Furto é o crime mais praticado contra idoso


Por Tribuna

10/02/2015 às 07h00- Atualizada 10/02/2015 às 09h23

Vereadores, representantes da Polícia Civil e o deputado Isauro Calais participaram da entrevista para divulgação do relatório

Vereadores, representantes da Polícia Civil e o deputado Isauro Calais participaram da entrevista para divulgação do relatório

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O relatório “Vitimologia de idosos em Juiz de Fora”, feito pela Polícia Civil e divulgado ontem na Câmara Municipal pela Comissão do Idoso, aponta que o crime de furto foi o mais praticado contra as pessoas da terceira idade nos primeiros semestres dos últimos quatro anos. Foram 2.113 casos, ou seja, 38,7% do total de crimes contra idosos no município. Em seguida, aparecem a ameaça, com 1.112 notificações; estelionato (549), dano (330), lesão corporal (312), agressão (296) e roubo (161). No que diz respeito à região onde esses crimes acontecem com maior incidência, o relatório mostra que 10,9% das vítimas são moradoras do Centro, com concentração de 594 casos. Em segundo lugar, aparece o Bairro São Mateus, na Zona Sul, com 201 ocorrências, ou seja, 3,7% do total. Em seguida estão Santa Luzia (150), Manoel Honório (105) e Alto dos Passos (98). As demais ocorrências são pulverizadas por outros bairros da cidade. Os crimes, conforme o documento, são motivados por causas como dificuldade financeira ou cobiça (1.650), atrito familiar (767) e vantagem econômica (594).

O levantamento apontou ainda que 65,5% têm entre 60 e 69 anos e que os homens são mais vitimizados que as mulheres, com 3% a mais de casos. Um dado que chama a atenção é que, em 21,9% dos registros, as vítimas tinham relação de vizinho, amigo, conhecido, pais ou responsável legal com os autores, o que indica que grande parte dos crimes é cometida por pessoas do círculo de amizade ou parente do idoso.

Na reunião de ontem, foi divulgada a informação de que Juiz de Fora pode ganhar um Núcleo de Proteção ao Idoso da Polícia Civil ainda neste primeiro semestre. Além da vereadora Ana Rossignoli (PDT), presidente da Comissão, e dos demais parlamentares que compõem o grupo, participaram o deputado estadual Isauro Calais (PMN), que já presidiu a comissão, o delegado chefe do 4º Departamento de Polícia Civil, José Walter da Mota Matos, a delegada regional, Sheila Oliveira, e o delegado adjunto do 4º Departamento, Marcos Vinícius de Paiva.

Números preocupantes

De acordo com o delegado Marcos Vinícius, os números são preocupantes, uma vez que o principal agressor é um parente da vítima, o que reforça a necessidade de criação de um núcleo especializado para atender essa parcela da população. “Embora tenhamos constatado que não houve um crescimento significativo no volume de ocorrências, podemos dizer que elas estão se tornando mais graves”, ressaltou o delegado.

O núcleo vai contar com um atendimento multidisciplinar para vítimas idosas. O delegado apontou que a efetivação do núcleo depende agora da análise de local para sua instalação e de pessoal.

Núcleo de Proteção é demanda da sociedade

O delegado chefe do 4º Departamento de Polícia Civil, José Walter da Mota Matos, afirmou que a criação do Núcleo de Proteção aos Idosos é uma reivindicação antiga da sociedade juiz-forana. “Existem demandas sociais, e a Polícia Civil precisa atendê-las. Esse estudo é fundamental para apontar a necessidade de criação desse núcleo e, aproveito, para dizer que a cidade também tem a carência de um núcleo específico para atendimento aos adolescentes e que temos trabalhado para isso.”

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A delegada Regional, Sheila Oliveira, advertiu que a criação do espaço é primordial. “Já tentamos criá-lo no passado, mas esbarramos na burocracia, uma vez que a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) não autoriza a criação de mais uma delegacia especializada. Esperamos que essa posição seja revista no novo Governo. Mas, até lá, a instalação do núcleo para desenvolver um trabalho de atendimento ao idoso de forma especializada é muito positiva”, destacou Sheila, acrescentando que poderão ser realizadas parcerias com instituições de ensino superior a fim de contar com o apoio de estagiários de cursos de psicologia e de serviço social.

“Além da parte criminal, é preciso que as vítimas tenham acompanhamento psicológico e social para seu pronto restabelecimento”, garantiu Sheila. O delegado Marcos Vinícius também ressaltou que o agressor precisa ser atendido, dentro dessa perspectiva multidisciplinar, para que os laços familiares possam ser restabelecidos.

Importância das denúncias

O deputado estadual Isauro Calais (PMN) destacou que a unidade especializada pode contribuir para a inibição dos crimes contra o idoso, porque vai incentivar as denúncias. “As pessoas precisam perder o medo de denunciar, pois como se trata de um crime que acontece no âmbito familiar, envolvendo, muitas vezes, um neto, um sobrinho, esses casos ficam na sombra. Com a delegacia, oferecendo um atendimento especializado, o constrangimento tende a acabar.” Ele também ponderou que a necessidade do núcleo é imediata, já que Juiz de Fora tem 14% da sua população com mais de 60 anos de idade. “Em três décadas, essa população vai crescer, o que faz com que essas medidas sejam empregadas de forma urgente.”

Fronteiras

O deputado também anunciou que solicitou à Assembleia Legislativa a realização, na cidade, de uma audiência pública, com o propósito de discutir a política de segurança pública nas fronteiras do município, objetivando encontrar estratégias para diminuir a crescente criminalidade na Zona da Mata, tendo em vista o crescente número de furtos, roubos e homicídios na região. “É preciso evitar a entrada de drogas na cidade e coibir a fuga de bandidos de outros estados para cá e, para aumentar a nossa segurança, precisamos de apoio do Governo estadual e da Assembleia Legislativa”, afirmou Isauro.

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