Casos de dengue sobem em Minas, mas cenário em JF é estável

Em cerca de uma semana, estado teve crescimento de 66% na doença causada pelo Aedes aegypti; município tem três registros da arbovirose


Por Gabriel Silva

10/02/2022 às 07h53

Prefeitura afirma que continua realizando trabalho preventivo, como verificação do índice de infestação (Foto: Gil Velloso/PJF)

Minas Gerais vive uma intensificação nos registros de casos de dengue nas últimas semanas, de acordo com o boletim epidemiológico estadual. Entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, o Estado viu aumentar em mais de 60% o número de confirmações da doença em cerca de oito dias. Em Juiz de Fora, entretanto, ainda não é possível verificar tendência de aumento nas confirmações, mas o Executivo municipal afirma executar ações preventivas para que sejam evitados surtos da arbovirose em território juiz-forano.

A tendência de aumento nos casos de dengue em Minas Gerais é flagrada pelo monitoramento estadual, atualizado, pela última vez, em boletim publicado na última quinta-feira (2). Em pouco mais de uma semana, o informativo confirmou 230 novos casos da arbovirose no estado, crescimento de 66% no total de confirmações. No informativo anterior, publicado no último dia 25, Minas tinha 347 casos confirmados em 2022, número que saltou para 577 no boletim mais recente.

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O aumento no número de casos suspeitos também chama a atenção. No informativo do dia 25, eram 1.885 suspeitas de dengue no estado. Oito dias depois, os casos prováveis chegaram a 2.940 em Minas, ou seja, 1.055 notificações a mais, com 55,9% de crescimento. A intensificação surge após período de intensas chuvas que atingiram o estado e causaram estragos em diferentes regiões mineiras.

Apesar de o estado passar por um momento de alerta devido ao aumento de casos, Juiz de Fora ainda não reflete a realidade mineira. Na cidade, de acordo com números que constam no informativo estadual e que foram ratificados pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), foram confirmados apenas três casos da arbovirose neste ano, número que se manteve estável até esta quarta-feira (9). O documento, entretanto, não informa o quantitativo de casos suspeitos por município.

A Secretaria de Saúde da PJF se pronunciou por meio de nota, em que informou que finalizou, na última semana, o Levantamento Rápido de Índices para Aedes Aegypti (LIRAa). O trabalho, que deve ter o resultado divulgado nesta semana, de acordo com a Prefeitura, vai auxiliar a pasta municipal no direcionamento do “trabalho de controle vetorial para as áreas de risco (…). Além disso, estão previstas a execução do plano de contingência das arboviroses conforme a incidência da doença principalmente no que se refere às ações de mobilização social”.

Zika e chikungunya
Além dos casos de dengue, Juiz de Fora confirmou dois casos de chikungunya neste ano. Em todo o estado, foram confirmadas 13 pessoas com a doença viral, e outros 175 possíveis casos são analisados pela Secretaria de Estado de Saúde. Já o zika vírus ainda não acometeu nenhuma pessoa em Minas em 2022, de acordo com a pasta estadual, mas sete casos estão sob investigação.

Levantamento identifica picos de dengue na última década

Um levantamento do JF em Dados sobre dengue entre 2008 e 2019 em Juiz de Fora apontou os picos da doença no município durante o período. Os números foram coletados através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do DataSUS, e requeridos pela equipe do JF em Dados através de requerimento via Lei de Acesso à Informação (LAI). Inicialmente, o grupo coletou informações a nível nacional, extraindo posteriormente apenas os números juiz-foranos.

Segundo a análise, 2016 foi o ano em que aconteceu a maior proliferação dos casos de dengue em Juiz de Fora, somando 34.958 confirmações da doença no município durante os 12 meses. Em 2010, ocorreu o segundo maior somatório de casos do período observado, chegando a 8.908 pessoas contaminadas. Por fim, 2019 foi o terceiro ano com mais casos, com 7.592.

“(Pelos dados) a gente consegue perceber que a dengue é uma doença sazonal. (…) Por mais que tenhamos casos de dengue ao longo de todo o ano, nós sabemos muito bem quando teremos picos da doença, que é do verão até o final do outono”, pontua João Pedro Medeiros, estudante membro da Liga Acadêmica de Microbiologia (Lamic) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que realizou as análises pelo JF em Dados.

O JF em Dados ainda destaca que os dados apontam para aumento dos casos de dengue sempre após o período chuvoso, mas nunca concomitantemente, o que seria explicado pelo tempo entre a colocação dos ovos do mosquito vetor, a eclosão e o contato do hospedeiro com o vírus que inicia a doença. A análise do grupo ainda demonstrou que há equilíbrio no aspecto populacional, ou seja, o mosquito não tem distinção de gênero e idade, de forma a atingir determinadas faixas etárias de modo bem parecido à distribuição das mesmas na pirâmide etária de Juiz de Fora.

 

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