é para que motoristas e cobradores não entrem em conflito com os passageiros que insistirem no descumprimento das regras e acionem os órgãos de fiscalização, como a Guarda Municipal (153) e a Central dos Agentes de Transporte e Trânsito (3690-7400).

A assessoria da Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU) da PJF informou que os agentes de transporte e trânsito estão nas ruas do Centro e bairros fiscalizando o transporte público coletivo. ”Os ônibus flagrados com passageiros além da lotação podem ser autuados. A orientação para os motoristas é não parar nos pontos caso o veículo já esteja com o número máximo de passageiros sentados.” Entre segunda-feira (8) e a manhã de quarta (10), 618 ônibus foram fiscalizados. O trabalho segue sendo realizado à tarde e à noite.

Com relação ao uso de máscaras, a orientação é a mesma. “Há informativos, desde o ano passado, em todos os coletivos informando a obrigatoriedade, inclusive reforçando que é para a segurança dos passageiros, mas o descumprimento é recorrente”, afirmou a assessoria da Astransp. “Nas empresas ninguém tem o poder de fiscalização.”

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Em operação

Sobre o quantitativo dos ônibus em circulação na cidade, a SMU assegurou que o Consórcio Manchester está operando com a totalidade de sua frota. Com relação ao Consórcio Via JF, afirmou que “tomou ciência dos problemas que impossibilitam a operação imediata de 100% dos ônibus e realizou, em conjunto com as empresas, um ajuste emergencial para as linhas mais demandadas, principalmente durante o horário de maior fluxo, para que nenhum passageiro fique em pé.”

Tópicos: lockdown

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