Pais e alunos sofrem com greve de um mês
A greve dos professores da rede municipal de ensino, que completa 27 dias hoje, reflete na rotina de pais e alunos. Isso ocorre, principalmente, naquelas unidades de ensino que estão em funcionamento parcial, como é o caso da Escola Municipal Professor Oswaldo Veloso, no Santa Luzia, Zona Sul. No local, há casos de estudantes que vão para a aula às 13h, indo embora por volta das 15h30, enquanto outros chegam neste horário e saem às 17h. Há ainda dias da semana nos quais alunos não têm nenhum professor trabalhando. O cronograma de cada escola tem sido alterado diariamente, impedindo os responsáveis de se programarem. Além das perdas pedagógicas para os estudantes, muitos pais têm enfrentado dificuldades em conciliar a rotina alterada com as atividades profissionais exercidas.
O filho da atendente Vanessa Cristina, 23 anos, tem aulas normais somente entre segunda e quarta-feira. Na quinta e na sexta-feira, ela precisa deixá-lo com uma cuidadora, desembolsando R$ 100 ao mês. “Por enquanto, a programação é essa, mas isso muda a cada dia, aí preciso ir adequando.” A dona de casa Tânia Maria de Oliveira, 43, precisa do diálogo para tentar explicar a situação aos filhos. O casal de gêmeos, de 6 anos, estuda na mesma escola, mas em turmas diferentes. Enquanto o menino tem aulas de segunda a sexta-feira, a menina fica em casa, pois a professora aderiu à greve. “Tem dias que ele não quer ir, e ela chora porque sente falta da escola. Pior se tiver reposição aos sábados, quando ela deverá ir para a escola, e ele não. Apesar de não trabalhar, isso altera toda a minha rotina.”
Tânia também informou que alguns pais estão com dificuldades ainda maiores por conta dos horários. “Minha amiga tem dois filhos matriculados. Um estuda de 13h até 15h30, e outro vai até as 17h. Hoje mesmo (ontem) ela tirou o que sairia mais tarde no horário do primeiro. Vanessa disse que alguns pais, sem opção, preferem deixar os filhos em casa, como é a situação de uma conhecida, em que a criança entraria no início da tarde, mas sairia por volta das 15h30.”
De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Educação, 75% do magistério aderiram à greve, resultando em paralisação parcial na maioria das 102 escolas da rede, que atendem, ao todo, aproximadamente 44 mil alunos. Já o Sindicato dos Professores (Sinpro) contabiliza a adesão de 82% da categoria, e o patamar estaria aumentando após as últimas propostas da Prefeitura. Um novo levantamento deverá ser feito amanhã.
Greve deve permanecer até a próxima semana
A greve dos professores permanece por tempo indeterminado. O impasse entre a categoria e o Executivo não deve ser desfeito até a manhã da próxima terça-feira, quando ocorre uma nova rodada de negociações entre as partes. As conversas de ontem à tarde não apresentaram avanços significativos. De acordo com a secretária de Administração e Recursos Humanos, Andréia Goreske, a Prefeitura foi comunicada oficialmente sobre a decisão da assembleia dos docentes da última terça-feira.
Na ocasião, os professores rejeitaram a proposta feita no dia anterior pelo Município, sinalizando com a readequação imediata de cerca de 50 efetivos que passariam de regentes A (PR-A) para regentes B (PR-B); a adoção de licença remunerada para que os docentes que não possuem curso superior possam buscar a graduação; e a criação de uma nova carreira com 40 horas semanais e à realização de concurso público.
“Vale ressaltar que já fizemos cinco reuniões e apresentamos duas propostas oficiais que foram negadas pelos professores. Esperamos que o sindicato apresente uma proposta para que possamos avançar e chegar a um consenso”, afirmou Andréia. Coordenadora-geral do Sinpro, Aparecida de Oliveira Pinto reforçou que a categoria volta a discutir o movimento em assembleia agendada para amanhã, às 14h, no Ritz Hotel.