Conselho Regional de Psicologia aborda criminalização e militarização
Encontro neste sábado vai reunir psicólogos e integrantes de movimentos sociais na subsede do CRP, em Juiz de Fora
O Conselho Regional de Psicologia (CRP/MG), por meio de seu Grupo de Trabalho Relações Raciais (GTRR), vai debater a “Psicologia e o impacto da criminalização e da militarização: políticas sobre ‘drogas’ e racismos”, neste sábado (10), em Juiz de Fora. O evento acontece às 10h, na subsede regional do CRP (Av. Rio Branco 2001, salas 1507 e 1508 – Edifício Century XXI). O encontro é gratuito, e as vagas são sujeitas à lotação do espaço. O encontro está alinhado com o trabalho do grupo de trabalho, que vem fazendo intersecções entre território, classe, raça e gênero, por meio de uma abordagem descolonizadora da psicologia.
Participam do debate deste sábado a integrante do Coletivo Vozes da Rua e professora doutora honoris causa da UFJF, Adenilde Petrina; o conselheiro do CRP Fillipe de Mello Lopes; o doutor em psicologia e integrante da Escola de Vadiação e Dinâmica Racial Quilombo Òkòtó, Izaque Miguel; os comunicadores comunitários do canal de mídia colaborativo do complexo de favelas da Maré Josinaldo Medeiros e Naldinho Lourenço; e o psicólogo da Penitenciária Professor Ariosvaldo Campos Pires, em Juiz de Fora, Victor Ferreira Roque Rocha.
O GTRR vem refletindo sobre questões relacionadas ao tema desde agosto de 2007, quando foi realizado um debate sobre as relações raciais na formação da psicologia, em parceria com o Laboratório de Estudos da Subjetivdade e Cultura Afro-brasileira (Kitembo), da Universidade Federal Fluminense (UFF). Na ocasião, o coordenador do Kitembo, Abrahão Santos, trouxe o contexto periférico de Juiz de Fora com a fala da doutora Adenilde Petrina, em diálogo com moradores de favelas do Rio de Janeiro, como o historiador e militante do movimento de favelas do Rio Fransérgio Goulart.
Depois disso, os integrantes do grupo puderam visitar a favela da Maré, no Rio, em um debate sobre a militarização da vida e resistência nas favelas cariocas, em que a jornalista e comunicadora comunitária Gizele Martins foi homenageada por seu trabalho dentro desses contextos. O “Genocídio da juventude negra”, também discutido pelo grupo, contou com atores da realidade juiz-forana, fomentando possibilidades de ação em tal realidade, conforme detalhou a coordenadora do GTRR, Alline Pereira.
“O Rio de Janeiro está bem mais próximo de Juiz de Fora, por exemplo, do que de Belo Horizonte. O objetivo desse encontro é trazer à tona a discussão do que há tempos ocorre nas favelas e periferias brasileiras e tem se potencializado no Rio, não só, mas também a partir do dia 19 de fevereiro, quando houve a votação da intervenção federal, aliás, militar, na Câmara dos Deputados. Fazemos esse debate por meio de vozes que atuam e vivenciam tanto em Minas quanto no Rio, principalmente no que tange a visibilizarmos os impactos da criminalização e militarização através de sua relação com as políticas sobre ‘drogas’ e racismos, bem como pensarmos estratégias de enfrentamento, no âmbito da psicologia.”